Educação Projeto musical em Paulista estimula a criatividade e o talento de adolescentes

Por: Anamaria Nascimento

Publicado em: 27/03/2017 07:34 Atualizado em: 27/03/2017 07:37

Desde a infância, a estudante Zaira Gonçalves, 17, tinha vontade de estudar música. O alto valor dos instrumentos e a ausência de cursos no bairro onde mora a afastaram do sonho durante um tempo. Anos depois, quando ingressou no ensino médio na Escola Estadual Maestro Nelson Ferreira, em Engenho Maranguape, Paulista, a adolescente encontrou a oportunidade que faltou quando era criança. O projeto musical da unidade de ensino, Juventude Dourada, que ensina música a alunos de 15 a 19 anos, resgatou o sonho de menina. Hoje, ela é clarinetista.

Além de assistir às aulas de música na escola onde estuda, Zaira passou na disputada seleção da Escola Técnica Estadual de Criatividade Musical, onde aprende a tocar tuba. Para ingressar no curso técnico, ela enfrentou uma concorrência de 12 candidatos por vaga. “Sempre gostei de música e tinha muita vontade de fazer um curso, mas não tinha oportunidade”, conta.

Segundo o professor responsável pelo projeto, Josué Silva, histórias como a de Zaira se repetem ano após ano desde que as aulas de música começaram na escola, há cerca de cinco anos. “Temos alunos em bandas militares, na Orquestra Sinfônica do Recife e cursando música no ensino superior”, orgulha-se.

Entre os benefícios de promover educação musical na escola, o professor maestro destaca que as habilidades musicais fazem os estudantes melhorarem o desempenho também em outras disciplinas. “Não fazemos o projeto para formar músicos. Isso eles procuram em outros espaços depois de serem despertados. Aqui, nosso objetivo é torná-los mais sensíveis. Eles desenvolvem habilidades auditivas que os fazem escutar e assimilar melhor as aulas”, pontua.

As aulas de música, em uma sala com isolamento acústico e repleta de instrumentos de sopro, corda e percussivos, são também um momento de lazer para os estudantes. “Aprendemos, mas também estamos nos divertindo. Amo música e aprendi a ouvir outros gêneros além dos que eu já ouvia. Agora, gosto de música clássica e ópera”, afirma a estudante do terceiro ano do ensino médio Jamilli Batista, 17, que está aprendendo a tocar saxofone.

“Muitos de nossos alunos residem em localidades com altos índices de violência e utilizam a música como um recurso para aliviar suas tensões”, destaca Josué.

Apesar de a lei federal 11.769, de 2008, estabelecer a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica, nem todas as escolas públicas do estado ofecerem o conteúdo no currículo. “Não há professores suficientes para essa implementação. O MEC (Ministério da Educação) vem investindo em capacitação para professores da educação básica, para reverter o quadro geral e sofrível das estatísticas baixas em termo de desempenho, em todas as áreas”, opinou a professora da Universidade Estadual de Londrina, Magali Oliveira.

“O papel do poder público não é apenas normativo, mas deve criar programas para habilitar professores para o ensino de música na educação básica, como está previsto pela legislação educacional”, enfatizou o professor do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), João Cardoso Palma Filho.

Nota a nota
  1. A lei federal 11.769, de 2008, determina que a música deve ser conteúdo obrigatório em toda a educação básica
  2. A música ajuda na concentração e no relaxamento dos estudantes
  3. É uma das linguagens universais, que se traduz em diferentes formas sonoras, capazes de expressar e comunicar sensações e pensamentos
  4. Habilidades e sentimentos são aflorados por meio da música
  5. Desenvolve nos estudantes habilidades que o ajudarão a conhecer diversas culturas e a criar possibilidades de ação em busca de um mundo melhor


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