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Bebês com microcefalia têm problema no nervo óptico

Pesquisa elaborada com 10 crianças atendidas na Fundação Altino Ventura apontou anormalidades em 45% dos olhos

Publicado: 16/02/2016 às 07:32

Altino Ventura atendeu 10 crianças incluídas no estudo. Foto: Peu Ricardo/ DP/

Altino Ventura atendeu 10 crianças incluídas no estudo. Foto: Peu Ricardo/ DP/

Altino Ventura atendeu 10 crianças incluídas no estudo. Foto: Peu Ricardo/ DP Depois de identificados problemas de retina em bebês com microcefalia, um novo estudo aponta que as crianças com a malformação também apresentam alterações no nervo óptico e nos dois olhos ao mesmo tempo. A pesquisa elaborada com 10 crianças atendidas na Fundação Altino Ventura apontou anormalidades do nervo óptico em 45% dos olhos. O artigo, disponível nos Arquivos brasileiros de oftalmologia, reforça a relação entre microcefalia e zika.

Elaborada por dez pesquisadores da fundação, Hospital Universitário Oswaldo Cruz, Hope, Barão de Lucena e Faculdade de Medicina da Unifesp, a pesquisa mostra que 70% das mães dos bebês analisados relataram ter tido sintomas de zika, das quais seis durante os três primeiros meses de gestação. As crianças nasceram entre maio e dezembro de 2015.

A maioria das crianças (60%), eram meninas. Em todos os pacientes, cuja média de perímetro cefálico foi de 26 a 31,5 centímetros, foram identificadas calcificações cerebrais. As alterações maculares (na retinas) encontradas em 15 dos 20 olhos analisados não tinham sido relatadas em outras epidemias de zika no mundo.

Também é o primeiro estudo em que se observa problemas no nervo óptico em crianças com microcefalia. Em nove olhos analisados foi identificada hipoplasia do nervo óptico, quando é considerado pequeno. Esse tipo de alteração só havia sido correlacionada a infecções intra-uterinas por citomegalovírus.

“O nervo óptico conduz as informações passadas pelo olho, pela retina, e leva até o cérebro para serem decodificadas e interpretadas. As alterações são como se ele tivesse passado por um sofrimento no momento do desenvolvimento. Elas são mais uma contribuinte para a baixa visão”, explicou a oftalmologista e uma das responsáveis pela pesquisa, Camila Ventura.
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