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TURISMO

Poços de Caldas, em Minas Gerais, convida para a beleza no meio da Mata Atlântica

Publicado em: 12/02/2021 10:38 | Atualizado em: 12/02/2021 11:01

 (Thermas Antônio Carlos. Foto: Ricardo Japiassu)
Thermas Antônio Carlos. Foto: Ricardo Japiassu
Puro charme e requinte. Esta é, sem dúvida, a primeira impressão que se tem da primeira e maior estância hidromineral da América Latina. Aqui, ressalte-se, entre os meses de outubro a março, ao meio-dia, os termômetros não ultrapassam os 21 graus e os carros param, educadamente, para que os pedestres atravessem as ruas, sem o semáforo em vermelho. Entalhada num planalto da Serra da Mantiqueira, ao Sul de Minas Gerais, a 1.300 metros de altitude – distante 461 quilômetros de Belo Horizonte e 263 quilômetros de São Paulo – cercada do verde da remanescente Mata Atlântica, Poços de Caldas (famosa no Brasil desde o século 18 por conta de suas águas talássicas) se insurge majestosa, convidando à beleza, tendo como carro-chefe as Thermas Antônio Carlos. Segundo a Secretaria Municipal de Turismo, por ano, a cidade recebe mais de 100 mil turistas.

Acrescente-se que são 53 hotéis – para todos os gostos – perfazendo um total de 9.300 leitos. Por sua vez, fincada em meio ao Parque José Affonso Junqueira, projetado pelo arquiteto José Neves, contando área de 53 hectares, com suas 1.168 árvores centenárias, provenientes dos cinco continentes do planeta, o prédio do balneário é puro esplendor. Inaugurado em 1931, recebeu o nome do governador mineiro que apoiou a iniciativa da construção. Tombado em 1985 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, foi inteiramente restaurado em 2014, quando recebeu investimento na ordem de R$ 12 milhões. Em 2001, também nos jardins que a circundam foram aplicados R$ 1,5 milhão em manutenção. Os banhos compreendem luxo só, por entre as 134 banheiras de porcelana branca e refratária inglesa, perfazendo média de 20 minutos de imersão.

 (Museu histórico e geográfico. Foto: Ricardo Japiassu)
Museu histórico e geográfico. Foto: Ricardo Japiassu
Projeta na década de 1920 pelo arquiteto Eduardo Pederneiras, em estilo neoclássico ou neorromano na cor bege que cobre a faixada, cenário da novela da TV Globo Alto Astral, tendo os trabalhos de recuperação ocupado três anos e meio, o local guarda relíquias como aparelhos importados da Alemanha que ainda funcionam e o vitral florido e delicado da claraboia, obra do artista paulistano Conrado Sorgenicht, iluminando a recepção. Além dos banhos em água sulfurosa a 37 graus, há 59 banheiros de hidromassagem. O visitante pode optar por outros tratamentos, como, por exemplo, o banho japonês Ofurô, que dilata os vasos sanguíneos, é relaxante muscular, melhora a circulação e eliminando toxinas. Os banhos, em geral, são indicados contra o reumatismo, moléstias da pele, nevralgias, rinites, faringite, afecções ginecológicas, entre outros.   

Por entre o mesmo conjunto arquitetônico do parque, se destaca a majestade do Palace Hotel, distante 0,2 quilômetros das Thermas Antônio Carlos, contando com classificação quatro estrelas. Frequentado por personalidades como Getúlio Vargas e Carmen Miranda, o prédio em estilo eclético foi inaugurado em 1925 e reinaugurado em 1931 pelo então governador Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. Projetado também pelo arquiteto carioca Eduardo Pederneiras, por sua beleza, em 1989, foi tombado pela Constituição do Estado de Minas Gerais. Pudera: os traços ressaltam influência do clássico, neoclássico e basco, por entre linhas ortogonais, formas geométricas e simétricas, pórticos e colunas, e vitrais arte-déco. Das sacadas dos quartos iluminados pelo sol, vale uma espiada nos jardins projetados por Reynaldo Dierbuger.

 (Mercado municipal. Foto: Ricardo Japiassu)
Mercado municipal. Foto: Ricardo Japiassu
Solares – Em Poços de Caldas, tudo parece majestoso. Diga-se de passagem: o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Dona Teresa Cristina se banharam nas águas sulfurosas, nos idos de outubro de 1886. Deste momento, resta grande fotografia de caçada de anta na cascata que leva o nome deste animal e um retrato do último barão do Império, o Barão do Campo Místico, que recebeu tal título a 24 de agosto de 1889. Acrescente-se que os nobres da Corte fugiam da Rio de Janeiro pestilenta, instalando-se, durante o verão, em casarões de muito bom gosto, como é o caso da vivenda Villa Junqueira, onde, desde 1996 encontra-se instalado o Museu Histórico e Geográfico. Casarão em cor-de-rosa, avarandado, janelões e portada alta de madeira, com escada em forma de caracol concedendo acesso ao pavimento superior.

Prédio projetado pelo italiano Giovanni Battista Pansini, teve as obras concluídas em 1894, reunindo, atualmente, mobiliário e utensílios domésticos da época, bem como todo o acervo contemporâneo da produção jornalística impressa da cidade, entre outros. Tem vida ativa e movimentada, graças a Associação dos Amigos do MHGPC, conhecida como Amigos da Villa Junqueira e cujas atividades iniciaram a 3 de novembro de 1997, estabelecendo parcerias com instituições privadas, como a Alcoa e o Departamento Municipal de Eletricidade. Existe, porém, outra construção projetada pelo mesmo arquiteto italiano, este um chalé em estilo do Tirol - região da Áustria – inteiramente restaurado e reinaugurado em agosto de 1992, abrigando o primeiro Instituto Moreira Salles do Brasil, conhecido como Chalé Monarquista ou Cristiano Osório.

 (Palace Hotel. Foto: Ricardo Japiassu)
Palace Hotel. Foto: Ricardo Japiassu
Obediente a uma restauração que resguardou rigorosamente o estilo original, seguindo o padrão do pensamento do fundador da instituição, o embaixador Walther Moreira Salles, abriga deliciosa cafeteria, denominada Rotina Café Galeria, onde é possível degustar o melhor do grão produzido na região. Aqui, tudo é tão bom que o grupo formado por mulheres – a Confraria do Café do Sul de Minas – costuma se reunir. Por trás da casa secular, encontra-se a parte moderna do IMS, onde acontecem exposições, recitais, palestras e cursos, entre outros. Trata-se do pavilhão moderno: construído compreendendo área total de mil metros quadrados, ocupando dois pavimentos. Há no local mostra permanente de fotografias em preto e branco que contam a história da cidade.

Mercadão – Mas, se os banhos e os passeios culturais constituem uma maravilha, o pecado da gula, no Mercado Municipal, é um tesouro. Bem junto ao Centro, projetado pelo italiano José Carlos Garibaldi e inaugurado em 1969, é composto por 193 boxes internos e 54 externos. Impecavelmente limpo e oferecendo produtos bons a um preço bem acessíveis, se encontra de um tudo: dos diversos tipos de queijo (frescos ou curados), às frutas típicas da região, como o marolo, que somente ocorre na região, sendo a safra entre os meses de março e abril. Os doces um acinte: bananada, goiabada Sinhá Junqueira e doce de leite mesclado a outros doces, como o de goiaba e o de ameixa, ou ainda a iguaria em figo verde cristalizado, a ser sorvido – melhor pedida – junto a porção de creme de leite. Aos que apreciam, há a aguardente puramente mineira.  

Num destes boxes, meio em suspenso, ou seja, mais alto que os demais, pode-se beber delicioso chopinho artesanal - bem geladinho - e, enquanto se conversa um pouco, degustar a pão d´água tostado, trazendo fatia generosa de mortadela. Depois da conversa, uma última incursão: sorver o diferente doce de leite com marolo - se constitui tipo de cocada mole de sabor ímpar. Experiência gastronômica realizada, vale tomar um café torrado, coado na hora em xícaras grandes, de preferência não adoçados, assim se ressaltando o sabor do grão. O local é tão movimentado que, ano passado, para se comemorar o cinquentenário do estabelecimento, entre os dias 6 e 8 de julho, aconteceu o Festival de Sabores do Mercado, graças ao fomento da iniciativa privada, fruto da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, com investimentos do Palace Hotel, entre outros.  

 (Casa da Cultura. Foto: Ricardo Japiassu)
Casa da Cultura. Foto: Ricardo Japiassu
Cristais – Para fechar com glamour a viagem, não se pode deixar de visitar e investir em belas lembranças junto às cristaleirias, como a Cá D´Oro e São Marcos – esta apontada como a maior produtora de cristais da América Latina. Comente-se de passagem que a empresa mantém viva tradição iniciada às margens do rio Belo, na Síria, por volta de cinco mil anos Antes de Cristo, com os fenícios aquecendo sódio e areia, a uma temperatura de 1.450 graus, misturando quartzo, sódio e outros elementos. Esta arte aportou na península itálica, por volta do século 14, chegando a Minas Gerais pelas mãos dos irmãos Antônio Carlos e Paulo Molinari. A dupla, que tinha 11 e 8 anos, aprendeu o manuseio com o italiano Aldo Bonora e, daí então, jamais pararam de produzir peças em cristal.

Outro belo local onde se deve realizar última incursão é a Cá D`Oro – traduzindo: casa do ouro. A iniciativa principiou em 1954, quando o muranense Mário Seguso aportou na cidade. Há das peças rebordadas ao metal preciso (ouro), bem como objetos mais simples e utilidades domésticas. A grande preocupação do atual empreendedor da indústria, Adriano Seguso, é com a qualidade dos artesãos, mantenedores e perpetuadores desta arte. No passeio, o mais bonito de se ver é mesmo a produção do artesanato, junto a fornos enormes e quentíssimos. Às critaleirias pode-se chegar em charretes, num passeio delicioso por avenida ladeada de tulipas africanas em flor amarelo-queimado, às margens de ribeirão. Poços de Caldas, portanto, é um charme só. 
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