Vida Urbana
Cajueiros natalinos
Os quintais e as praças do Recife, nesta época do ano, me fazem lembrar Mauro Mota em seu escrito sobre o cajueiro. Onde uma dessas árvores resistiu ao cimento, os cheiros da florada, dos maturis e dos frutos maduros emprestam um quê nordestino à cidade. Essa que insiste em pinheiros e adereços artificiais para celebrar o Natal, quando podia beber de Mota e do que lhe é dado gratuitamente pela natureza. Penso que o menino a quem o mundo cristão se volta hoje ficaria grato em receber uma mão cheia de cajus vermelhos e amarelos, iguais aos das árvores da Faculdade de Direito, na Boa Vista, e da Vila da Aeronáutica, em Boa Viagem, bem mais do que receber arremedos de bolas e frutos. Deixem essas coisas para os cantos do Norte da Terra, origem dessas ideias. O Recife tem modo próprio e natural de homenagear o Menino Jesus. Mistura aos cajus, que dá a boa passa e o doce ensopado de açúcar, o mangueiral – de frutos espada, comum e rosa – do Cemitério de Santo Amaro, dos sobrados de Poço da Panela, de Casa Forte, de Santana, e dos casarões da Madalena e do Rosarinho. Inconfundível o jeito da capital dizer ao Menino o quanto se veste para recebê-lo, embora essa roupa seja invisível a quem na confusão urbana, como eu, olhe apenas para semáforos, celulares e asfalto.
Árvore das Fronteiras
Famoso é o cajueiro da esquina das ruas das Fronteiras e Henrique Dias. Pacientes a caminho de clínicas e hospitais das redondezas param frequentemente para vê-lo coberto de frutos ou, quando esses caem, para apanhá-los. A árvore se confunde com o empreendimento que o preserva, o Hotel das Fronteiras.
Sombra aos cansados
Sobre o muro, no cruzamento da Henrique Dias com a Avenida Agamenon Magalhães, despencam galhos de um cajueiro. Os galhos abrigam os pedestres do sol quente e fazem os agentes de trânsito municipais, que rotineiramente trabalham por ali, arregalarem os olhos para os frutos que amadurecem.
Enfeite das pontes
Ao menos uma vez, em 1987, o Recife reconheceu oficialmente os cajueiros como as árvores natalinas da cidade. Na época, a prefeitura convidou artistas para decorar o trecho da Rua da Aurora, entre as pontes da Boa Vista e da Princesa Isabel, com o motivo. Houve estranhamento à novidade, que não se repetiu.
Chuvas de caju
O escritor, poeta e jornalista Mauro Mota dizia que o cajueiro é um elemento climatológico nordestino. Daí, “as chuvas de caju”, herança da tradição indígena. Para os tupis, “acaju” significava ano e, portanto, costumavam guardar uma castanha a cada safra. “Tantas castanhas, tantos anos já vividos”, escreveu Mota.
Duplo agrado
Aos frutos da mangueira da Rua Padre Inglês, o decorador clínica Cope decidiu juntar laços e bolas gigantes. Agradou ao espírito nordestino da cidade e aos defensores de que Natal não é Natal sem uma árvore em forma de pinheiro. Bem perto da mangueira, a cena mais importante da época: o presépio.
Os quintais e as praças do Recife, nesta época do ano, me fazem lembrar Mauro Mota em seu escrito sobre o cajueiro. Onde uma dessas árvores resistiu ao cimento, os cheiros da florada, dos maturis e dos frutos maduros emprestam um quê nordestino à cidade. Essa que insiste em pinheiros e adereços artificiais para celebrar o Natal, quando podia beber de Mota e do que lhe é dado gratuitamente pela natureza. Penso que o menino a quem o mundo cristão se volta hoje ficaria grato em receber uma mão cheia de cajus vermelhos e amarelos, iguais aos das árvores da Faculdade de Direito, na Boa Vista, e da Vila da Aeronáutica, em Boa Viagem, bem mais do que receber arremedos de bolas e frutos. Deixem essas coisas para os cantos do Norte da Terra, origem dessas ideias. O Recife tem modo próprio e natural de homenagear o Menino Jesus. Mistura aos cajus, que dá a boa passa e o doce ensopado de açúcar, o mangueiral – de frutos espada, comum e rosa – do Cemitério de Santo Amaro, dos sobrados de Poço da Panela, de Casa Forte, de Santana, e dos casarões da Madalena e do Rosarinho. Inconfundível o jeito da capital dizer ao Menino o quanto se veste para recebê-lo, embora essa roupa seja invisível a quem na confusão urbana, como eu, olhe apenas para semáforos, celulares e asfalto.
Árvore das Fronteiras
Famoso é o cajueiro da esquina das ruas das Fronteiras e Henrique Dias. Pacientes a caminho de clínicas e hospitais das redondezas param frequentemente para vê-lo coberto de frutos ou, quando esses caem, para apanhá-los. A árvore se confunde com o empreendimento que o preserva, o Hotel das Fronteiras.
Sombra aos cansados
Sobre o muro, no cruzamento da Henrique Dias com a Avenida Agamenon Magalhães, despencam galhos de um cajueiro. Os galhos abrigam os pedestres do sol quente e fazem os agentes de trânsito municipais, que rotineiramente trabalham por ali, arregalarem os olhos para os frutos que amadurecem.
Enfeite das pontes
Ao menos uma vez, em 1987, o Recife reconheceu oficialmente os cajueiros como as árvores natalinas da cidade. Na época, a prefeitura convidou artistas para decorar o trecho da Rua da Aurora, entre as pontes da Boa Vista e da Princesa Isabel, com o motivo. Houve estranhamento à novidade, que não se repetiu.
Chuvas de caju
O escritor, poeta e jornalista Mauro Mota dizia que o cajueiro é um elemento climatológico nordestino. Daí, “as chuvas de caju”, herança da tradição indígena. Para os tupis, “acaju” significava ano e, portanto, costumavam guardar uma castanha a cada safra. “Tantas castanhas, tantos anos já vividos”, escreveu Mota.
Duplo agrado
Aos frutos da mangueira da Rua Padre Inglês, o decorador clínica Cope decidiu juntar laços e bolas gigantes. Agradou ao espírito nordestino da cidade e aos defensores de que Natal não é Natal sem uma árvore em forma de pinheiro. Bem perto da mangueira, a cena mais importante da época: o presépio.
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