Lixão Protesto: catadores de Aguazinha prometem fechar o trânsito de Olinda às 18h O grupo pede o cadastramento das famílias que vivem na área e que dependem da coleta de resíduos para sobreviver. Lixão funcionou por três décadas

Por: Manuela Cavalcanti - Diario de Pernambuco

Publicado em: 09/08/2017 11:10 Atualizado em: 09/08/2017 12:29

No local, cerca de 400 toneladas de lixo são recolhidos por dia. Foto: Manuela Cavalcanti/Esp DP
No local, cerca de 400 toneladas de lixo são recolhidos por dia. Foto: Manuela Cavalcanti/Esp DP


Novo ato dos moradores e catadores é prometido para as 18h desta quarta-feira (9), na Avenida Senador Nilo Coelho, em frente ao Aterro Sanitário de Aguazinha, em Olinda. Eles protestam contra a decisão da prefeitura de encerrar as atividades do lixão, determinação prevista pela Agência Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH). Com a demora do cumprimento da medida, Olinda já chegou a ser multada em R$ 790 mil, entre 2015 e 2016. O lixão tem três décadas de atividades.

Na manhã desta quarta, pneus foram queimados na área externa do lixão, causando um tumulto no trânsito local. Cerca de uma hora após o fim do protesto ainda dava para ver objetos queimados jogados na calçada e vestígios de fumaça. De acordo com os catadores, nenhum resíduo do lixão foi afetado pelo fogo: "Ao redor do lixão, tem uma comunidade com muitas crianças, se o fogo tivesse pego no lixo dentro, poderia prejudicar elas, sem falar que danificaria nossa fonte de renda", comentou Alberto da Silva, que recicla o material há 20 anos. "Esse é o nosso sustento, só queremos trabalhar. Esperamos uma decisão da prefeitura", finaliza. 

A motivação do protesto partiu da queixa sobre o cadastramento das famílias que vivem na área e que dependem da coleta de resíduos para sobreviver. A exigência é de que haja uma outra alternativa de trabalho. "Está complicada a situação, eles tiraram nossas fonte de renda e não nos relocaram para trabalhar com nada, nem como gari", comentou outro catador que preferiu não ser identificado. Ainda no final dessa manhã, o protesto se encaminhou para a frente da Prefeitura de Olinda, no Carmo, exigindo decisões imediatas.

Esta não é a primeira vez em que o Aterro Sanitário de Aguazinha é fechado. A outra interrupção foi em 2011.  Foto: Manuela Cavalcanti/Esp DP
Esta não é a primeira vez em que o Aterro Sanitário de Aguazinha é fechado. A outra interrupção foi em 2011. Foto: Manuela Cavalcanti/Esp DP


Em resposta, a Prefeitura de Olinda divulgou que, com o fim das atividades no aterro, 70 pessoas foram cadastradas em um processo de capacitação e empreendedorismo ambiental. No entanto, no local trabalham cerca de 300 catadores. 

A prefeitura ainda comentou que todo o lixo será encaminhado para o aterro sanitário da Central de Tratamento de Resíduos, em Igarassu. Serão disponibilizados 20 caminhões e quatro carretas para fazerem a tranferência de todo o material. A operação tem previsão para durar três meses, a um custo de R$ 1,4 milhão dos cofres municipais. 

Esta não é a primeira vez em que o lixão tem uma interrupção de atividades. Os catadores informaram que em 2011, quando houve o fechamento, muitas famílias foram prejudicadas. "Na época, colocaram dois vigias na área. Eles permitiam nossa entrada se pagassemos alguma quantia para eles. Às vezes, era R$ 10, outras R$ 20, outras R$ 30. E ainda mais, quando não tinhamos dinheiro para dar, os guardas pediam que catássemos lixo para eles", comentou Alberto. No local, cerca de 400 toneladas de lixo são recolhidos por dia, gerando um retorno de R$ 30 a R$ 50 diariamente, a quantia variando de acordo com o tempo em que o catador passa no local recolhendo os objetos. 



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