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Medo Uber indisponível em locais considerados mais violentos pelos motoristas Quando o usuário faz o pedido a partir dessas áreas, recebe a mensagem 'aplicativo indisponível por questões de segurança pública'

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 24/04/2017 14:20 Atualizado em: 24/04/2017 22:32

Uber indisponível em locais considerados mais violentos pelos motoristas. Foto: Paulo Paiva/DP
Uber indisponível em locais considerados mais violentos pelos motoristas. Foto: Paulo Paiva/DP
As localidades do Coque, Joana Bezerra, Bode, Córrego do Euclides, Córrego do Jenipapo, Alto Santa Terezinha, Dois Unidos são rotas que vêm sendo negadas pelo aplicativo Uber no Recife. De acordo com o diretor de comunicação e imprensa do Sindicato dos Motoristas de Transporte Privado Individual de Passageiros por Aplicativos do Estado de Pernambuco, (Simprapli-PE), desde março, os chamados feitos dessas comunidades não estão sendo atendidos. "Diante dos casos de assaltos e principalmente depois de três assassinatos de motoristas, o Uber começou a trabalhar no Recife como já faz em São Paulo, no Rio de Janeiro e também em outros países. Quando o usuário faz o pedido a partir dessas áreas, recebe a mensagem 'aplicativo indisponível por questões de segurança pública', explica Thiago Silva, acrescentando que após a medida, o número de casos de violência diminuiu de 80% a 90% na Região Metropolitana do Recife (RMR).

O presidente do sindicato, Everaldo Pereira, lembra que a restrição atinge apenas o local de origem. Os passageiros continuam sendo levados para essas comunidades. "Os motoristas parceiros deixam os clientes no Coque e Joana Bezerra, por exemplo, mas não vão até essas áreas para  iniciar uma corrida". Segundo ele, a empresa vinha recebendo reclamações dos trabalhadores sobre assaltos e tentativas de assaltos e fez um mapeamento dessas áreas em que os casos vinham acontecendo com mais frequência. "Claro que assalto acontece em todo lugar, mas em alguns locais tem acontecido mais", pontua.

Em paralelo, o sindicato alega que continua cobrando medidas de segurança para a categoria. "Na verdade, qualquer problema relacionado à segurança pública não pode ser resolvido pela plataforma. Por isso temos procurado o governo do estado e nos reunimos com a Secretaria Executiva de Defesa Social, Polícia Civil e Militar", garante Thiago Silva. Além disso, como medida de precaução, os motoristas vêm solicitando dados de CPF do cliente, mesmo quando o pagamento é feito em dinheiro. Seria uma forma de identificar a pessoa, diminuindo os riscos de assaltos.

Procurada pelo Diario, a Uber confirmou que o serviço está indisponível em alguns locais por questões de segurança sem especificar quais. "Nossa missão é oferecer transporte acessível a todas as pessoas em todos os lugares, ao toque de um botão. Há alguns locais específicos em que o nosso serviço não está disponível no momento devido a questões de segurança pública", respondeu a empresa por meio da assessoria de comunicação.

A Secretaria de Defesa Social (SDS) comentou a decisão da Uber e informou que não há, até o momento, nada que aponte para crimes contra motoristas de Uber relacionados ao exercício da atividade. "Casos que ocorreram recentemente não têm conexão entre si e estão em plena investigação pela Polícia Civil. É fundamental que a empresa, que tem ganhos financeiros com o transporte de passageiros, aprimore seus cadastros de usuários e adotem medidas que ajudem às polícias na identificação e prisão de suspeitos", afirmou a SDS por nota.

O órgão estadual de segurança pública ressaltou ainda que já estão em prática ações, "a exemplo do aprimoramento das investigações e a redistribuição do efetivo policial militar, de modo a reduzir as mais variadas formas de crimes e aumentar a tranquilidade no ir e vir da população", informou. "Vale ressaltar que alguns indicadores de violência já apresentam redução em 2017, a exemplo dos assaltos a ônibus, investidas contra instituições financeiras e violências contra a mulher", completou a SDS.   

 

 



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