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Banheiro feminino é motivo de confusão em escola de Camaragibe

Estudante transexual chegou a apresentar denúncia contra o colégio no MPPE, mas gestora da instituição garante que agiu sem preconceito e com o cuidado que a questão merecia

Publicado: 04/11/2016 às 17:15

Uma ida ao banheiro pode ser muito mais complicado do que se imagina. Uma estudante transexual da Escola Frei Caneca, em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife, diz que sofreu preconceito ao tentar usar o banheiro feminino da instituição. A versão da escola, por outro lado, é de que todas as medidas para que ela pudesse frequentar um banheiro neutro foram tomadas.

Joana*, de 16 anos, procurou a direção do colégio há cerca de um mês e meio para comunicar que se reconhecia como mulher e por isso gostaria de utilizar o banheiro feminino. Segundo a gestora da instituição, Manuela Santiago Pereira, a menina ainda vestia roupas masculinas quando a procurou e não possuía um nome social. "Temos 1.600 estudantes na escola, teríamos que começar por meio de ações como palestras. Então, de imediato, sugeri o terceiro banheiro. Depois de alguns dias, ela me disse que não aceitaria a condição por se perceber como menina", contou a gestora.

A adolescente fez uma denúncia no Ministério Público de Pernambuco contra a escola, por meio do site. "Joana* me trouxe uma normativa da Secretaria de Direitos Humanos, a orientação que me deram foi que deveria aceitar o pedido dela. Mas era uma orientação e não uma decisão. E o conselho escolar é que deveria deliberar como proceder diante dessa situação. Fizemos uma reuniao do conselho escolar e a estudante foi convidada, mas não apareceu, tive o cuidado de gravar tudo em aúdio, e a decisao do conselho foi que a escola optaria por um terceiro banheiro. Mas não o banheiro feminino, porque acreditamos que nao traria nenhum constrangimento para ela", detalhou Manuela.

De acordo com o militante do Coletivo RUA Wellthon Leal, a escola não teria sido tão perceptiva com Joana*. "A mãe dela ainda não sabia da identidade sexual da filha quando a Escola Frei Caneca expôs a situação, ela chegou a tentar suícidio durante o impasse e queria largar o estudo depois do incidente", afirmou o militante.

Diante do desespero da adolescente, três coletivos se uniram e panfletaram nessa quinta-feira, em frente a Escola Frei Caneca com intuito de sensibilizar, discutir e levar informações sobre a identidade sexual aos alunos e profissionais da escola. Apesar de ainda não ter uma data definida, outras ações deverão acontecer nos próximos dias.


*O nome da estudante foi preservado.
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