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Vida Urbana
Denúncia

Parque Urbano da Macaxeira é território de insegurança

Um problema na drenagem do parque fez com que os postes vazassem corrente elétrica e a energia fosse cortada, o que vem contribuindo para que o local vire ponto de prostituição e de consumo de drogas

Publicado: 26/02/2016 às 17:15

Desde junho a iluminação do parque foi suspensa depois que foi observado um problema na drenagem. Foto: João Velozo/Esp. DP./

Desde junho a iluminação do parque foi suspensa depois que foi observado um problema na drenagem. Foto: João Velozo/Esp. DP./

Desde junho a iluminação do parque foi suspensa depois que foi observado um problema na drenagem. Foto: João Velozo/Esp. DP.
O equipamento que nasceu com a ambição de ser o maior complexo de lazer do Recife, com menos de dois anos de inaugurado, já assusta pela degradação. O Parque Urbano da Macaxeira, localizado no bairro com o mesmo nome, está sem iluminação, segurança e, por consequência disso, segundo frequentadores,  tornou-se ponto de consumo e venda de drogas e de prostituição. O espaço teve investimento de R$ 54,1 milhões e tem 10 hectares de extensão.

No site da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) é informado que o parque é aberto diariamente, das 5h às 23h. Mas quem frequenta o lugar sabe que não é bem assim. Desde junho do ano passado, quando a iluminação precisou ser cortada em função do vazamento de corrente elétrica, a Prefeitura vem fechando os portões do parque ao anoitecer. No local, não existe segurança patrimonial, nem da Polícia Militar.

O "lago" causa preocupações nos visitantes por conter lixo e água parada. Foto: João Velozo/Esp. DP.

Frequentadores também reclamam da limpeza do lugar, onde até há pouco havia focos do mosquito da dengue, sem que a administração do parque tomasse providências. Somente depois de muitas denúncias, o local foi "parcialmente" limpo. O publicitário Rafael Melo, 26 anos, elogia a iniciativa de construção do parque, mas ressalta que o mesmo está completamente abandonado. "Não abre à noite por medo dos postes vazarem corrente, as pistas racham com facilidade, há lagos com água parada e outros problemas".

Para o estudante Edson Vínicius de Paula, 21 anos, que mora próximo ao parque, a ideia inicial do espaço de lazer era boa, mas ele faz ressalvas sobre as condições em que o equipamento foi inaugurado. “O Parque da Macaxeira nunca foi 100%. Além de ter sido entregue sem grama e não ter drenagem até hoje, a pista de bicicross está desde sempre fechada” critica o estudante, que compara o Parque da Macaxeira com outros parques da cidade: "Na Jaqueira, não existem esses problemas. E o público não é tão diferente. Talvez no dia a dia seja, mas durante o fim de semana existe uma mistura”, opina.

Promessa não realizada

O também estudante Thiago Cristiano Campos, 30 anos, reclama que o projeto foi apresentado de uma forma e entregue de outra. Segundo ele, o parque teria sido entregue às pressas e, por isso, muitas coisas prometidas ficaram apenas no papel. “O projeto era um parque, biblioteca, escola técnica e expresso cidadão. Até então só o parque e a escola foram inaugurados”, afirma.
O estudante Thiago Campos acredita que o parque anunciado não é o mesmo que foi entregue. Foto: João Velozo/Esp. DP.

Thiago critica ainda a falta de segurança no local. "No ano passado aconteceram alguns arrastões. A patrulha do bairro aparece de vez em quando, e somente à tarde, mas quando aparecem não saem da viatura. Toda pista tem que ter sinalização, essa não tem. No  início, os fios estavam expostos, com risco de qualquer pessoa desatenta levar choque” diz o rapaz.

A ambulante Célia das Dores de Freitas, 51 anos, que trabalha no parque desde a abertura, comenta que o local está "jogado às traças". “Não vi nenhuma melhoria. Talvez tenha piorado. Não tem luz, os banheiros estão fechados, não tem segurança e alguns locais do parque servem para ponto de droga. Até mesmo as barracas, que serviriam de quiosques e nunca foram utilizadas, recentemente estão sendo usados por pessoas como um espaço para transar” desabafa a ambulante.
Os quiosques não teriam sido abertos desde a inauguração, mas agora têm outra finalidade. Foto: João Velozo/Esp. DP.

Parque contuinua em obras 

Inaugurado em abril de 2014 pelo governo do estado, o Parque da Macaxeira é administrado pela Prefeitura, que informou, em nota enviada ao Diario, que o serviço de drenagem está em obras e tem conclusão prevista para o início do segundo semestre. A obra consiste na reconstituição da rede de drenagem com implantação de tubos, canaletas e construção de caixas de passagem para captação de água, com investimento na ordem aproximada de R$ 2,9 milhões.

Ainda de acordo com a nota, os transtornos experimentados pelos visitantes serão passageiros, já que as obras trarão melhorias definitivas. Em relação a limpeza do parque, o trabalho está sendo feito por uma equipe de oito reeducandos da Secretaria Executiva de Ressocialização do Governo do Estado, que realizam os serviços de coleta e varrição.

Também em nota, a Polícia Militar informou que o policiamento no entorno do parque é feito pela Patrulha do Bairro que realiza rondas na região diuturnamente. Além disso, a PM também conta com o apoio do motopatrulhamento e do Grupo de Apoio Tático Itinerante (GATI).  A PM ressaltou a importância do registro de denúncias, por meio do número 190. A unidade disponibilizou também o telefone da  Patrulha do Bairro: 98494.3055.

Vocação ainda não consumada

Antes de ser construído o Parque da Macaxeira era a Fábrica de Tecidos de Apipucos, que com o tempo veio a ser conhecida por Fábrica Coronel Othon, nome da família dona do estabelecimento.

Durante o tempo que esteve desativada, diversos boatos circularam sobre qual o fim do lugar que fez com que as proximidades fossem povoada. De shoppings a grande rede de estabelecimento, o local se tornou o maior parque urbano do Recife.

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