Diario de Pernambuco
Busca
Personalidades Conheça a história de dez pernambucanos que dão nomes a vias e prédios importantes

Publicado em: 14/03/2015 14:00 Atualizado em: 16/03/2015 15:55

Você sabia que José Estelita foi um importante urbanista, que Rosa e Silva mandou incendiar o Derby para prejudicar um rival político e Cruz Cabugá tentou trazer Napoleão Bonaparte para lutar na Revolução Pernambucana de 1817?
A maioria dos moradores do Recife não sabe quem são pessoas cujos nomes ouvem com muita frequência. Por isso, o Diario separou 10 dos nomes mais conhecidos da capital para explicar quem foram essas personalidades pernambucanas homenageadas em vias e prédios importantes da cidade.


1. Rosa e Silva (1857-1929)

Pouca gente sabe que Francisco de Assis Rosa e Silva foi vice-presidente do Brasil, no mandato de Campos Sales (1898-1902). O recifense, assim como boa parte dos nomes que constam nesta lista, se formou na Faculdade de Direito do Recife (FDR), mas foi aquele que chegou mais longe no mundo da política. Além de vice-presidente, foi deputado provincial, deputado geral e ministro da Justiça.

De acordo com uma pesquisa da professora doutora Telma de Barros Correa, da Universidade de São Paulo (USP), há um caso curioso na história de Pernambuco que envolve Rosa e Silva.  Foi por sua orientação que o governador Sigismundo Gonçalves ordenou que a polícia incendiasse o Derby, uma espécie de centro de compras da época - onde hoje fica o bairro homônimo. O intuito era o de prejudicar o dono do local, o industrial Delmiro Gouveia, rival político de Rosa e Silva. A Avenida Rosa e Silva é conhecida pelo tráfego pesado na Zona Norte do Recife, especialmente nos fins de tarde.

2. Conde da Boa Vista (1802-1870)



O presidente da província de Pernambuco de 1837 a 1844 foi um homem que sabia tirar proveito das adversidades. Detido como revolucionário e enviado para um presídio em Portugal em 1821, foi solto dois anos depois e resolveu estudar matemática em Paris, ligada a Lisboa pelos trilhos dos trens.

Voltou ao Brasil e, em mandato de sete anos, mandou construir o Palácio das Princesas, o cemitério de Santo Amaro, a Casa de Detenção do Recife (hoje Casa da Cultura), o Teatro de Santa Isabel, pontes e estradas, entre outras grande obras.

Foi nomeado ainda presidente da província do Rio Grande do Sul durante a Guerra do Paraguai. Em 1870, morreu de causas naturais em casa, na Rua da Aurora, em frente ao rio Capibaribe.

3. José Estelita (1890-1951)
O engenheiro civil José Estelita trabalhou em diversos cargos importantes no governo de Pernambuco, quando liderou, entre outras obras, a construção da ponte do bairro da Torre. Com vinte anos de profissão, começou a lecionar urbanismo na Escola de Belas Artes do Recife. Estelita ficou conhecido pelos artigos na área do planejamento das áreas urbanas não só pelas suas ideias como também pelo estilo erudito do qual se utilizava para escrever.

Em sua homenagem, o Cais que liga o Cabanga, na Zona Sul do Recife, ao bairro de São José, na Região Central da cidade, tem o nome de José Estelita. Atualmente, o local está no centro de uma discussão acerca do crescimento urbano responsável.


4.Dantas Barreto (1850-1931)


De origem pobre em Bom Conselho, no Agreste, a presidente da província de Pernambuco, Emídio Dantas Barreto utilizou a guerra do Paraguai para galgar degraus na sociedade. Foi só no exército que foi alfabetizado, já adolescente, e mesmo assim chegou a se tornar membro da academia pernambucana de letras.

A Dantas Barreto é uma das avenidas mais importantes para o trânsito entre ônibus. Transportes que chegam do interior realizam o desembarque de seus passageiros na avenida, onde os passageiros podem pegar ônibus para vários outros locais do Recife. Também é onde desfilam as agremiações durante o carnaval pernambucano.

5. Cruz Cabugá
Antônio Gonçalvez Cruz, o Cruz Cabugá, teve um papel quase surreal na história de Pernambuco. Durante a revolução emancipacionista pernambucana de 1817, o ourives foi até os Estados Unidos com uma enorme quantia em dinheiro e o objetivo de recrutar Napoleão Bonaparte para lutar ao lado dos pernambucanos contra a monarquia portuguesa.
 
Cruz Cabugá deveria contratar oficiais que fizeram parte do exército do imperador e resgatá-lo do exílio na Ilha de Santa Helena. Mas a revolução não deu certo e os soldados foram capturados assim que chegaram ao Brasil. Cruz Cabugá não foi preso porque nunca voltou ao páis. Com medo, preferiu ficar na América do Norte, só voltando depois de receber o perdão real em 1821.

O logradouro que leva o nome do revolucionário, a Avenida Cruz Cabugá, é uma das vias mais conhecidas do Recife, fazendo parte do itinerário da maioria das pessoas que se deslocam até o Centro da cidade.


6. Barão de Souza Leão (1824-1904)

Souza Leão foi um dos nomes mais nobres no Pernambuco do século retrasado. Dentre os seus membros, o barão de Souza Leão, Inácio Joaquim de Sousa Leão, se destacou ao ser vice-presidente dessa província. Por suplência, atuou como presidente quatro vezes, entre 1886 e 1889.

A Rua Barão de Souza Leão fica localizada entre os bairros de Boa Viagem e Setúbal e levam da beira-mar ao Aeroporto Internacional dos Guararapes Gilberto Freyre.

7. Aníbal Bruno (1890-1976)
Dois dos cursos mais procurados, direito e medicina, foram dominados por Aníbal Bruno de Oliveira Firmo. O médico e jurista se formou nas Faculdades de Direito do Recife e de Medicina do Recife. (FMR). Aníbal Bruno entrou para a Academia Pernambucana de Letras e deixou um grande legado como escritor de livros que abordam a área penal do direito, como é o caso dos textos Teoria penal e embriaguez voluntária ou culposa e responsabilidade penal.

Até dois anos atrás, o intelectual emprestava seu nome ao presídio e, por isso, ficou amplamente conhecido pela população pernambucana. Tanto, que ainda hoje o local é mais conhecido por Aníbal Bruno que por seu nome atual: Complexo Prisional do Curado.


8. Barão de Lucena (1835 - 1913)

Henrique Pereira de Lucena, pernambucano natural de Bom Jardim, foi um político proeminente da história brasileira. Chegou a ser presidente de quatro províncias - Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul -, ministro de Estado e deputado. Em 1888, votou a favor da lei Áurea, que pretendia extinguir a escravidão no país.

O barão também faz carreira das mais eminentes no âmbito judiciário. Formado na Faculdade de Direito do Recife (FDR) em 1858, se tornou desembargador e juiz do Supremo Tribunal Federal.

Em 1958, 45 anos depois da morte do Barão Henrique Pereira de Lucena, o hospital que tornaria seu nome popular foi inaugurado na Avenida Caxangá pelo então presidente do Brasil, Jucelino Kubitschek.

9. Pelópidas da Silveira (1915-2008)
Duas vezes eleito prefeito do Recife, em 1955 e 1963, Pelópidas da Silveira ficou conhecido principalmente por intervenções no transporte urbano: criou a Companhia de Transporte Urbano e ampliou grandes vias como a Cruz Cabugá e a Conde Da Boa Vista. Com o Golpe Militar, em 1964, Pelópidas, que era aliado de Miguel Arraes, foi preso e impedido de terminar o seu segundo mandato.

Pelópidas faleceu em 2008, aos 93 anos, depois de sofrer falência múltipla dos órgãos. O hospital que leva o nome do político foi inaugurado às margens da BR-232, no bairro do Curado, três anos depois e interna cerca de cinco mil pessoas todo ano. Um terminal integrado de ônibus em Paulista também traz o nome de Pelópidas Silveira.

10. Barreto Campello (1888-1971)
Francisco Barreto Rodrigues Campello nasceu em um engenho onde hoje está localizado o bairro da Torre. Formado pela Faculdade do Recife, o criminologista criou teorias que foram discutidas internacionalmente, como a da menoridade social, na qual sugere que os índios não podem ser imputados pela lei. Barreto Campelo também foi promotor público, atuando nos casos de maior repercussão e polêmica da época.

Barreto Campello trabalhou como jornalista, inclusive colaborando para o Diario de Pernambuco. Em 1939, integrou a Academia Pernambucana de Letras. Lecionou em diversas faculdades de Direito no país e fundou a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, em 1940. A penitenciária Barreto Campello, em Itamaracá, hoje abriga o nome do jurista e cerca de 1.900 detentos, quase o dobro da capacidade.
 



MAIS NOTÍCIAS DO CANAL