Crime Pedagogo assassinado será sepultado esta manhã José Bernardino da Silva Filho foi morto no Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista, onde vivia há pelo menos dois anos

Publicado em: 18/05/2015 07:39 Atualizado em: 18/05/2015 07:45

Será sepultado na manhã desta segunda-feira o auxiliar de coordenação pedagógica do Colégio Agnes e professor da rede municipal de ensino, José Bernardino da Silva Filho. O enterro está marcado para as 10h de hoje no cemitério de Santo Amaro.

O pedagogo, de 49 anos, foi morto dentro do apartamento número 72 do Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista, no Recife, onde vivia há pelo menos dois anos. Mais um crime brutal chocou os moradores do prédio. Em 2007, o médico Fernando Toledo, também foi assassinado no mesmo imóvel. O corpo de José Bernardino foi retirado do local no final da noite do último sábado, depois de ser encontrado por um amigo e por vizinhos, sem roupas e enrolado em fios de eletrodomésticos e com sinais de pancadas na cabeça.

De acordo com uma vizinha, que preferiu não se identificar, o pedagogo foi visto pela última vez na noite da quinta-feira, quando estacionou a motocicleta na parte interna do prédio. Desde então, vizinhos apenas ouviam o bater da porta do apartamento. “Ele sempre deixava um pano para vedar a porta quando saía, porque ela estava com problemas, mas fechava por dentro. Quando foram verificar, a porta estava encostada e a grade da frente com um cadeado, que foi arrombado”, afirma. A informação é de que o corpo foi encontrado com os pés amarrados com um fio de ventilador e o pescoço, com fio de um ferro de passar, também utilizado para desferir golpes contra a vítima.

Segundo a polícia, o homem não era casado, não tinha filhos e mantinha relações homoafetivas supostamente com garotos de programa. Um jovem que ajudou a descobrir o corpo e era comumente visto nas dependências do prédio acompanhando o pedagogo deve ser localizado e interrogado pela polícia nos próximos dias, já que ele deixou o local antes da chegada das equipes do IML e da Força-Tarefa de Homicídios. O caso será investigado pelo delegado Alfredo Jorge.Na página dele, no Facebook, muitas declarações de alunos e professores sobre o amigo.

Trabalho era sua prioridade

Betinho do Agnes. Era assim que era conhecido José Bernardino. Um homem discreto e de poucas palavras. Em descrições repetidas, era apontado como incapaz de fazer mal a alguém. Ex-intérprete de músicas gospel, era sozinho, sem cônjuge ou filhos e bem distante da família de seis irmãos. “Ele nunca tinha tempo. Só pensava em trabalhar. Era de casa para o trabalho, às vezes igreja. Precisamos entender o que aconteceu. Só soubemos no dia seguinte à descoberta da polícia. Foi um choque para todos nós”, disse uma irmã, Márcia Pereira do Nascimento, 51. “Nos falávamos, às vezes, pelo telefone e nos víamos no Natal. Nunca soubemos que ele tinha inimigo algum”, completa uma outra irmã, Sandra Pereira Alves, 53.

A todo o momento, amigos e colegas de trabalho chegavam ao Instituto de Medicina Legal para buscar informações. Em suma, queriam saber se era verdade a notícia que lhes parecia improvável. “Ele faltou ao trabalho na sexta-feira. Pensamos logo que poderia ter sido um acidente, já que ele andava numa cinquentinha”, contou o colega e auxiliar de manutenção Everaldo Trajano, com quem trabalhou 17 anos.

Endereço marcado por crimes 


Apenas dois andares abaixo do de Betinho, no número 52, há oito anos quase exatos, morreria um outro homem, de forma chocante no Edifício Módulo. O então pneumologista da Policlínica Lessa de Andrade, Luiz Fernando Toledo Uchôa, aos 67 anos, foi encontrado morto, apenas de cuecas, com marcas de pancadas na cabeça, no quarto do apartamento que alugava há quase dez anos. O crime registrado no dia 29 de maio de 2007, teve como arma um banco de madeira e, como testemunhas, vizinhos que ouviram gritos de uma discussão numa noite de terça-feira.

O depoimento do porteiro do prédio que ajudou a polícia a fazer o retrato falado foi fundamental para a prisão do acusado. Uma semana depois do crime, o capoteiro Sidrack Francisco da Silva, então com 30 anos, foi preso em São Lourenço da Mata. Ele confessou o crime alegando ter sido forçado ao sexo, mesmo após admitir manter um relacionamento há quase um ano com o médico – que era casado, pai de três filhas e morava com a família na Avenida Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem.
Em 2009, o acusado Sidrack foi condenado a 15 anos de reclusão.



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