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Notícia de Turismo

Diario no Sertão

Engenho São Pedro: o palácio da Cachaça Triumpho

Segundo os triunfenses, visitar a cidade e não conhecer o lugar é como ir ao Rio de Janeiro e não passar pelo Cristo Redentor

Publicado em: 18/04/2019 10:00 | Atualizado em: 18/04/2019 20:26

O engenho foi erguido no início do século XX. Foto: Chico Andrade/SeturPE

Cachaça é o nome dado a aguardente no Brasil. A bebida tem um importante valor histórico, cultural e econômico para o país. É com ela que se faz a famosa caipirinha, conhecida e apreciada no mundo inteiro. A história dos brasileiros com essa “pinga” vem desde o período da colonização com as primeiras plantações da cana de açúcar. O ciclo definiu os caminhos da economia no Brasil, especialmente para a região nordeste durante os séculos XVI e XVIII. O Engenho São Pedro, no município de Triunfo, há 423 quilômetros do Recife, é o único da cidade sertaneja pernambucana a permanecer em atividade durante o ano inteiro. O lugar é uma das paradas obrigatórias do município e está localizado na Avenida Manoel Paiva, nº 114. 

A equipe de reportagem foi conduzida pelo guia Carlos Lima, de 30 anos. Foto: Chico Andrade/SeturPE

O local foi erguido no início do século XX, mas entrou em declínio no final do período. Em 2001, houve uma reativação e modernização do espaço, que entrou em atividade máxima e hoje integra um dos principais cartões de visita da cidade. O que permaneceu forte foi a preocupação sustentável com a produção, como explica o guia Carlos Lima, 30. “Nós não utilizamos agrotóxicos no cultivo da cana e nos preocupamos bastante com a sustentabilidade. Tudo aqui é aproveitado, desde o sumo da cana de açúcar até o bagaço. Além da bebida, confeccionamos embalagens e artesanatos, gerando emprego e renda para várias família. Não é permitido desperdício aqui”, explica. 

Cachaça Triumpho, primeira do segmento a ganhar o selo de certificação do INMETRO. Foto: Chico Andrade/SeturPE

A Cachaça Triumpho foi a primeira a receber a Certificação de Conformidade do INMETRO. O processo é bem cauteloso como explica o guia Carlos Lima, 30, sendo composto por seis etapas. “Primeiro ocorre o corte da cana de açúcar, depois, é a vez da moagem, em seguida ocorre fermentação e destilação, até chegar ao envelhecimento em barris”, elucida.

O engenho produz aproximadamente 20 mil litros por ano. Foto: Chico Andrade/SeturPE

O engenho produz dois tipos de cachaça: a branca e a envelhecida. Enquanto a primeira é mais suave, a segunda fica mais encorpada e demora mais um pouco a ser produzida. Ela ganha uma coloração dourada devido ao período em que passa no barril. A produção anual é de 15 a 20 mil litros. O guia explica que as sobras são misturadas, re-destiladas e transformadas em álcool 70, utilizado para uso interno. 
 
Confira as etapas de produção após o corte da cana de açúcar


1. Moagem 
Segundo o guia, o bagaço com terra e os insetos são cuidadosamente retirados através de um processo de lavagem, em seguida, dá-se início ao processo de moagem. Essa etapa acontece geralmente no mesmo dia do corte, pois, possibilita que a bebida tenha mais qualidade. Por fim, o líquido é filtrado e encaminhado para a fermentação. 
 
O segundo passo para a produção da cachaça é a moenda. Foto: Chico Andrade/SeturPE
 

2. Fermentação 
A fermentação dura entre 24 e 36 horas após a filtração. O tempo varia conforme o teor de açúcar - popularmente conhecido como brites - e da temperatura. Evita-se moer no período de frio, visto que para a fermentação é importante que haja uma temperatura alta. 

3. Destilação  
Na destilação, temos o alambique, panela de cobre e coluna de inox. É feito devagar a destilação. Em baixa temperatura, é retirado a cabeça (parte forte da cachaça, equivalente aos primeiros 10%) e a calda (fraca, 10% a 15%). De 100% são aproveitados 80% para a produção da cachaça. 

Destilação da cachaça. Foto: Chico Andrade/SeturPE


4. Maturação 
A maturação ocorre em barris e dura de quatro a seis meses. É aí onde tem-se o primeiro tipo de bebida, considerada suave. 

5. Envelhecimento 
No envelhecimento se produz a dourada. Ela fica estocada em barris de carvalho e dura aproximadamente dois anos para ficar com o sabor e tonalidade desejados. 

Envelhecimento da bebida. Foto: Chico Andrade/SeturPE

O Engenho São Pedro é um dos destinos mais procurados pelos visitantes e gera emprego e renda. Ele tem sete funcionários, mas chega a envolver mais de 50 pessoas direta e indiretamente na produção. Os triunfenses contam que visitar a cidade e não conhecer o lugar é como ir ao Rio de Janeiro e não passar pelo Cristo Redentor. O acesso é fácil e fica próximo à cidade.

O engenho produz também um sorvete de cana de açúcar. Foto: Chico Andrade/SeturPE


O lugar funciona de domingo a domingo, das 8h30 as 16h30. A visita guiada encerra com uma bela degustação. Quem quiser, pode comprar também alguns produtos na loja.  Mais informações podem ser obtidas através dos números 81 9 9638-1338 / 87 3846-1229 / 87 3846-1103. 

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