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Folia Os rituais que anunciam o carnaval Costumes que se transformam em tradição antecipam a folia para muitos pernambucanos. São momentos de encontro e fantasia

Por: Rosália Vasconcelos

Publicado em: 26/01/2015 19:19 Atualizado em: 28/01/2015 20:27

Para muitos foliões, brincar os quatros dias de folia requer um verdadeiro ritual, que começa muito antes do Sábado de Zé Pereira. Há tradições tão mágicas como as fantasias vistas em Olinda e no Bairro do Recife. O Diario resgata algumas dessas histórias, como a de Hallina Beltrão, que todos os anos dedica o mês de janeiro para perambular nas ruas do Centro em busca de novidades carnavalescas, e a de Guilherme Vilanova, que ornamenta a casa com a temática momesca para dar continuidade a um costume do pai, já falecido. São histórias que traduzem um pouco do espírito carnavalesco do pernambucano, que faz dos dias de folia um momento de encontros e fantasias.


Frevo na feijoada

 (Ricardo Fernandes/DA/DPPress)

Uma feijoada regada a cerveja, frevo e reencontros. É assim que começa o carnaval de um grupo de amigos do antigo Colégio Nóbrega. “A brincadeira começou ainda na época da escola, quando a mãe de um dos amigos, Fátima, preparou uma feijoada na sexta de carnaval, para brincarmos o Galo da Madrugada. No outro ano, o evento se repetiu e atraiu outros amigos. O grupo de dez pessoas, no primeiro ano, se transformou num encontro pré-carnavalesco obrigatório que reúne 200 pessoas”, conta um dos coordenadores da fuzarca, o cantor Geraldinho Lins. A farra, que já dura 22 anos, saiu da sexta de carnaval para duas semanas antes do Sábado de Zé Pereira. “Nossa feijoada é nossa preparação para carnaval mas hoje ganhou outro status. Por conta das demandas de trabalho, passamos o ano inteiro sem nos ver. Então, é uma forma de reencontrar amigos”, reflete Geraldinho.

Folia no Centro

 (Blenda Souto Maior/DA/DPPress)

“O meu carnaval começa na produção da fantasia, na compra dos acessórios no Centro do Recife. Sem isso, meu carnaval não seria o mesmo”. Foi com essa frase que a designer Hallina Beltrão, 35 anos, começou a contar a sua história de amor pela festa. Há mais de 20 anos, para ela é lei “bater perna” na Rua das Calçadas para encontrar os melhores adereços. “Já começo a pensar nas fantasias meses antes”, diz Hallina. Ela conta que possui alguns rituais em relação às suas roupas de carnaval. Uma delas é a fantasia quase obrigatória de palhaço. “Elas são todas diferentes, mas sempre é de palhaço. Mudo as cores e os dias dos blocos que vou sair. Da quinta de carnaval até a Quarta-Feira de Cinzas, só saio fantasiada de palhaço”, conta a designer, que já aguarda ansiosa pelos dias de Momo.

Gigante na parede

 (Arquivo Pessoal)

O Homem da Meia Noite, há mais de 28 anos, impera nas paredes da casa do jornalista Guilherme Vilanova, 28 anos. A tradição de decorar a casa todos os anos vem do seu pai e é o prenúncio da festa de Momo. “Mesmo quando meu pai faleceu e meus irmãos se casaram, eu e minha mãe demos continuidade. Hoje aproveitamos para receber amigos daqui e de outros estados e todo mundo já entra no clima”, conta Guilherme. Segundo ele, outros adereços são obrigatórios dentro dos cômodos, como as máscaras e sombrinhas de frevo. “Eu não me vejo passando um carnaval sem decorar a casa. É uma forma de atrair a alegria. Acho que isso é a grande beleza do Carnaval”, afirma.

Desfile de protótipos
 (Bernardo Dantas/DA/DPPress)

Uma brincadeira despretensiosa, em 1999, deu origem a uma tradição pré-momesca que junta um grupo de pelo menos 15 amigos. Todos os anos, eles saem vestidos iguais para o Galo da Madrugada e o bloco da Sala da Justiça, em Olinda. É tudo muito organizado. “A preparação já começa em dezembro, quando desenhamos e fazemos os protótipos das fantasias. Ainda em dezembro, fazemos um churrasco, quando acontece o desfile dos protótipos”, conta a servidora pública Ana Catarina de Lucena, 46 anos, uma das “diretoras” da brincadeira. Este ano, o grupo contratou dois costureiros para dar conta da demanda. “Damos a ideia do que queremos e vemos se aquela fantasia funciona. O churrasco é o momento dos ajustes”, explica. Segundo ela, em determinados anos o grupo chega a reunir até 50 pessoas. 



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