Vida Urbana
Batalha incomum
Alemão tenta salvar orelhões
Indignado com o estado dos telefones públicos, Kurt Heidelberg prepara uma queixa ao Ministério Público Federal para pedir melhor manutenção
Publicado: 05/03/2015 às 09:11
O alemão Kurt Christoph Heidelberg, 76 anos, enfrenta uma batalha incomum. Daquelas que poucos dão atenção. E se dão, chegam a caçoar. Na sala de estar no bairro de Fragoso, Olinda, onde mora há pouco mais de dois anos, ele comprova sua fala com documentação. Os papéis revelam uma luta iniciada em 2013, sem qualquer conquista até agora. A questão é que Kurt busca algo que não irá lhe beneficiar apenas. Se ele ganha, todos são beneficiados, raciocina.
No próximo dia 25, ele levará sua queixa ao Ministério Público Federal (MPF). Será sua última cartada. O alemão deseja algo simples: uma rede de comunicação pública eficaz. Em outras palavras, quer ver os velhos orelhões em bom estado de conservação, como determina a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) às concessionárias dos equipamentos.
Certa vez, conta, deu de cara com tantos aparelhos quebrados no bairro onde mora que precisou seguir, de ônibus, até o aeroporto, no Recife. “O Brasil é um dos mais importantes países do mundo, mas sua comunicação é uma vergonha. Já fui a 20 países e nenhum tem essa situação”, criticou.
Kurt tem um celular, mas prefere ligar do orelhão para outros estados e operadoras, pois o custo da ligação é menor. “Depois de muito procurar, achei um telefone funcionando no Centro da Moda, em Peixinhos. Mas perto daqui, no terminal da PE-15, tem 12 aparelhos quebrados”, calculou.
O alemão resolveu sair do discurso pela primeira vez em dezembro de 2013, ao procurar o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), em Olinda. Depois disso, em janeiro de 2014, foi à Delegacia de Proteção ao Consumidor e ao MPPE , no Recife. “Todos concordaram que os orelhões devem funcionar, mas nada foi feito. Foi quando decidi mover uma ação no Tribunal de Justiça contra o MPPE. Mas o documento foi julgado extinto”, contou.
Em novembro, o MPF enviou recomendação à Oi, concessionária dos orelhões em Pernambuco, e à Anatel para que fosse garantido serviço de qualidade. Na última década, a Anatel instaurou no país 335 procedimentos administrativos contra as concessionárias pela falta de manutenção.
Segundo a agência, 41% dos 36.372 aparelhos no estado estão quebrados. A Oi alegou que, este ano, 9,5% dos orelhões foram danificados por mês e que só 4% geram receita suficiente para cobrir os custos de manutenção. Kurt diz não se importar com o pouco uso. Quer garantir a todo custo um direito previsto no país.
Saiba mais
36.372
orelhões estão instalados em Pernambuico
4 de cada 10 estão quebrados
35% somam menos de um minuto de ligações por dia
4 em cada 100 geram receita suficiente para cobrir o próprio custo de manutenção
Fontes: Anatel e Oi
No próximo dia 25, ele levará sua queixa ao Ministério Público Federal (MPF). Será sua última cartada. O alemão deseja algo simples: uma rede de comunicação pública eficaz. Em outras palavras, quer ver os velhos orelhões em bom estado de conservação, como determina a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) às concessionárias dos equipamentos.
Certa vez, conta, deu de cara com tantos aparelhos quebrados no bairro onde mora que precisou seguir, de ônibus, até o aeroporto, no Recife. “O Brasil é um dos mais importantes países do mundo, mas sua comunicação é uma vergonha. Já fui a 20 países e nenhum tem essa situação”, criticou.
Kurt tem um celular, mas prefere ligar do orelhão para outros estados e operadoras, pois o custo da ligação é menor. “Depois de muito procurar, achei um telefone funcionando no Centro da Moda, em Peixinhos. Mas perto daqui, no terminal da PE-15, tem 12 aparelhos quebrados”, calculou.
O alemão resolveu sair do discurso pela primeira vez em dezembro de 2013, ao procurar o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), em Olinda. Depois disso, em janeiro de 2014, foi à Delegacia de Proteção ao Consumidor e ao MPPE , no Recife. “Todos concordaram que os orelhões devem funcionar, mas nada foi feito. Foi quando decidi mover uma ação no Tribunal de Justiça contra o MPPE. Mas o documento foi julgado extinto”, contou.
Em novembro, o MPF enviou recomendação à Oi, concessionária dos orelhões em Pernambuco, e à Anatel para que fosse garantido serviço de qualidade. Na última década, a Anatel instaurou no país 335 procedimentos administrativos contra as concessionárias pela falta de manutenção.
Segundo a agência, 41% dos 36.372 aparelhos no estado estão quebrados. A Oi alegou que, este ano, 9,5% dos orelhões foram danificados por mês e que só 4% geram receita suficiente para cobrir os custos de manutenção. Kurt diz não se importar com o pouco uso. Quer garantir a todo custo um direito previsto no país.
Saiba mais
36.372
orelhões estão instalados em Pernambuico
4 de cada 10 estão quebrados
35% somam menos de um minuto de ligações por dia
4 em cada 100 geram receita suficiente para cobrir o próprio custo de manutenção
Fontes: Anatel e Oi

Últimas

Mais Lidas
