História Instituto confecciona placas com relatos da pessoa que dá nome à rua

Por: Larissa Rodrigues - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/06/2016 07:30 Atualizado em:

O projeto A História nas Paredes já instalou 21 placas nas ruas do Recife, perpetuando a memória da capital. A iniciativa é do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), uma entidade privada com 154 anos, mantida e coordenada por 50 sócios. A meta do instituto é aplicar 200 placas confeccionadas em azulejo que trazem relatos do local ou da pessoa que dá nome à rua, com o objetivo de embelezar a cidade e informar culturalmente. O idealizador do projeto é o advogado Silvio Amorim, diretor do IAHGP. Ele define as peças como “pingos de beleza e cultura na cidade”. Silvio contou que A História nas Paredes é inspirada nas ruas do interior de Portugal. Bairros como Graças e Aflitos, na Zona Norte, além do Centro, foram beneficiados.

A ação é voluntária e conta com o apoio técnico da Prefeitura do Recife, que ajuda o instituto sugerindo ruas. Um dos critérios para a escolha do lugar é a boa localização. Ter nomes de pessoas que fizeram parte da história do estado, ou ter sido palco de algum momento notável de Pernambuco também são itens considerados na seleção. As ruas do Imperador, Diario de Pernambuco, Marquês de Olinda, e Marquês do Recife, todas no bairro de Santo Antônio, na área central do Recife, foram as primeiras a serem agraciadas, há cerca de dois anos. Outras dez devem receber as placas até início de julho deste ano. Entre elas, está a Rua Demócrito de Souza Filho, na Madalena.

Demócrito foi um estudante de Direito da Faculdade do Recife, em meados dos anos 1940, durante a ditadura de Getúlio Vargas. Ele foi assassinado em março de 1945 com um tiro da polícia quando estava na sacada do Diario de Pernambuco, na Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio. Após uma passeata em protesto contra a ditadura Vargas, foi realizado um comício no local. O primeiro orador foi o estudante Odilon Ribeiro Coutinho. Em seguida, Gilberto Freyre. Nesse momento, a polícia abriu fogo em várias direções e uma bala atingiu Demócrito de Souza Filho, que estava ao lado do orador.

A expectativa é que todos os letreiros sejam confecionados até dezembro de 2016. Cada placa custa em média R$ 1,5 mil, dinheiro usado na fabricação, diagramação e aposição da peça. Todas estão sendo custeadas por meio de pessoas físicas, instituições e empresas da iniciativa privada. Cada uma recebe um apoio diferente. “Às vezes uma família banca o valor da peça porque a rua tem o nome de um antepassado, por exemplo”, explicou Silvio Amorim. As placas medem em média 80 centímetros de largura por 60 de altura.

Para Silvio Amorim, esse trabalho é também uma forma de perfazer uma inquietação pessoal com dúvidas a respeito da história das pessoas homenageadas nas ruas recifenes. “Nasci na Rua Lopes de Carvalho, no bairro da Madalena, e até hoje ninguém sabe quem é essa pessoa”, comentou. As placas foram  estconfeccionadas em São Paulo. 

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