Manifestação Mulheres no Recife vão às ruas contra Eduardo Cunha Segundo as manifestantes, o deputado do PMDB cria e apoia projetos de lei que são um retrocesso para a sociedade brasileira

Por: Laís Araújo - Diario de Pernambuco

Publicado em: 13/11/2015 20:45 Atualizado em: 14/11/2015 00:28

Com mulheres na linha de frente, as manifestantes, que se concentravam desde às 16h, saíram às 18h da praça em direção à Avenida Conde da Boa Vista. Foto: Hesíodo Goes/Esp. DP./D.A Press
Com mulheres na linha de frente, as manifestantes, que se concentravam desde às 16h, saíram às 18h da praça em direção à Avenida Conde da Boa Vista. Foto: Hesíodo Goes/Esp. DP./D.A Press

Eduardo Cunha não foi bem-vindo no Recife na noite desta sexta-feira. O peemedebista, presidente da Câmara dos Deputados e alvo de investigações sobre a origem de dinheiro em seu nome em bancos suiços, foi o foco principal da manifestação que se concentrou na Praça do Derby, área central da cidade. Centenas de pessoas, em sua maioria mulheres, entoaram palavras de ordem contra a permanência dele no cargo. Entre os temas que mais alimentam a polêmica contra o deputado, está o PL 5.069/13, que dificulta o acesso ao atendimento médico às mulheres vítimas de violência.

Com mulheres na linha de frente, as manifestantes, que se concentravam desde às 16h, saíram às 18h da praça em direção à Avenida Conde da Boa Vista. A faixa etária dos presentes variava, e cartazes foram levados. Entre a multidão, faixas como “Nenhum retrocesso no direito das mulheres” e “Tire a biblía do meu útero”. Para a professora Flávia Verçosa, 48, os direitos conquistados, como a Lei Maria da Penha, correm risco sob a presidência de Cunha. “Com essa lei, por exemplo, a gente conseguiu respirar um pouco da violência. E aí vem todo esse retrocesso, esse fundamentalismo, e o risco de perdas muito grandes para as mulheres.”

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Tereza Farias, 62, acredita que é “lamentável” o foco das ações de Eduardo Cunha. “Fico doente com um negócio desses. Um homem que já viajou e viu o mundo, resolve lutar pra desconstruir o que, com luta, as mulheres conseguiram. Só quer prejudicar. É realmente perverso”. Ambas citam os entraves Plano Nacional de Educação (PNE) como um sintoma de retrocesso na sociedade brasileira. “Tentar impedir discussão de gênero na escola, por exemplo, é absurdo”, comenta Flávia. Elas contam que enxergam a reprodução de violência contra mulheres entre estudantes.


A caminhada seguiu pelo centro da cidade. O PL 5069/2013, de autoria de Eduardo Cunha, torna crime qualquer tipo de anúncio de método abortivo, inclusive às mulheres que sofreram violência sexual, que hoje, segundo a lei brasileira, podem requisitar a interrupção da gravidez. Com o projeto, seria, ainda, obrigatório a apresentação de um Boletim de Ocorrência e exame de corpo de delito para solicitar o atendimento médico no Sistema Único de Saúde após violência sexual. Para as mulheres da passeta, “um retrocesso histórico”.



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