Mistérios Polícia acredita que corpo foi incendiado em ato criminoso No dia 30 de abril de 2015 completa um ano que o cadáver do cabo reformado José Camilo Rodrigues foi encontrado carbonizado dentro do necrotério do Hospital da Polícia Militar de Pernambuco

Por: Larissa Rodrigues - Diario de Pernambuco

Publicado em: 05/03/2015 10:00 Atualizado em: 04/03/2015 23:04

Delegada Silvana Carla diz que não é possível identificar as pessoas que aparecem nas imagens das câmeras de segurança do Hospital da Polícia Militar (Nando Chiappetta/DP/ D. A Press.)
Delegada Silvana Carla diz que não é possível identificar as pessoas que aparecem nas imagens das câmeras de segurança do Hospital da Polícia Militar
Perto de completar um ano, o estranho caso do cadáver que pegou fogo dentro do necrotério do Hospital da Polícia Militar de Pernambuco, no Derby, continua cercado de mistérios. Apenas em um ponto a polícia parece ter certeza: o fogo teria sido provocado por ação criminosa. A delegada responsável pelo inquérito, Silvana Carla, da Delegacia do Espinheiro, afirmou que a principal linha de apuração é criminal. De tão remota, a possibilidade de combustão espontânea, ventilada na época, virou secundária, apesar de não ter sido descartada totalmente.

Silvana Carla trabalha com três motivos para o crime: vilipêndio (desrespeito) a cadáver, tentativa de destruição de cadáver e ou de incriminar alguém. O objetivo é desvendar quem ateou fogo e qual a intenção. Na noite de 30 de abril de 2014, a família do cabo reformado da PM José Camilo Rodrigues, 74 anos, recebeu a notícia de que o pai estava morto e saiu para comprar o caixão. Quando os parentes voltaram, descobriram que o corpo dele havia pegado fogo no necrotério, sem nenhuma explicação razoável.

Dois detalhes intrigaram os peritos: tudo ao redor estava intacto e não havia sinais de arrombamento nas portas da sala. O que desafia a polícia atualmente é que nenhuma substância inflamável foi detectada no cadáver, apesar de haver nos laudos observações dos peritos informando que elementos como álcool, querosene ou gasolina, são altamente voláteis e de difícil detecção. “Não há prova técnica de qual meio utilizaram para atear o fogo”, afirmou Silvana.

Também não há testemunhas presenciais. O que existe são pessoas que viram o corpo depois da combustão. “Quase um ano depois e não temos respostas”, destacou uma das filhas do cabo, Jeane Silva Rodrigues. "Queremos justiça", completou. Segundo a delegada, todos que estavam no local e tinham ligação com o corpo são suspeitos. Treze pessoas foram ouvidas, entre funcionários, parentes, vizinhos do morto e sua companheira. Em 12 setembro de 2014 Silvana pediu mais tempo à Justiça para concluir o inquérito, sem data definida para ser encerrado. “Dos dois mil inquéritos abertos atualmente na Delegacia do Espinheiro esse é o mais complexo”, relatou.

Parte do vídeo foi apresentada à reportagem do Diario de Pernambuco (Reprodução/Imagens das câmeras de segurança do Hospital da Polícia Militar/Nando Chiappetta/DP/ D. A Press.)
Parte do vídeo foi apresentada à reportagem do Diario de Pernambuco

Imbróglio familiar - A inusitada história de José Camilo Rodrigues é cercada por uma drama familiar. Casado formalmente com a mãe de suas filhas, ele mantinha um relacionamento há 25 anos com outra mulher, com a qual tinha contrato de união estável, segundo Silvana Carla. Além disso, de acordo com a delegada, antes de morrer José Camilo deu uma procuração à companheira para que ela administrasse suas finanças, o que teria desagradado a família. “Houve, inclusive, uma disputa pelo corpo, no sentido de onde ele seria velado.” A decisão ficou com a família.

Segundo a polícia, o cabo reformado acabou deixando duas pensões, uma para a esposa e outra para a companheira. Um vídeo contendo as imagens das câmeras de segurança do hospital tem provocado polêmica entre a família e a polícia. As filhas do cabo afirmam que dá para ver o momento em que uma mulher entrou no necrotério e ateou fogo no corpo, com a ajuda de uma enfermeira. Já a delegada Silvana Carla diz que não é possível identificar ninguém nas imagens. A reportagem do Diario de Pernambuco teve acesso a uma parte do vídeo onde aparecem apenas carros chegando ao local e um homem de blusa branca de costas.

Cronologia:

-O fato ocorreu por volta das 18h30 de 30 de abril de 2014.
-O Boletim de Ocorrência chegou na Delegacia do Espinheiro cerca de 30 dias depois do ocorrido.
-Em julho de 2014 Silvana Carla teve acesso às imagens das câmeras de segurança do hospital.
-Em 12 setembro de 2014 Silvana Carla pediu mais tempo à Justiça para concluir o inquérito.
-Em 9 de dezembro do ano passado, o Ministério Público devolveu o caso à delegada.



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