Vida Urbana
50 anos da RCC no mundo
Uma missão global de reconstrução
Trabalho social e de evangelização da RCC acolhe pessoas e cria oportunidades ao redor do mundo
Publicado: 02/04/2017 às 18:33

O africano Hidri Mariam passou 13 anos à procura de um novo lar e encontrou na Obra de Maria um caminho de paz e produtividade. Foto: Shilton Araújo/Esp. DP/

Sem documentos, apenas munido da fé em uma vida em comunhão com Deus, Hidri Mariam, 32 anos, fugiu da própria terra. Caminhou nove dias da Eritreia, país de origem de 12% dos refugidos na Europa, até o Sudão. Escapava, assim como a maioria dos conterrâneos do regime ditatorial e da repressão, mas guardava dentro de si uma motivação a mais: completar o tempo de seminário. Após 13 anos contemplando incertezas, Hidri encontrou a paz em um lar mariano. Ele é um dos 200 missionários moradores da Comunidade Obra de Maria - Eis aí tua mãe, fundada em Pernambuco como um braço forte da RCC no Brasil.
Hidri passou cinco meses no Sudão, uma semana no Egito e sete anos em Israel. Estava ilegal e havia recebido uma sentença de expulsão quando conheceu Gilberto Barbosa, fundador da Obra, e foi convidado a vir ao Brasil. Está no país desde 2015. Estudou português e morou em São Paulo antes de tomar a decisão de doar o próprio tempo para a missão de evangelizar de todas as formas com alegria. A história de Hidri é mostra de como a Renovação Carismática Católica está enraizada em todos os continentes, intercambiando não somente a fé, mas também o conhecimento na doutrina católica.
Fundada em 1990, a Comunidade Obra de Maria tem papel determinante na expansão transfronteiriça da Renovação. No início, os fundadores Gilberto e Maria Salomé Silva acolheram sete jovens. Os números se multiplicaram ao longo de mais de duas décadas de trabalho. Hoje, 10 mil pessoas são acolhidas direta ou indiretamente pelas ações da comunidade. Cerca de 2,7 mil são membros, dos quais duas centenas vivem na sede, em São Lourenço da Mata.
Aos leigos, a maior vitrine da Obra talvez sejam viagens por templos e locais santos. Por ano, são oito mil participantes das peregrinações. Contudo, a comunidade fincou pés mais profundos no Brasil e ao redor do mundo. Está presente em 15 estados brasileiros, em quatro regiões do país, em 17 países e quatro continentes. Há nove anos, desembarcou em Moçambique para iniciar a evangelização na África, com seis missionários.
Diante da pobreza extrema, nenhum deles quer voltar. Lá, eles usam o poder do Espírito Santo para mudar a realidade por meio da evangelização em internatos, hospitais e escolas. Realizam atividades culturais e de formação profissional, cujo resultado é o ingresso de jovens em cursos universitários como engenharia e medicina. A Obra está também no Benim, Costa do Marfim, Angola e Cabo Verde. A comunidade mantém uma creche e três internatos na África.
“Havia um frade que passava férias com a gente, o capuchinho Fulgêncio, de Alagoas, que disse que seríamos conhecidos em todo o mundo. Isso ocorreu em definitivo quando Gilberto se tornou presidente da Fraternidade Católica”, lembra Maria Salomé. A Obra de Maria é formada por casais, padres, celibatários, diáconos, solteiros e seminaristas. Hidri considera a integração dele à comunidade um milagre. “Eu estava com muitos problemas, em águas turbulentas. E a Obra de Maria foi como um navio que me salvou”, diz.
Agenda global
Prestes a completar 50 anos, a RCC sinaliza o futuro com a pretenção de levar o Batismo do Espírito Santo a todos os continentes. Alcançar todos os lugares onde a Igreja Católica está presente é uma das metas. A outra, proferida pelo próprio fundador quando assumiu a presidência da Fraternidade Católica, é praticar a verdadeira comunhão entre todas as comunidades novas. A internacionalização dos laços é um caminho para atingir o objetivo.
Prestes a completar 50 anos, a RCC sinaliza o futuro com a pretenção de levar o Batismo do Espírito Santo a todos os continentes. Alcançar todos os lugares onde a Igreja Católica está presente é uma das metas. A outra, proferida pelo próprio fundador quando assumiu a presidência da Fraternidade Católica, é praticar a verdadeira comunhão entre todas as comunidades novas. A internacionalização dos laços é um caminho para atingir o objetivo.
Assim como a Obra de Maria, outras comunidades novas brasileiras já alçaram voos além-mar. Pelo menos seis delas, como a Canção Nova, Shalom e Aliança de Misericórdia, têm ações na Europa, América Latina e Terra Santa. Por outro lado, movimentos nascidos em outros berços, como a Comunidade Emanuel, da França, também aportaram no Brasil. É no trabalho das comunidades que está o futuro da RCC.
Obra de Maria
O caminho para ser um missionário
1º passo
Enviar email afirmando o desejo de participar da comunidade
2º passo
Participar do evento voacional aberto ao público
3º passo
Participar do evento vocacional fechado (15 dias de experiência)
4º passo
Fazer uma entrevista e realizar os exames
5º passo
Passar um ano no pré-discipulado
6º passo
Passar dois anos no discipulado (receber as regras de vida)
7º passo
Ser consagrado e receber uma medalha de prata
8º passo
Cinco anos depois da consagração, a medalha de prata é substituída por uma de ouro e prata e a pessoa então recebe a consagração definitiva
A regra de vida de um missionário da Obra de Maria
Carisma
Viver o carisma de evangelizar de todas as formas com alegria
Oração
30 minutos de oração pessoal
Adoração ao Santíssimo Sacramento
Terço Diário
Ofício da Imaculada Conceição, aos sábados
Sacramento
Missa Diária
Confissão mensal
Leitura diária da bíblia
Jejum
Uma vez por mês
Obra de Maria em números
2,7 mil integrantes
200 pessoas morando na comunidade sede
80 mil famílias assistidas por mês
236 paróquias
76 dioceses
17 países
4 continentes
Renovação através da juventude
Em Pernambuco, a Obra de Maria investe na juventude como fonte de renovação. “Comecei aos 17 anos. Então, tudo o que eu vejo hoje que é a Obra não seria possível se eu não tivesse começado jovem. Com toda a energia, o dinamismo. O jovem é também o futuro da sociedade, então é preciso investir nele”, afirma Gilberto Barbosa.

Nascida em Timbaúba, Zona da Mata Norte, Camila Medeiros, 27 anos, conheceu o serviço missionário durante um retiro de carnaval. Há oito anos, foi contagiada pela alegria em servir a Deus e ao próximo demonstrada pelas pessoas que trabalhavam no encontro. Deixou para trás a vida em família e os planos de cursar faculdade para seguir o mesmo caminho missionário.
A rotina de Camila, como a dos outros jovens dentro da comunidade, é regida por regras. É preciso estudar a Bíblia, rezar o terço, participar da adoração e se engajar na rotina doméstica do local. Uma escolha baseada na fé. “A gente não encontra mais sentido em se doar em parte. Quer ter mais tempo para a evangelização. Viver em comunidade é ter o mesmo ideal”, explica.
A Obra de Maria pelo mundo
Missões em funcionamento
América do Sul
Bolívia
Paraguai
Argentina
Europa
Portugal
Açores
Vaticano
Itália
Oriente Médio
Israel (e Palestina)
África
Costa do Marfim
Gana
Togo
Benim
Moçambique
Angola
Cabo Verde

Missões em processo de fundação
América do Sul
Peru
Venezuela
Guiana
Suriname
Guiana Francesa
África
Nigéria
Burkinia Faso
Últimas

Mais Lidas
