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Flor Baobá da Praça Farias Neves, em Dois Irmãos, tem raro florescer Com vida curta, as flores produzidas por esse tipo de árvore duram apenas um dia. A planta é reverenciada pelas religiões africanas

Por: Carol de Sá Leitão

Publicado em: 26/04/2017 07:48 Atualizado em: 26/04/2017 07:53

Baobá da Praça Farias Neves, em Dois Irmãos, tem raro florescer. Foto: Thalyta Tavares/Esp.DP
Baobá da Praça Farias Neves, em Dois Irmãos, tem raro florescer. Foto: Thalyta Tavares/Esp.DP
Reverenciado como altar para divindades por religiões de matriz africana, e parte da paisagem pernambucana há séculos, o baobá é uma árvore de flor rara. Mas o exemplar que fica na Praça Farias Neves, no bairro de Dois Irmãos, floresceu. Com uma duração curta, as flores produzidas por esse tipo de vegetal são de cor branca e exalam um perfume forte, principalmente durante à noite.

De acordo com o antropólogo Fernando Batista, mais conhecido como Fernando Baobá, diferentemente da crença popular, a árvore floresce todos os anos. “Temos alguns pés em Pernambuco que produziram frutos e flores por 12 anos”, explicou.

Porém a flor produzida pelo vegetal tem um tempo de vida de uma noite. Apesar disso, as árvores podem florescer por um período que varia entre um e três meses durante o primeiro semestre. A quantidade de tempo que um pé floresce varia de acordo com o seu porte.

A árvore mantém uma significação especial nas religiões africanas. O sacerdote de Jurema Alexandre L’Omi L’Odò lembrou que, no Brasil, a ressignificação da planta é considerada recente. “Poucos terreiros têm baobás, mas já estão sendo plantados. Dentre as divindades cultuadas estão Iroko, dos Nagô; Lokó, dos Jeje; e Kitembu, dos Angola”, esclareceu.

Crenças
O sacerdote também afirmou que no Brasil este movimento de valorização da árvore vai de encontro às crenças já existentes em países africanos. “A mesma importância que tem na África, está tendo aqui. O baobá pode simbolizar, também, os ancestrais, já que nas nossas cosmovisões religiosas, os espíritos ilustres dos ancestrais moram nos troncos das árvores centenárias, que são sagradas para o nosso povo”, apontou Alexandre.

“Na Bahia, principalmente, o baobá tem sido reverenciado como altar para os orixás. Todo seguidor do Candomblé reconhece o baobá como árvore sagrada”, reforçou o antropólogo.

O baobá é nativo de países como Madagascar, Índia e Austrália e de regiões como as savanas africanas. As árvores estão presentes principalmente em regiões próximas à linha do Equador. No Brasil, as plantas foram trazidas por sacerdotes africanos e estão, em maior número, em Pernambuco. O vegetal também está presente em estados como Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

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