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Olinda Torre da antiga TV Manchete será tombada Equipamento no bairro de Ouro Preto, em Olinda, foi desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 22/08/2017 07:44 Atualizado em: 22/08/2017 08:21

Antiga Torre de transmissão da extinta TV Manchete, em Olinda. Foto: Marlon Diego/Esp.DP
Antiga Torre de transmissão da extinta TV Manchete, em Olinda. Foto: Marlon Diego/Esp.DP

Uma criação do arquiteto Oscar Niemeyer localizada no bairro de Ouro Preto, em Olinda, está prestes a ganhar o título de patrimônio histórico de Pernambuco. Representando a época de ascensão da TV Manchete, a torre de transmissão, hoje utilizada pela RedeTV, já possui as garantias de conservação. Um pedido de tombamento foi acatado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) na tarde de ontem. A proposta partiu da representação estadual da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Construída em um terreno de oito mil metros quadrados durante a inauguração da TV Manchete, em junho 1983, a torre possui mais de 80 metros de altura e conta com uma estrutura de restaurante no topo. Há ainda um mirante para a cidade alta, onde só é possível chegar por uma escada de concreto, uma vez que o elevador está quebrado há dois meses.

O projeto original da empresa previa a criação de um centro cultural, com um prédio de dois andares e um teatro com capacidade para dois mil espectadores, além da torre de transmissão, única a sair do papel até o fechamento da emissora, em maio de 1999.
Na área interna da torre funciona uma sala com transmissores digitais e analógicos onde trabalha um único funcionário remanescente da extinta Manchete. O gerente técnico Romildo França, 67 anos, que hoje trabalha para a RedeTV, estava presente quando a primeira programação foi ao ar. “A direção regional funcionava toda aqui. Na época, tinha muita gente trabalhando e hoje somos apenas eu e os seguranças. Espero que o governo fique sensibilizado e dê um novo destino a esse lugar que guarda tantas histórias”, comentou.

Segundo Romildo, os equipamentos novos irão para uma sede localizada no Recife assim que o sinal analógico sair do ar, no próximo dia 26. Com o fim da transmissão, ele teme que as invasões continuem e a torre seja degradada. “Já fizemos alguns boletins de ocorrência porque as pessoas quebram o muro para roubar materiais que ainda restam como fios e cobre. Sobraram quatro carros utilizados pela equipe de reportagem e todos foram depenados e queimados aqui mesmo. Ainda estamos transmitindo o sinal analógico em cumprimento à norma da Anatel, mas este ano sairemos definitivamente daqui. Esse espaço tão importante precisa ser restaurado e ganhar uma utilidade para que a população conheça sua origem”, contou.

O presidente da representação estadual da Associação Brasileira de Imprensa, Múcio Aguiar, defende que a obra precisa ser reconhecida pelos pernambucanos. “Fizemos esse pedido para que seja dado o devido valor arquitetônico a essa obra ainda mais pelo que ela representa para a história da imprensa. Esse é um bem que precisa de proteção. É necessário abrir o debate e resgatar esse projeto tornando um equipamento de uso comum”, argumentou.

De acordo com a presidente da Fundarpe, Márcia Souto, a partir de agora uma equipe técnica passa a fazer levantamentos sobre a obra para posteriormente declarar o tombamento. “O processo vai ser instruído pelo Conselho Estadual de Cultura, que vai relatar dados relacionados a essa construção. Entendemos que a preservação é uma atribuição de todos, mas a lei prevê que a partir do momento que foi acatado o pedido, já passam a valer todas as garantias de um bem tombado”, revelou.


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