Contra a PEC 55 Estudantes ocupam Escola do Porto Digital, no Bairro do Recife A ocupação teve início durante a manhã, após as aulas serem suspensas para a realização de uma assembleia que decidiu pela ocupação do prédio

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 17/11/2016 12:12 Atualizado em: 17/11/2016 14:45

A ocupação da escola está dividindo a opinião dos estudantes. Foto: Luiza Bessa/ Esp DP
A ocupação da escola está dividindo a opinião dos estudantes. Foto: Luiza Bessa/ Esp DP

Estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio Porto Digital ocuparam, na manhã desta quinta-feira, o prédio da unidade de ensino, localizada no Bairro do Recife. A manifestação é contra a PEC 55, que prevê a limitação de gastos com saúde, educação e assistência social por até 20 anos e contra a Reforma no Ensino Médio.

A ocupação teve início durante a manhã, após as aulas serem suspensas para a realização de uma assembleia que decidiu pela ocupação do prédio. Uma das organizadoras, identificada como Gemi, 16, afirmou que o movimento é pacífico e o momento é de organização. "Por enquanto só tem gente saindo, mas estamos abrindo os portões de 15 em 15 minutos. O momento é de se organizar", disse. Ainda segundo a estudante, o movimento pretende organizar aulas públicas de disciplinas como Português e Matemática.

Muitos alunos que tiveram as aulas interrompidas aguardavam do lado de fora do prédio. No local, muitas opiniões divididas. Estudante do terceiro ano do Ensino Médio da escola e integrante do Movimento Ocupa Porto Digital, Raynara Marques garante que os favoráveis à ocupação da instituição estiveram em maior número na assembleia. "A gente se reuniu no auditório, fez uma votação e 60% dos presentes foram a favor", disse.

A estudante Maria Eduarda destacou que o movimento está articulando oficinas culturais, aulas e palestras de conscientização sobre as ocupações. "Queremos entregar a escola melhor do que quando pegamos", sublinhou.

Porém, segundo uma aluna identificada apenas como Lorena, 17, a votação em assembleia não levou em consideração a maioria dos presentes. "Não teve contagem de votos e claramente a maioria votou contra a ocupação", relatou. Outra estudante, que pediu para não ser identificada, afirmou que concorda com as ocupações, mas não da forma como foi feita. A direção da escola não quis falar com a reportagem.

Ocupações se espalham em Pernambuco
Ontem, o Ginásio Pernambucano, na Rua da Aurora, Centro do Recife, também foi ocupado por alunos. Cerca de cem estudantes do Ensino Médio decidiram pela ocupação. Estudantes que já integram o movimento em outras ocupações foram ao local para dar apoio e orientações. Em nota, a Secretaria de Educação de Pernambuco informou que está mantendo diálogo com os integrantes do protesto “no sentido de que as aulas ocorram normalmente, para não prejudicar os demais estudantes”.


Em todo o estado há ocupações em prédios de 24 escolas de nível médio e institutos de referência, além de 15 universidades públicas. Pelo menos outras duas escolas da rede estadual também permanecem ocupadas no Recife: a Escola Estadual Martins Júnior, no bairro da Torre, e a EREM Cândido Duarte, em Apipucos. Na Martins Júnior, o ato conta com mais de 100 apoiadores, entre alunos e ex-alunos do ensino médio e da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). O protesto também tem o apoio de entidades estudantis, movimentos sociais e advogados populares do estado, além de alguns pais de alunos. As atividades administrativas da escola foram mantidas para que o final do ano letivo não seja prejudicado. De acordo com os estudantes, que se queixam da precariedade do espaço físico da escola, ações de revitalização, pintura e restauração de algumas salas de aula já foram iniciadas. Nenhum conflito com a polícia ou comunidade foi registrado pelos estudantes, que relataram a presença pacífica de alguns policias militares na tarde ontem.


Interior
Em Nazaré da Mata, a Escola de Aplicação Professor Chaves (UPE), também foi ocupada, sendo a primeira da Mata Norte a aderir ao protesto. Em Petrolina, no Sertão, a Escola Estadual Antonio Padilha segue ocupada há mais de uma semana, além da Escola Estadual Professora Adelina Almeida, ocupada na última segunda-feira.


Com informações dos repórteres Luiza Bessa e Luís Francisco Prates



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