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Meio ambiente Recife quer reduzir gases poluentes Capital vai medir pegada de carbono e de água através de parceria internacional entre a prefeitura e o Banco de Desenvolvimento da América Latina

Por: Max Felipe - Especial para o Diario

Publicado em: 01/06/2016 07:21 Atualizado em:

O Recife é a 16ª cidade do ranking mundial de vulnerabilidade aos efeitos das mudanças climáticas segundo o IPCC,  painel internacional sobre o tema. Em medição de 2012, a cidade  emitiu 3,2 milhões de toneladas de carbono, contribuindo para um desequilíbrio ambiental que, entre outras consequências, ajuda a gerar os fenômenos climáticos extremos como as fortes chuvas que vêm causando transtornos na Região Metropolitana.

A capital do estado vai medir sua pegada de carbono e de água por meio de uma parceria internacional entre a Prefeitura do Recife e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). O projeto, que foi apresentado ontem, prevê medir a quantidade de gases de efeito estufa liberada para a atmosfera nos anos de 2014 e 2015, além de levantar o volume de água aproveitada da chuva, a parte contaminada e aquela que evapora e não retorna à bacia hidrográfica.

O inventário estima uma redução de 14,9% em 2017 e 20,8% em 2020. Ontem, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, o Comitê de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas da cidade (Comclima), a Compesa, Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac) e Odebrecht Ambiental se reuniram com consultores de saneamento ambiental da Bolívia, no auditório do Museu da Cidade do Recife (Forte das Cinco Pontas) e na sede da prefeitura.
A Pegada de Carbono é a principal causa das mudanças climáticas. Na América do Sul, as cidades de Fortaleza (Brasil), Quito (Equador), La Paz (Bolívia), Tarija (Bolívia), Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), Lima (Peru), e Santiago de Cali (Colômbia) também começaram a medir a Pegada do Carbono.

“Devido ao fato de que geramos muitas emissões de gás carbônico em ritmo muito mais rápido do que é possível absorver, existe um acúmulo na atmosfera e no oceano formando a formação de nuvens carregadas e fortes chuvas na cidade”, disse a gerente técnica Valeria Calderón, da empresa boliviana Servicios Ambientales S.A, que esteve no Recife e destacou a importância da redução do carbono, principalmente no trânsito, com a implantação de mais áreas verdes nos corredores metropolitanos. Ela também acrescentou que no período chuvoso as pessoas ficam vítimas da natureza por falta de um planejamento ambiental.
Segundo a secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, Inamara Mélo, a capital começou a construir um futuro de baixo carbono em 2013, com a elaboração de projetos sustentáveis. Um ano depois, foi sancionada a Lei nº 18.011/2014 sobre a Política de Sustentabilidade e de Enfrentamento das Mudanças Climáticas. Entre as diretrizes está o aumento da permeabilidade do solo e o combate à formação de ilhas de calor, através de medidas como a arborização.

De acordo com o diretor de Políticas de Baixo Carbono, Luiz Roberto, em 2015 o Recife foi a primeira cidade do mundo a ter um inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) produzido de acordo com o Protocolo Global de Comunidades (GPC). O objetivo foi montar um Plano de Baixo Carbono para reduzir as emissões das principais fontes emissoras de Gases de Efeitos Estufa (GEE) da capital pernambucana.

A metodologia utilizada é pioneira. Surgiu da parceria entre o Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais (ICLEI), o C40 (Grupo de Grandes Cidades para Liderança do Clima) e o WRI (World Resources Institute). Ao lado de Fortaleza, o Recife reportou suas ações e metas para uma economia de baixo carbono na Plataforma de Registro Climático Carbonn, considerada uma das principais ferramentas existentes para mensurar o impacto dos esforços dos governos locais em adaptação e redução de danos.

Áreas verdes
Uma das medidas que podem reduzir a emissão de gases é a expansão de áreas verdes. O secretário executivo de Sustentabilidade do Recife, Maurício Guerra, lembrou do projeto Parque Linear do Capibaribe – Caminho das Capivaras será essencial neste processo. Em 2014, o Recife tinha 1,2 metro quadrado de área verde por por habitante. A meta é chegar a 20 metros quadrados em 2037. No percurso do parque serão implantadas calçadas, ciclovias, passarelas, pontes para pedestres e áreas de verde e lazer.

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