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Medicação Protocolo define orientações para tratamento da chikungunya Nesta quarta-feira, a Secretaria de Saúde do Recife inicia a capacitação de profissionais de saúde

Publicado em: 22/03/2016 14:40 Atualizado em: 22/03/2016 18:40

Antiinflamatórios e corticóides na fase aguda podem levar a complicações, diz Carlos Brito. Foto:  Julio Jacobina/DP
Antiinflamatórios e corticóides na fase aguda podem levar a complicações, diz Carlos Brito. Foto: Julio Jacobina/DP
Médicos pernambucanos, entre eles Carlos Brito, membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde (MS) e professor de Clínica Médica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), concluíram um protocolo para o tratamento da chikungunya. O documento, que será divulgado oficialmente em breve pelo MS, alerta para o cuidado na administração de alguns tipos de medicamentos que podem causar o agravamento do quadro e até mesmo a morte de pacientes acometidos por esta arbovirose que tem como principais características fortes dores e inflamações nas articulações.

A medida foi tomada após relatos de automedicação e mesmo de prescrição médica de drogas como antiinflamatórios ou corticóides durante a fase aguda da doença e que seria um risco para a saúde dessas pessoas. Nas emergências, pacientes vêm recebendo injecções de dexametasona para aliviar, mais rapidamente, os sintomas de inchaço de que se queixam, inadvertidos do perigo que a droga representa, quando administrada entre o 10º e 14º dias da doença, quando geralmente acontece a fase aguda.

"A medicação com antiinflamatórios e corticóides nesta fase pode levar a complicações porque aumenta o risco de sangramento, complicando para casos de hemorragia e, principalmente nos idosos, podendo levar a um dano renal. Em outros países, como a Colômbia, já se faz essa associação. Aqui os médicos prescrevem por desconhecimento. É natural, é uma doença nova e também as pessoas se automedicam porque sentem muita dor nas articulações", explica Brito, enfatizando a importância do protocolo. Na fase aguda, segundo o especialista, são indicados apenas os analgésicos que podem ser tylenol, dipirinona, paracetamol. "As dores também regridem com o bloqueio de analgésicos e a inflamação tende a regredir", garante.

Capacitação - Nesta quarta-feira, a Secretaria de Saúde do Recife inicia a capacitação de profissionais de saúde com base no protocolo de atendimento aos casos de chikungunya. Os cerca de 400 profissionais da rede municipal estarão reunidos a partir das 8h30, no auditório do Banco Central. Entre as novidades, a aplicação de um questionário sobre a intensidade da dor e a introdução de analgésicos mais potentes a serem distribuídos pela atenção básica de acordo com a prescrição médica.

Mortes - Ainda de acordo com Carlos Brito, está em investigação o aumento do número de mortes de pacientes acometidos pela chikungunya em Pernambuco, suspeita, segundo ele, já encaminhada à Secretaria Estadual de Saúde (SES) e ao Ministério da Saúde, principalmente em relação a algumas cidades do interior, onde a epidemia de chikungunya estaria acima da média esperada. Para justificar a subnotificação, o especialista tem duas hipóteses:  Os atestados de óbito não trazem a chikungunya como causa da morte porque as pessoas são vítimas da descompensação de outras doenças de base como diabetes, embolia, doenças, cardíacas, mas o documenyo deveria descrever o fator desencadeante. Outra hispótese é que os casos notficados como dengue na verdade são de chikungunya. Não estamos praticamente tendo registro de dengue no estado. Atualmente, em Pernambuco os registros são, em primeiro lugar de chikungunya, zika e, por último dengue. Existe uma dificuldade de notificação", explica.

Questionado se a chikungunya seria hoje a mais letal das arboviroses, o médico atesta: "Acho que é a mais grave. Isso vai ser demonstrado. As  queixas de dores crônicas. Tem fase aguda, a fase crônica, metade dos pacientes se queixam por meses de dor incapacitante. As pessoas não conseguem realizar suas atividades e o número de pessoa atingidas é muito maior", alerta.

Na sexta-feira passada foi registrada a segunda morte por chikungunya no Recife. A vítima foi uma mulher de 54 anos que morava no bairro de Água Fria, Zona Norte do Recife. Ela faleceu no dia 30 de janeiro, mas apenas nesta semana a causa da morte foi confirmada pela Secretaria Executiva de vigilância do município. De acordo com o secretário de saúde da cidade, Jaílson Correia, existe a ciência de que a chicungunha é uma doença pode causar a morte e registro desta semana "reforça toda a mensagem do controle do mosquito do Aedes Aegypti".



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