Mobilização Manifestação da campanha 'Isso é Feminicídio' reúne poucas mulheres no Marco Zero, centro do Recife Segundo a organização da campanha, o movimento também denuncia os casos recentes de feminicídio no estado

Por: Laís Leon

Publicado em: 20/07/2017 17:24 Atualizado em: 20/07/2017 18:41

Mulheres protestam pedindo visibilidade aos casos de feminicídio em Pernambuco. Foto: Laís Leon/Esp.DP (Mulheres protestam pedindo visibilidade aos casos de feminicídio em Pernambuco. Foto: Laís Leon/Esp.DP)
Mulheres protestam pedindo visibilidade aos casos de feminicídio em Pernambuco. Foto: Laís Leon/Esp.DP

Na tarde chuvosa desta quinta-feira, mulheres vinculadas às organizações 'Rede Meu Recife' e 'Rede Minha Igarassu', juntamente com voluntárias da campanha 'Isso é Feminicídio', protestaram contra os altos índices de assassinato a mulheres em Pernambuco. O ato teve início às 16h da tarde e reuniu poucas pessoas. Segundo os envolvidos, a manifestação tem como principal objetivo pautar o tema e conseguir assinaturas para um documento que será encaminhado ao governador do estado, Paulo Câmara, pedindo a inclusão do termo 'feminicídio' nos Boletins de Ocorrência policiais.

Representante da Rede Minha Igarassu, Hanna é cientista social e explicou a motivação do movimento. "A principal coisa que queremos pautar aqui é acabar com essa romantização do crime. Nós queremos colocar esse nome em destaque na mídia. Feminicídio não é crime passional, não é um crime qualquer, é um crime causado pelo fato de a vítima ser mulher", afirmou. Hanna disse ainda que a campanha arrecadou quase 2 mil assinaturas e o objetivo é alcançar o número de 5 mil para encaminhar a proposta ao governador do estado Paulo Câmara.

Além de membros das redes Minha Igarassu e Meu Recife, a mobilização contou também com a participação de mulheres voluntárias que ajudaram na organização e execução do ato. Elza Medeiros, de 26 anos, aproveitou o seu conhecimento fotográfico para registrar e participar da manifestação. "É alarmante a situação que a gente vive em Pernambuco. Eu, como mulher negra e periférica, sei bem o que é enfrentar o feminicídio de perto. Esse movimento é uma forma de participar dessa campanha para levar informações para dentro da minha comunidade e informar sobre o crime", disse.

Sapatos vermelhos ilustraram o movimento simbolizando as vítimas de feminicídio. Foto: Laís Leon/Esp.DP (Sapatos vermelhos ilustraram o movimento simbolizando as vítimas de feminicídio. Foto: Laís Leon/Esp.DP)
Sapatos vermelhos ilustraram o movimento simbolizando as vítimas de feminicídio. Foto: Laís Leon/Esp.DP


Segundo a organização da campanha, o movimento também denuncia os casos recentes de feminicídio no estado. Com pares de sapato vermelho no chão, as manifestantes buscaram representar as mulheres mortas em decorrência do crime e, através da denúncia, evitar a ocorrência de novos casos. "É preciso incidir melhor o tema nas políticas públicas e fazer campanhas de prevenção para evitar que os crimes aconteçam", ressaltou Hanna.
 
Casos de feminicídio em Pernambuco 
 
O ato aconteceu um dia após o assassinato de mais uma mulher. A secretária Gisely Kelly Tavares dos Santos, de 37 anos, foi assassinada na madrugada desta quarta-feira no apartamento 404 do Edifício Praça do Rosarinho Prince, onde há pelo menos seis meses morava com o empresário Wilson Campos de Almeida Neto, que é o principal suspeito de cometer o crime.

Em fevereiro deste ano, a profissional de educação física Gabriela Conceição Santiago foi morta com dois tiros na nuca, no bairro do Janga, em Paulista. O principal suspeito é o ex-namorado dela, que não aceitava o fim do relacionamento. Em abril, o caso de Mirella Sena de Araújo causou comoção. Ela foi morta a facadas por um vizinho com quem não tinha qualquer relacionamento. O autor do crime foi preso. 



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