Campanha Pacientes transplantados se unem em "corrente" de remédios pelas redes sociais Medida foi adotada para driblar a falta de medicamentos na farmácia do estado de Pernambuco

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 22/08/2015 09:01 Atualizado em:

Encontrar um doador de fígado compatível era a única solução do funcionário público Alex Gomes, 34 anos, para o tratamento da polineuropatia amiloidótica familiar (PAF). A missão foi concluída com sucesso em novembro de 2014. Desde então, agora aposentado, o morador do município de Buíque considerava a fase um passado concluso. Há dois meses, os imunossupressores que evitam a rejeição do órgão novo não são entregues a ele pela farmácia do estado. Alex só tem remédio para os próximos 10 dias e voltou a temer pela vida.

O caso dele é apenas um dentre muitos exemplos da situação por que estão passando os transplantados de fígado em Pernambuco. A falta de medicamentos como tracolimo e micofenolato de sódio, fundamentais para baixar a imunidade e permitir ao organismo aceitar o fígado novo, tem se agravado desde o início do ano. Para evitar que pacientes fiquem sem remédios, a Unidade de Transplante de Fígado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) criou uma corrente online para doações de medicamentos.

Através do Facebook e principalmente do Whatsapp, pacientes que estão trocando a dosagem, familiares de pacientes falecidos e pessoas em tratamento estão sendo convocadas a doar comprimidos. Uma rede de solidariedade para suprir a ineficiência do poder público e evitar complicações nos transplantados.

“Desta vez, a situação assusta. Só temos uma caixa com 100 comprimidos para 400 pacientes. Medicamentos que conseguimos através da rede. Caso contrário, estaríamos em apuros há três meses”, contabilizou a coordenadora da Unidade de Transplante de Fígado do Huoc, Shirley Monteiro. 

A medicação é imprescindível para evitar as rejeições. “Já houve caso em que o paciente tomou apenas a metade do comprimido com medo de acabar, mas só a dosagem completa garante que ele fique saudável”, alertou Shirley Monteiro. A falta estaria acontecendo na capital e também nas farmácias de Afogados da Ingazeira, Palmares e Limoeiro. Alex só conseguiu o estoque graças à solidaridade. “Não estou dormindo direito com medo. A cirurgia já foi um risco e ainda temos que passar por isso”, reclamou Alex.

Regularização
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) esclareceu que está trabalhando para regularizar o estoque de medicamentos das farmácias de Pernambuco. O órgão disse que o tracolimo 5g é repassado pelo Ministério da Saúde e houve atraso na entrega em todo o país. O Tracolimo 1mg foi comprado com quantidade para abastecer três meses.
Em relação ao micofenolato de sódio, uma primeira remessa do medicamento chegou na semana passada e foi distribuída.



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