Pílula do dia seguinte Mulheres protestam contra proibição dos abortivos

Por: Thais Arruda - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/10/2015 07:26 Atualizado em: 29/10/2015 11:17

Foto: Rafael Martins/ DP/ DA Press
Foto: Rafael Martins/ DP/ DA Press
Mulheres brasileiras correm o risco de perder o direito ao uso da pílula do dia seguinte. No Recife, cerca de 600 participantes se concentraram na Praça do Derby e seguiram até a Rua Dom Bosco para protestar contra o Projeto de Lei 5069/2013. A proposta criminaliza a prescrição à pílula, como a outros medicamentos abortivos, por profissionais de saúde, e determina que toda mulher vítima de estupro se submeta a boletim de ocorrência e exame de corpo de delito para só então receber o medicamento. O PL, de criação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e outros 12 deputados, tem gerado mobilização nacional que ganhou força nas redes sociais com a inclusão de avatares nos perfis do Facebook de usuários usando imagem de úteros na cor rosa.

A descrição do PL, que pode ser acessada pela população através do site nacional da Câmara, explica que o agente ou funcionário da saúde pública pode pegar de cinco a dez anos de reclusão caso prescreva ou induza a gestante ao uso de medicamentos considerados abortivos. Rafaella Gomes, 21 anos, estudante e criadora do evento Ato Unificado Contra o PL 5069/13 no Recife, conta que a pílula do dia seguinte teve importante papel durante sua adolescência. “Aos 16 anos, tive uma relação sem preservativo e precisei usar a pílula do dia seguinte. Nessa idade, a mulher não está preparada psicologicamente ou emocional para cuidar de um filho. O projeto 5069 prejudica, além desse caso, aquelas que sofrem de estupro”, comentou Rafaella. A proposta já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia 21 deste mês e aguarda agora por aprovação no Plenário.

 Durante o ato no Recife, cartazes com pedidos de respeito ao corpo das mulheres e o direito de escolha como com o uso da pílula, foram confeccionados. “Com as mulheres sendo obrigadas a fazer um boletim de ocorrência e exame de corpo de delito teremos um retrocesso de tudo que já conquistamos. É uma nova forma de violência, pois, se isso acontecer, milhares de mulheres terão que manter a gestação ocasionada pelo estuprador”, ressaltou Silvia Dantas, coordenadora do Fórum de Mulheres de Pernambuco. A mobilização contrária à medida também deve ter atos em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, em processo de articulação nas redes sociais.

 

 Número de mulheres vítimas de estupro, tentado ou consumado, de acordo com a Secretaria da Mulher de Pernambuco e Secretaria de Defesa Social (SDS)

 Janeiro a julho de 2013

1468 casos


Janeiro a julho de 2014

1392 casos


Janeiro a julho de 2015

1149 casos


O que o projeto prevê:

Que toda vítima de estupro terá de realizar um boletim de ocorrência (BO) e fazer exame de corpo de delito para ser atendida em uma unidade de saúde. Mas, em muitos casos, a mulher não presta queixa na delegacia por medo do agressor.

 O tipo de atendimento que a mulher recebe também seria modificado, vetando que ela receba orientações sobre aborto legal e punindo profissonais de saúde envolvidos.


Quando o aborto é considerado legal no Brasil:

 Casos de estupro

Risco para a mãe ou para fetos anencéfalos (com má-formação cerebral)



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