Manifestação
Protesto em Olinda pede combate à violência no trânsito e segurança de ciclistas
No cruzamento bem sinalizado com a Rua Tomáz Antônio Guimarães, os manifestantes fizeram ecoar gritos cobrando %u201CJustiça!%u201D para o ciclista Sebastião Tenório, morto aos 53 anos
Por: Osnaldo Moraes
Publicado em: 18/05/2017 23:13 Atualizado em:
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| Participantes do protesto utilizaram um equipamento de som portátil para cobrar ação do Governo de Pernambuco e da Prefeitura de Olinda. Foto: Roberto Ramos/DP |
Cerca de setenta pessoas, na maioria ciclistas, participaram, ontem à noite, de um protesto que paralisou o trânsito na Avenida Doutor José Augusto Moreira por cerca de 30 minutos, em Casa Caiada, Olinda. No cruzamento bem sinalizado com a Rua Tomáz Antônio Guimarães, os manifestantes fizeram ecoar gritos cobrando “Justiça!” para o ciclista Sebastião Tenório, morto aos 53 anos, aproximadamente às 19h30 do dia 11 de março. “Me disseram que há três meses a Delegacia de Rio Doce estava sem delegado, mas que o que assumiu vai começar a investigar”, afirmou a viúva, Maria das Graças dos Santos Queiroz, 54.
Participantes do protesto utilizaram um equipamento de som portátil para cobrar ação do Governo de Pernambuco e da Prefeitura de Olinda para garantir o combate à violência no trânsito e a segurança de ciclistas. Entretanto, enquanto se formava a concentração de integrantes de cinco grupos de ciclistas de Olinda, Paulista e do Recife, além de representantes da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) o perigo se mostrava a cada minuto no cruzamento.
Carros e até ônibus transitavam em grande velocidade, apesar de placas indicarem o limite de 60 km/h. Num intervalo de apenas três minutos motoristas de dois ônibus ignoraram o sinal amarelo e passaram pelo cruzamento em alta velocidade. O primeiro, às 20h33, de número 1851, da Rodotur, fazia a linha Conjunto Praia do Janga. O segundo, de número 230, da Rodoviária Caxangá, fazia a linha Rio Doce-Jardim Brasil.
Os participantes do protesto resolveram fechar a avenida nos dois sentidos, praticamente no mesmo local onde o corpo de Sebastião Tenório foi jogado ao ser colhido pelo Gol de placas PGR6103, dirigido por Wagner Francisco Mendes, 33, que foi liberado pelo delegado de plantão Severino Farias de Melo, após alegar que o ciclista teria cruzado a avenida sem prestar atenção.
“Não foi um acidente”, garantia, ontem à noite, o coordenador de comunicação da Ameciclo, Roderick Jordão, 37. “Ele agiu corretamente, desmontou da bicicleta, esperou o sinal fechar e utilizou a faixa de pedestre”, salientou. Ainda segundo ele, em menos de seis meses há registro de quatro morte de ciclistas, mas se sabe que esse número pode ser maior. “Nem todos conhecem a Ameciclo para comunicar mortes ou mesmo são de classe média para tornarem seus casos conhecidos”, argumentava.
Filha de Sebastião Tenório, Thais Queiroz, 29, destacou que o pai não era um ciclista de ocasião, utilizava a bicicleta como modal e sempre agia com muito cuidado. Ela e a mãe ficam indignadas quando lembram que os policiais deixaram o motorista ir embora sem ao menos fazer exame de alcoolemia, sem ouvir testemunhas que a própria família teve que buscar, com imagens de câmeras.
Após afixarem num dos postes do cruzamento uma “ghost bike” (bicicleta fantasma) que mãe e filha de Sebastião Tenório pintaram de branco, para que a morte dele não seja esquecida, os participantes oraram o Pai Nosso. Na convocação de um minuto de silêncio, muitos atenderam ao pedido de se deitar no chão da avenida. Thais Queiroz chorou ao contar que no dia em que o pai morreu, foi assim, deitada no chão ao lado dele, que a mãe esperou a perícia e a retirada do corpo. “Matar no trânsito é assassinato”, gritou.
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