CIDADANIA Defensoria Pública contrata detentos para assegurar reinserção social e reduzir reincidência de crimes Inicialmente, serão contratadas cinco mulheres em livramento condicional que irão integrar o setor de call center

Publicado em: 18/09/2017 18:06 Atualizado em:

Um convênio assinado pela Defensoria Pública de Pernambuco e pelo Instituto de Desenvolvimento e Reintegração Social (Ideres) pretende inserir presos no mercado de trabalho. Inicialmente serão contratadas cinco mulheres em livramento condicional que irão integrar o setor de call center da Defensoria. A expectativa é de que a contratação feita pelo órgão estimule empresas privadas a investirem em programas de reinserção social.

Uma das novas contratadas que começa a trabalhar no dia 1º de outubro é Juciara Lima, 34 anos. A pena por tráfico de drogas acaba em novembro de 2018 e antes da prisão ela trabalhava em um salão de beleza. Até o fim da liberdade condicional ela busca experiências para ter maiores chances de conseguir um emprego com carteira profissional assinada. 

“Fui indicada por uma amiga que também conseguiu uma vaga. Essa vai ser minha segunda experiência desde que fui presa e chegou em um momento de muita dificuldade. Cheguei a buscar em outras empresas, mas nunca tive um retorno. Precisamos dessa confiança para seguir em frente depois que terminar a condicional”, revelou.

Além do emprego na Defensoria, Juciara faz cursos de mecânica, pintura e bicos como manicure para ampliar as possibilidades de se recolocar no mercado. Segundo a psicóloga do Ideres, Alessandra Oliveira, a qualificação colabora com o processo de recrutamento das empresas. “Durante o processo de seleção traçamos um perfil desses candidatos e a maior procura é por aqueles que têm ensino médio, alguma experiência ou curso profissionalizante”,afirmou.

Em Pernambuco, são parceiras do programa nove empresas da construção civil, lavagem industrial, serviços gerais e vendas que contratam 163 reeducandos. Cerca de 20 ex-detentos já foram efetivados nessas empresas após o cumprimento da pena. Uma das empresas chegou a aumentar o número de vagas dando oportunidade a mais de 40 presos. A diminuição da reincidência é um dos objetivos, já que ter uma fonte de renda fixa diminui as chances de retorno ao mundo do crime.

“Isso servirá de exemplo para que órgãos, empresas e instituições acreditem na capacitação e no retorno que a inclusão social pode dar”, acredita o defensor público geral, Manoel Jerônimo de Melo Neto. Futuramente, o programa de inclusão da Defensoria deve atender também a pessoas em regime semiaberto e contratar um maior número de presos para trabalhar em outras funções. O instituto também pretende firmar parcerias com prefeituras. Cada seleção tem um processo de triagem que avalia as aptidões dos detentos.

“Ter a chancela da Defensoria representa a abertura de possibilidades, novas vagas em associações e empresas parceiras que contratam reeducandos. Significa ainda um retorno para a sociedade, já que reflete em questões de segurança pública”, comentou o diretor jurídico do Ideres, Gesner Lins.


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