Sustentabilidade Como reaproveitar a água do balde sem correr o risco da dengue Atitudes simples, como derramar shampoo ou sabão líquido na água parada, podem manter à distância o mosquito transmissor sem abrir mão do reaproveitamento

Por: Tiago Cisneiros

Publicado em: 07/04/2015 17:00 Atualizado em: 09/04/2015 09:24

Rcomendação é que, a cada semana, a pessoa lave o recipiente que usa para guardar água para eliminar possíveis ovos que tenham ficado nas paredes. FOTO: Fábio Cortez/DN/D.A Press
Rcomendação é que, a cada semana, a pessoa lave o recipiente que usa para guardar água para eliminar possíveis ovos que tenham ficado nas paredes. FOTO: Fábio Cortez/DN/D.A Press
 

O reaproveitamento é uma das formas mais eficazes de economizar água. Afinal, o que seria desperdiçado em uma atividade doméstica ou pessoal pode ser o suficiente para suprir outra necessidade. Mas, para quem costuma encher baldes ou tonéis com essa finalidade, vale o lembrete: mantenha o cuidado com o mosquito da dengue. Nos três primeiros meses de 2015, houve um aumento de 368,67% nos casos da doença em Pernambuco, na comparação com o mesmo período de 2014. Atitudes simples podem reduzir drasticamente o risco de proliferação do Aedes aegypti, sem inviabilizar o consumo racional de água.

O Aedes aegypti, que também causa a febre Chikungunya, usa a lâmina da água parada como suporte para pôr seus ovos. Assim, uma medida simples para evitar a presença do mosquito é derramar produtos como shampoo ou sabão no líquido armazenado no balde. “Com essas substâncias, dependendo da quantidade, haverá a quebra da tensão superficial da água, o que dificulta a ovoposição”, explica a coordenadora do Programa de Prevenção a Dengue e Chikungunya de Pernambuco, Claudenice Pontes.

Segundo ela, não há tempo mínimo para que um mosquito “repouse” sobre a água e ponha seus ovos. Estes, no entanto, demoram cinco dias para se desenvolverem e se transformarem em adultos, capazes de contaminar a população. “Por isso, a recomendação é que, a cada semana, a pessoa lave o recipiente que usa para guardar água, de preferência com escovação, para eliminar possíveis ovos que tenham ficado nas paredes”, ensina. A água resultante dessa limpeza deve ser jogada na terra, e não reinserida na rede de esgoto.

Caso o recipiente seja utilizado para armazenar água residual, uma lavagem simples com escovação é suficientes para reduzir os riscos de procriação do mosquito. No entanto, se a água for limpa (e, portanto, mais propícia para o desenvolvimento do Aedes aegypti), são necessários cuidados adicionais. “Nesta hipótese, devemos desinfectar o reservatório, colocando um litro de água sanitária para cada cinco litros de água. Depois, deixamos essa solução agir por 24 horas e, aí, podemos colocar a água no ambiente”, explica a gerente da Coordenação de Vigilância Ambiental do Recife, Fabiana Camarão. Essa orientação é válida, especialmente, para quem não tem abastecimento regular em casa e que, portanto, guarda água para utilizar nos dias de falta.

Claudenice e Fabiana destacam, ainda, a importância de manter os recipientes tampados, de modo a impedir o acesso dos mosquitos adultos à água parada. Segundo a gerente da Vigilância Ambiental, os agentes do órgão vêm observando um alto número de reservatórios familiares com larvas de dengue, que se somam a outros pontos de risco, como construções inacabadas e terrenos baldios. “É importante convidar a população para ter mais cuidado, porque a gente está em uma epidemia. A participação de todos é fundamental, como responsabilidade solidária, cidadã. A dificuldade é grande, mas medidas simples são eficientes e relevantes”, diz.

Em Pernambuco - De acordo com o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde, foram notificados 14.346 casos de dengue (2.168 confirmados), entre 1º de janeiro e 28 de março de 2015, em 157 municípios de Pernambuco. O número é 368,67% superior ao do mesmo período de 2014, quando 3.061 ocorrências foram registradas e 1.044, confirmadas.



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