Júri popular Sete jurados vão decidir destino de cinco policiais acusados de matar adolescentes PMs teriam obrigado grupo de adolescentes a pular no rio, no carnaval de 2006, matando dois deles por afogamento

Publicado em: 20/05/2015 07:51 Atualizado em: 20/05/2015 09:35

As mães das vítimas chegaram ao fórum vestindo camisas com as fotos dos filhos.Foto: Wagner Oliveira/ DP/ DA Press
As mães das vítimas chegaram ao fórum vestindo camisas com as fotos dos filhos.Foto: Wagner Oliveira/ DP/ DA Press
A escolha dos sete jurados será o primeiro passo do julgamento de cinco policiais acusados de obrigar um grupo de adolescentes a pular no rio, no carnaval de 2006, matando dois deles por afogamento. O júri começa na manhã desta quarta-feira, no Forum Rodolfo Aureliano, na Joana Bezerra.

Nove anos após as mortes de dois adolescentes, afogados após serem obrigados a entrar no Rio Capibaribe, cinco dos oito policiais militares acusados pelo crime irão a júri popular. Serão julgados os réus Sebastião Antônio Félix (tenente), Aldenes Carneiro da Silva (sargento), José Marcondi Evangelista (soldado), Ulisses Francisco da Silva (soldado) e Irandi Antônio da Silva (soldado). Todos já chegaram ao fórum.
Os corpos de Zinael José Souza da Silva, 17, e Diogo Rosendo Ferreira, 15, foram encontrados no dia 1º de março de 2006. Foto: Arquivo pessoal
Os corpos de Zinael José Souza da Silva, 17, e Diogo Rosendo Ferreira, 15, foram encontrados no dia 1º de março de 2006. Foto: Arquivo pessoal

Os corpos dos adolescentes Zinael José Souza da Silva, 17, e Diogo Rosendo Ferreira, 15, foram encontrados no dia 1º de março de 2006, boiando no rio, no bairro da Torre. O caso publicado com exclusividade pelo Diario na época resultou no afastamento de 13 policiais militares para investigação.
 (Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006. Foto: Reprodução/ Diario de Pernambuco)

As mães das vítimas chegaram ao fórum vestindo camisas com as fotos dos filhos.Temendo represálias, elas pedem para não terem os rostos fotografados. Os familiares estão confiantes na condenação. “Estaremos todos no fórum. Tomara que agora a justiça seja feita, pois já se passaram muitos anos e os culpados não foram punidos”, desabafou a irmã de Diogo, a dona de casa Patrícia Rosendo Ferreira. Todos os acusados estão respondendo aos crimes em liberdade. Com exceção do tenente Sebastião Félix, todos foram expulsos da PM. O caso do oficial está sendo analisado pelo Conselho de Justificação do Tribunal de Justiça da Pernambuco.

Como aconteceu - Um grupo de 17 adolescentes foi abordado por duas viaturas, sendo uma do Batalhão de Radiopatrulha e outra da Emergência Policial 190 do 16º BPM, nas imediações do Cais de Santa Rita quando seguiam para o Marco Zero, onde iriam brincar carnaval. Ouvidos pela reportagem na época do crime, os adolescentes contaram que foram colocados dentro das viaturas, circularam por várias ruas da cidade e depois foram levados para as imediações do Fórum do Recife, em Joana Bezerra. Lá, os adolescentes disseram que sofreram espancamentos de cassetetes, foram agredidos com tapas e depois obrigados a entrar na maré.

Meninos foram agredidos com cassetetes pelos Policiais Militares. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press
Meninos foram agredidos com cassetetes pelos Policiais Militares. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press

Como não sabiam nadar, Diogo e Zinael morreram afogados. Os outros garotos conseguiram sobreviver. Familiares das vítimas afirmaram que os meninos foram confundidos com um grupo que estava realizando furtos no Bairro do Recife. “Nossos filhos não eram ladrões. Só porque estavam com os cabelos pintados de loiro os policiais pensaram que eles estavam roubando”, afirmou a mãe de dois jovens que foram agredidos.

Em depoimentos à polícia e à Corregedoria Geral, os militares contaram que pegaram os garotos e depois os abandonaram, mas negam que tenham particado agressões. No entanto, segundo o delegado responsável pelas investigações não restam dúvidas das participações de cinco deles no crime.

“Com menos de 30 dias já tínhamos a identificação de todas as vítimas, sendo duas fatais, e ainda das viaturas que participaram das duas ações bem como os nomes dos envolvidos. Cinco deles foram indiciados, que são esses que estão indo a júri, os outros três foram denunciados pelo Ministério Público e serão julgados depois”, ressaltou o delegado Paulo Jeann Barros.

Depoimentos das vítimas e testemunhas, mapeamento das viaturas através do sistema GPS, recibo de devolução de dois cassetetes quebrados e o reconhecimento fotográfico dos suspeitos realizados pelas vítimas e testemunhas foram alguns dos indícios e provas materiais apresentados pela polícia.

 

 




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