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Notícia de Turismo

O charme e a elegância de Poços de Caldas

Primeira estância hidromineral da América Latina é uma ótima opção de viagem pós-pandemia

Publicado em: 06/06/2020 06:00

O Museu Histórico e Geográfico fica localizado em um lindo casarão do século 19, conhecido como Villa Junqueira  (Prefeitura de Poços de Caldas/divulgação)
O Museu Histórico e Geográfico fica localizado em um lindo casarão do século 19, conhecido como Villa Junqueira (Prefeitura de Poços de Caldas/divulgação)


A primeira impressão de quem visita o balneário é de se estar em plena consonância entre o passado preservado e a educação impecável. Também pudera: uma cidade onde os veículos param, sem sinal de trânsito, para que os pedestres atravessem a rua sem sobressalto, é um luxo. A 1.300 metros de altitude, nas cumeeiras da Serra da Mantiqueira, no Sul mineiro, quando a temperatura média nos termômetros não ultrapassa a casa dos 21 graus – isto entre os meses de outubro a março – Poços de Caldas, primeira estância hidromineral da América Latina, se insurge majestosa. Tanto assim que, em 1886, a comitiva imperial de Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina se banharam nas suas termas. Também aqui veranearam a atriz Carmem Miranda e os literatos cariocas João do Rio e Olavo Bilac, entre outros. O fluxo de turistas é tão grande que a Secretaria Municipal, que cuida do segmento, estima a visita anual de 130 mil turistas.

Para albergar com elegância e conforto os cerca de 130 mil turistas anuais – número apresentado pela Secretaria Municipal de Turismo – que se banham nas águas sulfurosas, há cerca de 9,3 mil leitos, distribuídos por entre 53 hotéis, que variam dos mais simples, àqueles quatro estrelas, como é o caso do Palace Hotel (imerso em meio a jardim francês), sem dúvida o melhor da cidade. Neste estabelecimento, que já foi cenário para novelas da TV Globo, não é necessário, sequer, sair dele para banhar-se nas águas termais. Mas, sem dúvida, vale uma visita às Thermas Antônio Carlos, onde se pode imergir o corpo inteiro, num banho de aproximadamente 20 minutos, em água sulfurosa, que jorra do subsolo a 37 graus, proveniente de lençol freático a 45 graus. Prédio inaugurado em 1931, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1985, foi inteiramente restaurado em 2014, mediante um orçamento de R$ 12 milhões.

Nas Thermas Antônio Carlos, é possível tomar banho em água sulfurosa, que jorra do subsolo a 37 graus (Prefeitura de Poços de Caldas/divulgação)
Nas Thermas Antônio Carlos, é possível tomar banho em água sulfurosa, que jorra do subsolo a 37 graus (Prefeitura de Poços de Caldas/divulgação)


Acrescente-se que os banhos acontecem em 134 banheiras refratárias, de pura porcelana inglesa, distribuídas em três andares. Prédio projetado pelo arquiteto Eduardo Pederneiras, apresenta uma relíquia no teto, logo no hall de entrada: um vitral que ilumina todo o recinto, obra do paulistano Conrado Sorgenicht. Neste balneário, de traçado neoclássico, por exemplo, somete nas férias de janeiro, se registra um volume de visitantes na ordem de sete mil pessoas. À saída, vale um gole d’água na Fonte dos Leões. Toda esculpida em mármore, da boca dos três leõezinhos barrocos, jorra o mineral, inteiramente natural. Neste ponto, o turista já se encontra imerso no Parque José Affonso Junqueira, com seus 53 hectares, ocupados por nada menos que 1.168 árvores e arbustos dos cinco continentes do planeta. Em 2001, recebeu investimentos de R$ 1,5 milhão de restauro, guardando-se, sobretudo, o traçado inicial do projeto do arquiteto João Neves.

Chalé Monarquista

Em Poços de Caldas há um grande casario secular, pois que a nobreza da Corte abandonava, nos meses de verão, o Rio de Janeiro pestilento, por uma paragem de ar puro, onde, ainda hoje, se preserva um pouco de mata atlântica na Serra de São Domingos, fincada no perímetro urbano e possível de ser melhor apreciada pelo passeio de teleférico que a sobrepõe. Nesta incursão, por fim, se chega ao Cristo Redentor, mais 400 metros de altitude acima da cidade. Por entre os passeios pelas ruas, vale uma visita ao prédio do Instituto Moreira Salles, onde, no chalé azul – dito monarquista - em estilo tirolês, inteiramente preservado, se deve apreciar o puro café mineiro, acompanhado de torta da mesma semente, líquido e guloseima inteiramente mineiros. Além deste solar, há muitos outros na cidade, como aquele do Museu Histórico e Geográfico, que alberga a história do município, conservando, inclusive, periódicos da cidade.

No Mercado Municipal, é impossível não experimentar o pão d´água e o doce de leite em barras, cozido com fruta típica da região (Prefeitura de Poços de Caldas/divulgação)
No Mercado Municipal, é impossível não experimentar o pão d´água e o doce de leite em barras, cozido com fruta típica da região (Prefeitura de Poços de Caldas/divulgação)

Bem próximo ao Instituto Moreira Salles, encontra-se o delicioso Mercado Municipal – aqui o pecado da gula deve ser estimulado, ressalto. Projetado pelo italiano José Carlos Garibaldi, o turista pode percorrer os 193 boxes internos e 54 externos. Há duas pedidas especiais: o sanduíche de pão d’água (nosso pão francês), contendo fatia generosa de mortadela, acompanhado de chopinho artesanal tinindo de gelado. Como sobremesa não se pode faltar o delicioso doce de leite em barras, cozido com fruta típica desta região, conhecida como marolo, que somente acontece a safra entre os meses de março e abril. Aos aficionados por doces, há os de cidra, em variados tons de verde. Trata-se do doce da casaca da laranja, ou mesmo do figo verde cristalizado, degustado com creme de leite.

Cristalerias

Como cidade muito elegante, um charme a se visitar e comprar – além dos sabonetes artesanais nas lojas específicas – os cristais, uma boa pedida. Há, logo de cara, os cristaizinhos minúsculos esculpidos por artesão conhecido com Argentino. São animais, como elefantes, patos, pinguins, cisnes, golfinhos e peixes, entre outros, um bom souvenir a preços bem acessíveis. Depois, uma visita à Cá D’Oro. Traduzindo do italiano: Casa do Ouro, onde há peças rebordadas pelo mesmo metal que concede nome à fábrica, inaugurada em 1954 pelo escultor italiano Mário Seguso. Aqui, há do cristal simples ao sofisticado. Então, para se percorrer este caminho, sombreado pelas frondosas tulipas africanas que ladeiam ribeirão, existem as charretes que partem do relógio de flores. Por preços acessíveis e muito charme, o passeio pode se consumar.

Poços de Caldas fica a 461 quilômetros de Belo Horizonte e a 258 quilômetros de São Paulo.
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