Direitos Humanos Intolerância Religiosa: Construindo uma geração de paz

Por: Marcionila Teixeira

Publicado em: 17/10/2016 17:55 Atualizado em: 17/10/2016 18:09

Escola ao lado de terreiro prega convivência pacífica entre diferentes credos. Foto: Rafael Martins/DP
Escola ao lado de terreiro prega convivência pacífica entre diferentes credos. Foto: Rafael Martins/DP
Tânia Maria da Silva é diretora pedagógica de uma escola particular na Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, a Froebel. A unidade existe há 31 anos, vizinha ao Terreiro de Xambá, e tem 700 alunos. Praticamente todas as crianças do terreiro estudam ou estudaram na escola. Não apenas elas, mas também católicos, evangélicos e testemunhas de Jeová.

“Prego o respeito acima de qualquer coisa. As crianças vêm com influência forte dos adultos no que se refere às questões religiosas, sexuais. É importante lembrar que estamos em uma comunidade quilombola urbana e temos a oportunidade de tratar o tema respeito através de várias matérias e palestras”, explica Tânia, que já foi católica, evangélica e espírita e hoje não é adepta de nenhuma religião.

Pai Ivo, babalorixá do Terreiro de Xambá, inclusive já fez palestras sobre a sua religião na escola. “As religiões têm que se entender. Somos 140 milhões de habitantes e todos não têm o mesmo pensamento. Os orixás não têm nada a ver com demonização”, ressalta.

A procuradora Maria Bernadete Azevedo, do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo do MPPE, diz que o estado laico é a garantia de que podemos exercer a religião que quisermos ou até a ausência de religião. “Vemos ao contrário. Algo enraizado nas instituições”, ressalta.

No Brasil, diz a procuradora, sempre foi assim. “Até as leis do Código Penal previam ações que só puniam o povo ‘libertado da escravidão’, os desempregados, os que ficavam na rua, supostos autores de crimes de vadiagem. Era exatamente a pobreza negra que não tinha trabalho”, relembra. A lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas redes públicas e particulares de educação, completa 14 anos e ainda não é cumprida como deveria. “Isso somente acontece se tiver uma diretoria comprometida”, ressalta.

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