Dor "Era um cara que telefonava do trabalho para saber como a gente estava", diz pai de PM morto por colega João Batista da Silva, 68 anos, disse que tira forças da fé para suportar a perda do filho, o policial Adriano Batista, morto dentro da viatura

Por: Larissa Rodrigues - Diario de Pernambuco

Publicado em: 31/08/2015 21:02 Atualizado em: 31/08/2015 21:21

"Tenho uma religião que me ajuda muito nesta hora, porque sou espírita. Por outro lado, meu filho sendo policial sempre estávamos esperando alguma coisa ruim." João Batista da Silva, 68 anos, pai do policial morto pelo colega (NandoChiappetta/DP/D.A Press)
"Tenho uma religião que me ajuda muito nesta hora, porque sou espírita. Por outro lado, meu filho sendo policial sempre estávamos esperando alguma coisa ruim." João Batista da Silva, 68 anos, pai do policial morto pelo colega
A família do cabo Adriano Batista da Silva, 42 anos, morto por um colega de trabalho dentro de uma viatura, na manhã do último domingo, só quer entender como uma pessoa sem estrutura emocional permanecia trabalhando nas ruas e com acesso a armas. De acordo com o pai de Adriano, o aposentado João Batista da Silva, 68, a preocupação dos parentes continua, porque um dos dois irmãos do cabo é policial civil.

Ao assistir uma entrevista do comandante geral da PM, coronel Pereira Neto, João Batista ouviu ele dizer que o soldado Flávio Oliveira, 32, tinha sido avaliado pelo corpo médico da corporação e estava apto a trabalhar.

“Foi provado que não. Pelo que ele fez foi provado que ele não estava apto a estar com uma arma no meio da rua. Poderia ter sido com qualquer pessoa, não só com o meu filho. Esse corpo de médicos precisa ser revisto, porque isso não está certo”, afirmou João Batista da Silva.

Apesar da indignação, o aposentado disse não haver mais providências a serem tomadas por parte da família. “Sou muito pequeno para me meter nisso. O que fizeram comigo não tem mais reparo. Meu filho não volta mais. Então, agora é pedir a Deus pelos outros dois que ficaram para não acontecer com eles, porque um está na Polícia Civil."

No enterro de Adriano Batista, o coronel Pereira Neto enfatizou que a tragédia afetou todos os policiais, civis ou da PM, além da população de modo geral. Mas destacou novamente que os PMs são submetidos a um exame psicotécnico equando ingressam na corporação e são observados durante a trajetória profissional.

“Quando o soldado Flávio foi submetido à junta médica e ficou decidido que ele estava em condições de trabalhar não cabia ao comandante geral questionar”, observou. Para João Batista, a lembrança que fica é de um filho carinhoso. Ele disse buscar apoio na fé para suportar a dor.

Confira o depoimento de João Batista dado à imprensa durante o enterro do filho:

"Eu tenho uma religião que me ajuda muito nesta hora, porque sou espírita. Por outro lado, meu filho sendo policial sempre estávamos esperando alguma coisa ruim, porque a gente não ficava confortável com isso. Não é fácil, principalmente quando a gente tem um filho tão próximo como ele era de mim e da mãe dele. Estava sempre lá conversando conosco e dizendo que se precisássemos de alguma coisa era só ligar. Era um excelente filho, um cara que telefonava do trabalho para seber como a gente estava. Toda vez que chegava lá em casa me dava um beijo e eu dizia: como é que tu beija um velho feito eu? Ele dizia: o senhor é meu pai, não é um velho não. Essa é a lembrança que vai ficar."



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