Escola Almirante Tamandaré sairá da Vila Naval em 2016
Estudantes, pais de alunos e professores protestaram contra o fechamento da unidade de ensino
Publicado: 03/12/2015 às 07:15

/
Estudantes, pais de alunos e professores protestaram, ontem, contra o fechamento da Escola Estadual Almirante Tamandaré, que funciona há mais de 40 anos, no bairro de Santo Amaro, no Recife, com cerca de 900 alunos. Durante o ato, os manifestantes deram um abraço simbólico na escola. A unidade de ensino, que funciona dentro da Vila Naval, se tornou alvo de preocupação sobre a sua permanência desde que a Marinha do Brasil anunciou a intenção de comercializar o terreno da Vila Naval. A interrupção do funcionamento da escola, no entanto, foi uma decisão da Secretaria Estadual de Educação. Neste momento, o movimento #Resiste Santo Amaro, a União Brasileira dos Estudantes Secudaristas (Ubes), União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (UMES) e alunos realizam um protesto em frente à Gerência Regional de Educação da área Norte do Recife (GRE), em Santo Amaro.
A escola funciona em regime de cessão no terreno da Marinha. De acordo com o comandante de Mar e Guerra Ricardo Oliveira, foi oferecido um terreno na própria Vila Naval para possibilitar a construção de uma escola mais moderna. “A comunidade fez essa solicitação e eu procurei pessoalmente a Secretaria de Educação para oferecer o terreno na Avenida Cruz Cabugá. E iríamos esperar a nova escola ser construída para ser efetivada essa transferência, quando fomos surpreendidos com essa informação do seu fechamento ”, afirmou.
Em nota, a Secretaria de Educação informou que os estudantes estão com as suas matrículas garantidas para o ano letivo de 2016 e, em razão da demanda da Marinha, “destaca que existe na região uma oferta vasta de escolas próprias do governo que podem atender com tranquilidade a demanda da escola Almirante Tamandaré, inclusive com estruturas mais adequadas, a exemplo das escolas em tempo integral e técnica”, conclui a nota. Um dos moradores de Santo Amaro e membro do movimento #Resiste Santo Amaro criticou a nota. "Diante disso, nós do Movimento Resiste Santo Amaro, requeremos que seja garantida a permanência da escola no seu local de origem, assim como; de imediato seja garantida a matrícula para o ano letivo de 2016, e que seja respondido de forma oficial o pedido de informação feito por esse movimento junto à direção da unidade e a Gerência Regional de Educação - GRE", frisou.
A aluna do 2º ano do ensino médio Juliana dos Santos, 23, destacou a zona de conflito nas áreas do bairro de Santo Amaro. "O colégio não pode sair daqui, se fomos transferidos para outra unidade não poderemos continuar nossos estudos, pois Santo Amaro tem muito tráfico de drogas e zonas de conflitos. Por isso queremos ficar estudando dentro da Vila Naval, que fica em frente da minha comunidade. Aqui estamos seguros e o melhor, próximos de nossas famílias", disse.
A decisão do fechamento da escola resultou numa mobilização pelas redes sociais com abaixo-assinado eletrônico. Enquanto o destino da escola já havia sido definido pela Secretaria de Educação, a Prefeitura do Recife realiza em paralelo as diretrizes do futuro plano urbanístico que está sendo feito em parceria com a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), onde está inserida a Vila Naval. Nas audiências públicas, já realizadas, a escola sempre esteve em pauta como uma das medidas mitigatórias do futuro empreendedor do terreno da Marinha. “A Secretaria de Educação pode decidir sobre o funcionamento da unidade. Essa questão não interfere nas diretrizes do plano urbanístico”, afirmou o secretário de Planejamento do Recife, Antônio Alexandre.
"O processo da Vila Naval é muito complexo, a um ano estamos acompanhando este debate e queremos o cumprimento da lei do Plano Diretor para elaboração de um Plano Urbanístico, queremos participação popular, preservação do património histórico, cultural e ambiente. Queremos construção de habitação popular e principalmente a permanência da escola Almirante Tamandaré, são 900 alunos ali matriculados, somos totalmente contra a saída da escola do seu local de origem, a Promotoria de Habitação e Urbanismo já entrou com Ação Civil Público contra o Projeto da forma que ele está da Vila Naval ". disse Felipe Cury, ativista do #Resite Santo Amaro e graduando em Gestão Pública.
Segundo Felipe o procedimento realizado pela Secretaria de Educação está totalmente equivocado."A Marinha nós informou que desde agosto mandou documento para Secretaria para renovar a cessão por mas um ano e a mesma não deu encaminhamento, ao contrário, começaram a transferir os alunos da escola sem que a comunidade escolar pudesse escolher ficar na escola, a participação não é um princípio seguido pela atual direção. Queremos saber qual foi o critério que a gestão usou para não continuar na escola. Está direção terá como marca acabar com uma escola que funciona ali a mais de 40 anos, vamos lutar para que isso não aconteça".
Flávio Batista é pai de aluno e está indignado com o fechamento do colégio. "Moro próximo à Vila Naval, na comunidade Ilha de Santa Terresinha, que fica ao lado do Shopping Tacaruna, e e cresci estudando no Almirante Tamandaré. Isso é um absurdo, não pode faltar atenção para a educação nesse país. Minha filha me avisou que a direção tinha alertado sobre a saída dos alunos no próximo ano, mas isso não pode ser verdade", contou. Para protestar contra a retirada da escola, o movimento #Resiste Santo Amaro denunciou o fechamento junto ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

