Mãe de fisioterapeuta assassinada faz apelo emocionado por justiça
Amigas da vítima leram um manifesto e convocaram a sociedade para participarem de um protesto no Fórum Joana Bezerra
Publicado: 06/04/2017 às 10:39

Corpo de fisioterapeuta foi velado em uma funerária no bairro de Santo Amaro, no Recife. Foto: Mariana Fabrício/ DP/
A mãe da fisioterapeuta Tássia Mirella Sena de Araújo, de 28 anos, falou pela primeira vez à imprensa após o crime. Bastante emocionada e revoltada,
Suely Araújo, emocionou a todos os presentes que lotaram, na manhã desta quinta-feira, o velório da jovem, em uma funerária no bairro de Santo Amaro, no Recife.
"Mirella foi assassinada cruelmente. Eu perdi a minha filha e eu não quero que isso aconteça com ninguém, porque ela foi assassinada brutalmente. Uma pessoa entrar e matar a minha filha do jeito que foi... Isso aí ninguém consegue aceitar. Eu não consigo aceitar. Porque Deus não aceita isso. Deus não quer isso. Meu Deus! É uma dor.. Eu quero justiça sim, Senhor! Eu quero justiça, minha filha! Mirella era uma guerreira, Mirella não admitia violência contra a mulher. Era uma guerreira. Eu estou sem força para enterrar a minha filha", bradou a mãe, amparada por familiares e amigos.
Na ocasião, as amigas de Mirella também leram um manifesto e convocaram a sociedade para participarem de um protesto no Fórum Joana Bezerra. A manifestação está marcada para as 13h, quando será realizada uma audiência de custódia para decidir se o suspeito será liberado para responder em liberdade.
No momento em que o corpo deixou o velório, de carro, a mãe gritou mais uma vez por justiça e houve uma salva de palmas em homenagem à Mirella. O caixão foi levado em cortejo até o Cemitério de Santo Amaro, onde foi sepultado por volta das 11h20. Antes de deixar o local, a mãe fez uma promessa: "Mirela lutava como uma guerreira e eu vou continuar lutando por ela. Só Deus que pode me ajudar e dar força". A cerimônia foi encerrada por mais gritos de justiça e aplausos.
Confira o texto do manifesto na íntegra:
Em meio a esse turbilhão de tristeza e dor, onde queríamos silenciar e acalentar nossos corações - tanto da família quanto dos amigos - sentimos por outro lado, a necessidade de trazer um pouco do que era Mirella.
Mirella, ao contrário dos julgamentos machistas que buscam justificar esse ato brutal e violento causado por um homem que não tinha nenhum envolvimento com ela (sabendo que mesmo que houvesse não há justificativa cabível para tal barbárie) era uma mulher jovem e determinada a viver independente e livre. Sabemos, lamentavelmente, que esse não é um caso isolado, pois todos os dias mulheres são vítimas de feminicídio. Mulheres da periferia, mulheres negras, mulheres mães, mulheres lésbicas, mulheres trans, mulheres...
Mirella conquistou sua formação de fisioterapeuta, trabalhava numa empresa multinacional da área médica e como toda jovem buscou a experiência de mais autonomia morando sozinha. Mirella lutou na vida e pela sua vida, literalmente, até o fim.
Não existe crime passional. O que existe aqui é um caso de feminicídio! Mirella não tinha nenhuma relação com o suspeito que, mesmo como disse o delegado em sua entrevista às TVs, afirmou ter visto Mirella apenas uma vez.
Os indícios existem e estão sendo apurados. E hoje haverá uma coletiva para tentar esclarecer tudo. É o que esperamos. Mas o que não podemos esquecer é que queremos justiça. O assassinato de Mirella não pode ficar impune. Precisamos de forma veemente evitar que mais uma Mirella, Maria ou outra, seja morta dessa forma tão brutal. Por isso convocamos toda a sociedade para comparecer hoje às 13h, em frente ao Fórum Joana Bezerra para a mobilização da audiência de custódia e impedir que o suspeito responda em liberdade. #Somostidosmirella [SAIBAMAIS]

