Vida Urbana
Comércio Informal
Prefeitura do Recife apresentará projeto sobre presença de ambulantes em hospitais públicos
Anúncio foi feito após realização de audiência pública nesta quarta-feira. Documento será elaborado pelas secretarias de Mobilidade e Controle Urbano e Saúde
Publicado: 05/04/2017 às 14:35

Hospital Agamenon Magalhães é uma das unidades que vai passar pelo reordenamento. Foto: Julio Jacobina/DP/Arquivo/Hospital Agamenon Magalhães é uma das unidades que vai passar pelo reordenamento. Foto: Julio Jacobina/DP/Arquivo
Uma audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (5), discutiu o ordenamento de ambulantes em frente a hospitais públicos do Recife. Os trabalhadores do comércio informal cobraram da Prefeitura do Recife uma maior regulamentação, sobretudo nos arredores dos Hospitais Agamenon Magalhães, em Casa Amarela, no Barão de Lucena, na Iputinga, e das Clínicas, na Cidade Universitária, que concentram maior número de camelôs. A reunião foi convocada pelo vereador Ivan Moraes (PSOL), atendendo a uma demanda do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife (Sintraci).
A vendedora Rayssa Alves, 21 anos, trabalha com a mãe em frente ao Hospital Agamenon Magalhães, e recebe R$ 100 semanais para pagar o aluguel e custear os gastos com a família. Grávida de seis meses e com uma filha de 1 ano, ela espera que a decisão da prefeitura dê mais estrutura para que possa trabalhar. "Eu moro de aluguel e o que eu ganho é praticamente só pra pagar ele. Então se a gente tivesse um lugar melhor poderia até vender mais. A gente atende o povo que tá passado, mas principalmente os próprios médicos que não têm uma lanchonete lá dentro", conta.
Somente no Hospital Barão de Lucena são mais de 35 ambulantes, no Agamenon Magalhães mais de 45 e o Hospital das Clínicas possui maior quantidade de comerciantes, com mais de 120 barracas armadas nas calçadas e dentro da Universidade Federal. "Pedimos uma posição definitiva do município. O último acordo feito foi em 2013, quando foi desenhado um projeto para cada lugar desse. Mas nada saiu do papel. Queremos organizar a cidade e não mais receber ameaças de retirada. Nos prejudicamos muito com isso porque muitos de nós já foram removidos, mas não somos bandidos. Somos trabalhadores", comenta o presidente do Sintraci, Ednaldo Gomes.
O medo de sair dos pontos comerciais é o que provoca insegurança para Severino Ramos Pereira, que vende lanche em uma barraca em frente ao Hospital das Clínicas (HC) há 20 anos. "Já fomos retirados de lá e isso pode acontecer a qualquer momento. Nós recebemos ameaça e vez ou outra aparece uma equipe lá para tirar fotos e cadastrar somente algumas pessoas. Nunca foi apresentada uma solução definitiva para que a gente possa trabalhar com tranquilidade sem atrapalhar a mobilidade naquela área", diz.
Segundo o gerente administrativo do HC, Marcos Viegas, que particiou da audiência, a estrutura para receber os ambulantes já está pronta e só aguarda as barracas que seriam entregues pela Prefeitura. Somente nos arredores da UFPE existem 120 vendedores cadastrados que receberão esses quiosques. "Desde que assumimos a diretoria começamentos um canteiro de obras para melhorar o antendimento à população e também toda infraestrutura de acessibilidade. Uma das coisas que eu pedi foi que não mexessem nesse comércio porque já existe um acordo com o Controle Urbano. Então o que cabe ao Hospital foi feito, dando um espaço de recúo no nosso terreno para que as barracas fossem construídas", comenta.
De acordo com a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, dentro de dois meses será apresentado um planejamento que solucione a questão. "A primeira etapa do Hospital das Clínicas deve sair ainda este ano, mas antes precisamos de parceria com o Governo do Estado e da Secretaria de Saúde para trabalharmos de forma conjunta. Garantimos que até lá não haverá ação de retirada dos ambulantes. Vamos começar nessa próxima semana um cadastro de cada pessoa que trabalha no local e fazer registro da situação", conta o secretário da pasta, João Braga.
Uma das propostas do Braga foi criar uma comissão com os ambulantes, o que causou revolta e um princípio de tumulto durante a reunião. "Tivemos resultados positivos, mas algumas questões a resolver. A Prefeitura garantiu que não haverá retirada de forma abrupta. Mas não foi apresentado um diagnóstico de cada área, não tivemos a apresentação de quantos comerciantes estão cadastrados, por exemplo. O secretário não garantiu que irá conversar com o sindicato da categoria e existe um problema de aceitação e no diálogo. Essas comissões devem, de fato, representar o direito do coletivo de vendedores do Recife", comenta o vereador Ivan Moraes.
Outra sugestão que partiu dos próprios comerciantes foi criar uma parceria para contrubuir com as contruções dos quioques em parte das obras que devem ser feitas nas calçadas de cada hospital. Segundo a Secretaria de Mobilidade, a proposta pode se tornar viável. "Vamos examinar essa possibilidade, mas desde já considero possível. Precisamos abrir essa discussão para avaliar o quanto eles podem participar dessa solução e obra física", afirma o secretário.
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