Cerimônia No Recife, Mendonça Filho assina credenciamento da Fundaj como Escola de Governo e rebate críticas a sua gestão Com a autorização do ministro da Educação, Fundação Joaquim Nabuco irá oferecer cursos de pós-graduação

Por: Alef Pontes

Publicado em: 13/05/2017 16:31 Atualizado em:

"A gente não pode ficar paralisado diante das reações conservadoras", discursou o ministro rebatando críticas à Reforma do Ensino Médio. Foto: Rafael Carvalho/MEC
"A gente não pode ficar paralisado diante das reações conservadoras", discursou o ministro rebatando críticas à Reforma do Ensino Médio. Foto: Rafael Carvalho/MEC


Em cerimônia realizada no Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte, o ministro da Educação Mendonça Filho assinou, na manhã deste sábado (13), o termo de credenciamento da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) como Escola de Governo. Com a autorização, o instituto irá oferecer cursos de pós-graduação em diversos setores da educação, desenvolvimento econômico e pesquisa social.

A direção de formação da instituição fica a cargo do cientista político e mestre em políticas públicas Felipe Oriá, que defende o papel da escola como formadora de gestores. Para ele, falta no Brasil a liberdade de pensar o sistema de maneira ampla, a partir de experiências empíricas e práticas, que é justamente o foco que pretende dar ao novo modelo de ensino a ser implementado. "As escolas que lideram no que tem de mais interessante e inovador na área de política pública, criam uma linha de pensamento de uma determinada área, seja conhecimento conhecimento ou pesquisa, e aliam com a prática. Isso dá a liberdade de garantir um corpo de servidores com maior autonomia para o dia a dia", afirma.

Na visão do gestor, o caminho para colocar essas ideias em prática, de maneira que corresponda à situação na qual a sociedade está inserida, é elaborar uma escola pautada pela demanda. "A estruturação dos cursos vai ser feita ao redor da demanda de redesenho de políticas públicas, a partir da experiência já acumulada na Fundação com muita qualidade, principalmente, na área de educação", diz, lembrando que o órgão já realizou cursos de formação de gestores educacionais e de representantes para os conselhos municipais e estaduais.

Além de educação, existem cursos desenhados para as áreas de produção cultural, desenvolvimento econômico, primeira infância e direitos humanos. "Não só a Fundação tem um corpo de pesquisa muito grande como também tem um acúmulo de interações com o município e governo estadual. Então já partimos de um ponto muito avançado, principalmente nas áreas de educação, desenvolvimento econômico e pesquisa social", pondera Oriá.

Segundo o diretor, o credenciamento da Fundaj abre um novo leque de possibilidades para a construção desse modelo de ensino: "A gente vai poder fazer isso em total alinhamento com as demandas do governo. Construir uma academia que está orientada não exatamente pelo que a gente acha interessante, mas por onde está a demanda de produção de conhecimento da sociedade."

Para Oriá, o Brasil sofre hoje com vácuo na educação de plataforma e é preciso criar novos líderes de pensamento que possam replicar o conhecimento acumulado. "Você vê muito mais instituições com o objetivo de concentrar cursos e aulas, por uma questão muito logística. Criar o ambiente é muito mais importante do que criar a diretriz específica, é isso que a gente quer fazer", defende. "A proposta da Escola de Governo é conceber um espaço de construção, em vez de um espaço de conhecimento dogmático, com o objetivo de aproximar a academia dos setores públicos e privados, criando uma troca entre gestores e provedores. Sair desse papel de academia insulada e usar a escola como um veículo de tradução, para o setor público e para a sociedade em geral, muito do conhecimento que já vem sendo acumulado aqui", afirma.

Até que a Escola de Governo tenha uma sede própria, as atividades presenciais obrigatórias serão realizadas em edifício concessionados pelo Ministério da Educação, como os prédio da Fundaj em Apipucos, Casa Forte e Derby, além das Universidades Federal e Federal Rural de Pernambuco. "A ideia é concentrar no Derby, um lugar que está imerso no coração da cidade, e fazer dali um hub para quem está pensando estruturalmente inovação no setor público", explica.

A proposta do gestor, que já foi professor e coordenador do laboratório de políticas públicas da Fundação Getúlio Vargas, é implementar, na Escola de Governo, um modelo de ensino mais flexível do que o tradicional. "Não só no modelo da grade e do currículo, mas também na pedagogia de consumo de conhecimento. Importando muito dos paradigmas do aluno-professor, construtor e protagonista do próprio aprendizado. Se você consegue fazer isso em uma sala de aula composta por pessoas com diferentes experiências, o potencial é enorme", conclui.

Na companhia do ministro da Cultura, Roberto Freire, e do diretor da Fundaj, Luiz Otávio Cavalcanti, Mendonça Filho aproveitou a ocasião para comentar sobre suas projeções no cargo e responder à críticas que tem recebido sobre ações promovidas pelo MEC, como a Reforma do Ensino Médio. "A gente não pode ficar paralisado diante das reações, de certo modo, conservadoras, que indicam sempre que a discussão eterna talvez seja a solução para que a gente possa encaminhar o Brasil na boa direção", disse, em discurso.

"Aquela discussão que não leva a caminho algum ou aquela discussão que tem o único objetivo de retardar, postergar ou eliminar a condição de reformarmos, a gente tem que lutar contra, superar e mostrar que o Brasil precisa avançar. A Reforma do Ensino Médio é um exemplo clássico: foram 20 anos de discussões, cinco anos de debates no Congresso Nacional e ainda tinha quem quisesse continuar discutindo", afirmou o ministro. "Eu não vim ao mundo para ser uma pessoa que vai ficar assistindo um problema. Felizmente, eu acho que a persistência, a luta afirmativa, democrática e respeitosa nos fez avançar", emendou.

"Eu trago um pouco dessa visão aqui para a Fundaj, uma instituição histórica com um papel muito relevante na cultura e na história de Pernambuco, que precisa se fortalecer e renova. Eu quero dedicar esse período à frente do Ministério da Educação para contribuir nessa direção", disse, destacando que a Escola de Governo precisa ter sinergia com várias áreas do setor público brasileiro, visando preparar novos homens e mulheres públicas. "O próprio campo da cultura precisa de produtores e gestores culturais que entendam o funcionamento dos mecanismos de apoio do Estado e que estejam integrados naturalmente com esse tipo de lógica importante que a gente vai fortalecer aqui na Fundaj", pontuou.


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