Curso gratuito de introdução alimentar para mães de bebês com microcefalia
Publicado: 19/05/2016 às 10:21
O projeto Acolher realiza neste sábado, no bairro da Madalena, no Recife, um curso gratuito de introdução alimentar para mães de bebês com microcefalia. Mamães de cento e vinte bebês, com idades entre quatro e 12 meses, vão receber instruções da equipe formada por uma nutricionista infantil e uma fonoaudióloga. O curso acontece no Espaço Ser Mãe, no bairro da Madalena. Mais informações pelos telefones 9.8647-3099 ou 9.9755-0788.
 Os engasgos preocupam as famílias das crianças com a malformação. Às vezes, a criança engasga até mesmo com a saliva. “É do nada, tenho  muito medo”, explica a mãe,  Andreia Barros, 23 anos. O engasgo pode  ser um indício de disfagia, um  quadro de dificuldade de deglutir que  alguns bebês com microcefalia têm  apresentado. No Hospital  Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) os  internamentos das crianças têm  sido frequentes pelo motivo.
A  literatura médica estima que para  algumas manifestações neurológicas os  quadros de disfagia podem  ocorrer em mais de 50% dos pacientes. “À  medida que a criança vai  crescendo, é esperado que o comprometimento  cerebral leve a esse  quadro. Mas isso pode estar ocorrendo também porque  estamos em uma  época de quadros virais, como a gripe. Os internamentos  são para  observação”, explicou a chefe da infectologia pediátrica do  Huoc,  Ângela Rocha. 
Um estudo está sendo realizado por profissionais   do Hospital Agamenon Magalhães (HAM), uma das unidades referência para   as avaliações otorrinolaringológicas dos bebês com microcefalia, para   avaliar quantos deles têm apresentado essa dificuldade, o que pode   comprometer o desenvolvimento. 
“Estamos acompanhando essas crianças   desde novembro do ano passado. A gente tem observado que o sintoma da   disfagia tem gerado a necessidade de uma avaliação específica, mas pela   casuística ainda não podemos dizer qual o percentual dele entre os  bebês  que avaliamos”, explicou a otorrinolaringologista do HAM Mariana  Leal.
Segundo  ela, a disfagia é comum em outros quadros  neurológicos, como a  paralisia cerebral, por exemplo. Uma da hipóteses é  de que os quadros  sejam gerados pois o zika tem um tropismo, ou seja,  uma predileção por  atacar o sistema nervoso. “Ninguém sabe o mecanismo  que causa a  disfagia, mas estamos em busca para entender melhor.  Talvez, passe pelo  acometimento do sistema nervoso”, acrescentou Leal. 
A  disfagia pode  levar a uma perda acentuada de peso e engasgos  frequentes, durante a  alimentação ou até somente com a saliva, como  acontece com Ariella.  “Isso atrapalha o estado nutricional da criança e  gera motivos para  aspiração”, acrescentou a otorrinolaringologista  Cristiane Marcela. Por  isso, é preciso que as mães e pais das crianças  estejam atentas para ver  se a criança engasga ou tosse com frequência,  com a saliva e se tem  dificuldades para respirar na hora em que está se  alimentando, sobretudo  com líquidos. As crianças atendidas no HAM  serão acompanhadas e  reavaliadas periodicamente. “É uma evolução que  ninguém conhece, então  há a necessidade de fazer o acompanhamento”,  esclareceu Mariana Leal.
Avaliações  otorrinolaringológicas nos  bebês com microcefalia são realizadas também  durante os mutirões, que  já ocorreram duas vezes na Associação de  Assistência à Criança  Deficiente (AACD) e em Caruaru. Nas Unidades de  Pronto Atendimento  Especializadas do estado.
 
     
     
                