Ato Moradores da comunidade Cacique Chicão protestam contra desocupação Manifestantes fecharam a entrada do bairro do Ibura, ainda inconformados e alegando não ter lugar definido para moradia.

Publicado em: 29/05/2015 12:38 Atualizado em: 29/05/2015 13:30

Foto: Whatsapp/Divulgação
Foto: Whatsapp/Divulgação
Moradores da comunidade Cacique Chicão, despejados nesta quinta-feira por uma ação de desocupação do terreno na Avenida Recife onde viviam há cerca de dois anos, realizam um protesto no início da tarde desta sexta-feira. Os manifestantes fecharam a entrada do bairro do Ibura, ainda inconformados e alegando não ter lugar definido para moradia.

A operação foi realizada por 319 policiais militares e 32 federais. A área foi liberada em cumprimento a uma ordem judicial de reintegração de posse à União. Erguida entre o muro do aeroporto e a Avenida Recife, no Ibura, a comunidade ocupava uma área pública de forma irregular e era considerada um risco para a aviação, por causa da falta de saneamento, que facilitava a proliferação de aves, e da ocorrência de incêndios.

Os 143 barracos foram demolidos. Sem ter onde se estabelecer, moradores cogitavam se mudar para outra ocupação já existente ou invadir um novo terreno. De acordo com cadastro realizado pela prefeitura, a pedido da Justiça Federal, havia 100 famílias no local, mas não há moradia nem auxílio-financeiro previstos para elas. Em nota, o município ressaltou que não é parte do processo, por se tratar de área federal.

A desocupação durou toda a manhã. Os moradores chegaram a montar barricada. A polícia respondeu com tiros de bala de borracha. Uma das ocupantes, Tamires Feitosa, 25, entrou em trabalho de parto. Por volta do meio-dia, o clima já era de tranquilidade, mas a Avenida Recife seguiu fechada parte da tarde.

Ciclo
O flanelinha Fabiano Lourenço Araújo, 28, morava no Chicão após viver em outras ocupações. “Passava a noite andando, porque as ruas são perigosas”, explicou. Há menos de um mês, começou a construir um barraco no local. Fabiano voltará às ruas com a esposa. O mesmo drama é vivido pelo vendedor de cocadas Sebastião de Castro, 25, que invadiu o terreno há mais de um ano depois de ficar desempregado. “Não conseguia pagar o aluguel e os medicamentos da minha filha, que estava desnutrida”. Ontem ele não sabia onde passaria a noite.

Os pertences dos ocupantes que não tiveram meios próprios para fazer mudança foram levados para um depósito da Justiça Federal. Foi o caso de Josiel Correia da silva, 49. Tirava com esforço as telhas de seu barraco, comprado de outro morador há dois meses por R$ 300. 

Em nota, a Justiça Federal ressaltou a necessidade de desocupação, pois se trata de faixa de segurança aérea, e lembrou  que o assunto foi tratado em audiências.



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