Estatísticas Epidemia cresce 88% na semana Último boletim sobre os casos de arboviroses no Recife aponta sobretudo para o crescimento da chikungunya

Por: Alice de Souza - Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/02/2016 07:00 Atualizado em: 11/02/2016 08:45

Um novo boletim com estatísticas sobre arboviroses na capital pernambucana deve sair até o fim deste semana, mas ainda não será possível identificar o impacto do carnaval na tríplice epidemia. Foto: 	Rafael Neddermeyer/Fotos Publica
Um novo boletim com estatísticas sobre arboviroses na capital pernambucana deve sair até o fim deste semana, mas ainda não será possível identificar o impacto do carnaval na tríplice epidemia. Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Publica
A tríplice epidemia de zika, chikungunya e dengue continua a avançar no Recife. Mesmo sem considerar o período de carnaval, houve um crescimento de 88% nas notificações de arboviroses na cidade em uma semana. Se considerado o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 11%. O último boletim aponta para um avanço, sobretudo, da chikungunya, como previam os especialistas desde o começo do ano. Diante disso, haverá a partir desta semana reforço nas ações de entrada nas casas fechadas com o uso de chaveiros.

Até então, foram notificados 1.412 casos de arboviroses no Recife, dos quais 744 de dengue, 411 de chikungunya e 257 de zika vírus. Desses, 1.347 permanecem como casos prováveis, o restante foi descartado. Dentre as três doenças, o maior crescimento semanal foi da chikungunya (123%). Os casos de zika cresceram 32% e os de dengue 99%. No mesmo período do ano passado, 3 a 23 de janeiro, era 1.271 notificações de arboviroses no município. Também permanece maior a quantidade de óbitos quando analisado o período, são quatro em investigação.

Os distritos sanitários 5, 6 e 4 são os que concentram a maior parte das notificações, 46,2% delas. Os bairros com maior taxa de incidência por 10 mil habitantes são Recife, Mangabeira, Santo Antônio, Coelhos e Ilha do Retiro. Esses locais são prioritário nas ações de controle dos focos do mosquito Aedes aegypti, vetor das doenças, explicou a secretária-executiva de vigilância à saúde da cidade, Cristiane Penaforte.

“Nos últimos 10 anos, mesmo aqueles de epidemia, os meses de janeiro, fevereiro e março sempre tiveram aumento dos casos acima do limite esperado. Neste ano, temos ainda quatro vírus da dengue, a zika e a chikungunya circulando”, lembra Penaforte. O município está intensificando as ações nos bairros onde está ocorrendo transmissão ativa, garante, com incremento de agentes, militares e mutirões.

Depois de esgotadas as tentativas de identificar os donos de alguns imóveis fechados, a prefeitura irá também potencializar o uso dos chaveiros para abrir os locais e fazer o tratamento dos focos. O trabalho é feito em parceria com a Guarda Municipal e a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb). “São casas abandonadas e fechadas, terrenos baldios, onde já esgotamos as três tentativas de entrada”, acrescentou Penaforte. Os chaveiros abrem e depois fecham os cadeados, pós-tratamento dos focos. Um recenseamento está em andamento para identificar onde a ação será feita. Somento no distrito sanitário um, que engloba bairros como Boa Vista, Santo Amaro e Ilha Joana Bezerra, são 60 locais fechados.

Efeito do carnaval só será visível em 15 dias

Um novo boletim com estatísticas sobre arboviroses na capital pernambucana deve sair até o fim deste semana, mas ainda não será possível identificar o impacto do carnaval na tríplice epidemia. A real dimensão do avanço das doenças no período de momo só será descrito em cerca de 15 dias, quando terá passado o tempo de incubação da doença e os serviços já terão feito a notificação dos pacientes. A expectativa, porém, é de que os quatro dias de folia tenham impacto no crescimento dos registros.

Cerca de 1,5 milhão de pessoas circularam pelo Recife durante os quatro dias de festa. Entre chegadas no aeroporto e na rodoviária, foram 290 mil desembarques. A aglomeração, explica Cristiane Penaforte, é um fator determinante nas estatísticas.

“O trânsito de pessoas circulando na cidade foi grande, com gente de várias partes do Brasil e do mundo. Sabemos que todo evento de massa potencializa o risco de transmissão de doenças, pois as pessoas podem se infectar e trazer doenças também. Então é possível que a gente perceba um aumento ainda maior das arboviroses dentro de 15 dias”, esclareceu a secretária-executiva de Vigilância à Saúde.

Ela esclareceu ainda que foi utilizada uma estratégia diferenciada para tentar minimizar as transmissões durante a folia, com uso de bombas costais e carros fumacê. A estimativa de 15 dias inclui o tempo médio de demora a desenvolver os sintomas depois de ser picado pelo mosquito, cerca de 3 a 7 dias. “Também levamos em consideração o tempo em que as pessoas procuram as unidades de saúde e isso entre para o banco de dados”, acrescentou Penaforte.

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