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Lazer A história do Teatro de Santa Isabel em visita guiada Inaugurado em 1850, o mais imponente dos palcos pernambucanos recebe turistas para tour gratuito, todos os domingos, das 14h às 17h

Por: Guilherme Carréra

Publicado em: 23/03/2015 09:45 Atualizado em: 24/03/2015 07:22

Teatro de Santa Isabel recebe turistas para tour gratuito aos domingos. Foto: Nando Chiappetta/DP/DA Press
Teatro de Santa Isabel recebe turistas para tour gratuito aos domingos. Foto: Nando Chiappetta/DP/DA Press

Desde o último dia 12 de março, o Teatro de Santa Isabel retomou suas visitas guiadas, após um mês de recesso, em virtude de manutenção interna. É uma nova oportunidade para turistas e população local fazerem um passeio pelas instalações do segundo mais antigo palco do Recife. Inaugurado em 1850, após nove anos de construção, só fica atrás do Teatro Apolo, cujas obras foram finalizadas ainda em 1842. Iniciativa de Francisco do Rêgo Barros, mais conhecido como Conde da Boa Vista, e projetado pelo engenheiro francês Louis-Léger Vauthier, responsável por importantes edificações na capital, o Santa Isabel é uma homenagem à Princesa Isabel, cujo nome serve ainda a uma das pontes sobre o Capibaribe e ao jardim do Palácio do Governo. Um pouco da história (e da memória) desse lugar é repassada a visitantes espontâneos, todos os domingos, das 14h às 17h. Sob administração da Prefeitura do Recife, o serviço é inteiramente gratuito.

"É só chegar", convida Analice Croccia, guia há seis meses e estudante de artes cênicas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Além da visita turística, Analice recebe alunos de escolas públicas às terças-feiras, mediante agendamento prévio. A ação faz parte do projeto Educação Patrimonial – Conhecendo o Teatro de Santa Isabel. Também gratuita. "Normalmente, as crianças têm entre sete e nove anos, mas já recebi ainda mais novos". Com a ciclofaixa móvel que corta o bairro de Santo Antônio nos domingos e feriados, famílias acabam parando para conhecer o que há por trás das inconfundíveis paredes rosas. "Percebo que o público que vem é um público curioso. Gente que trabalha, estuda ou passa por aqui durante a semana, mas que nunca conseguiu entrar". A visita, que tem início no hall de entrada, passa pelos quatro andares de frisas e camarotes, se estende ao salão nobre e se encerra entre as poltronas da plateia. Se não houver orquestra ensaiando ou espetáculo sendo montado, dá até para subir ao palco. É único.

Inaugurado em 1850, o Santa Isabel é o segundo teatro mais antigo do Recife. Foto: Nando Chiappetta/DP/DA Press
Inaugurado em 1850, o Santa Isabel é o segundo teatro mais antigo do Recife. Foto: Nando Chiappetta/DP/DA Press

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no ano de 1949, o Santa Isabel tem capacidade para 700 pessoas, considerando o público que se acomoda na chamada torrinha. No último piso da casa, trata-se do local onde intelectuais e estudantes costumavam assistir às apresentações no século XIX, distantes da nobreza nas frisas do primeiro andar. "Se você reparar, as colunas e o gradil vão ficando mais rebuscados da torrinha em direção à frisa. Era uma forma de diferenciar o público que frequentava o teatro à época", explica a guia. O lustre de cristal dos anos 1930 e os muranos da Itália que ornam as portas dos camarotes também chamam a atenção. Esses e outros detalhes vão transformando o olhar do visitante, que pode fotografar à vontade, contanto que sem flash. No próximo dia 14 de abril, inclusive, haverá uma visita voltada especialmente para fotógrafos. "Por conta do ritmo da visita turística, não há como ficar muito tempo no mesmo ambiente tirando fotos. Queremos suprir essa demanda". O agendamento deve ser feito pelo e-mail:--> teatrodesantaisabel.educativo@gmail.com-->-->-->.

De estilo neoclássico, os motivos do Santa Isabel trazem musas gregas e deuses romanos à arquitetura. Multinacional, suas pedras são portuguesas, seu mármore é italiano e seu ferro, francês. A construção, cujo atraso se justificou pela espera do material vindo de além-mar, foi uma das primeiras a não depender de mão de obra escrava. Esse perfil abolicionista, por sua vez, reverberaria tanto nos discursos inflamados de Joaquim Nabuco, quanto no I Congresso Afro-brasileiro do Recife, sediado no teatro em 1934. Ainda, cinco bustos de figuras ilustres decoram seu térreo, incluindo um de Samuel Campelo, fundador do grupo teatral Gente Nossa, que daria origem ao icônico Teatro de Amadores de Pernambuco nos anos 1940. A nonagenária Geninha da Rosa Borges é uma das remanescentes do TAP. Por 15 anos, foi também diretora do Santa Isabel. No vídeo abaixo, um depoimento que relaciona a vida da atriz a este quase sagrado palco.



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