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Notícia de TECNOLOGIA
Fama Burburinho em torno de Jéssica continua no interior de Minas Protagonista do vídeo que bombou na internet nos últimos dias, estudante segue marcada pelas imagens

Por: Cecília Emiliana - EM Cultura

Publicado em: 25/11/2015 08:37 Atualizado em:

éssica (foto) se enfureceu com Lara por achar que esta flertou com seu namorado. Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
éssica (foto) se enfureceu com Lara por achar que esta flertou com seu namorado. Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Alto Jequitibá – Palco de uma das mais polêmicas rusgas do Brasil, viralizada pela internet, Alto Jequitibá, na Zona da Mata mineira, é uma espécie de materialização do poema Cidadezinha Qualquer, do poeta Carlos Drummond de Andrade. Seu espírito provinciano grita já no layout da placa com que o município recebe os visitantes. “Bem-vindos”, diz a chapa de madeira pendurada no portal de entrada em letras rebuscadas, propositalmente exageradas na rusticidade.

Quando se caminha pela cidade, a calmaria das ruas mexe com quem está acostumado ao ritmo frenético das metrópoles. Tal qual nos versos de Drummond, ali, “o homem vai devagar, o cachorro vai devagar, o burro vai devagar”. E a internet móvel, mais ainda.

Assim, é curioso imaginar que justamente desta localidade partiu o viral mais comentado do momento, protagonizado por duas adolescentes: Lara T., 14 anos, e Jéssica A., 13. Flagradas se engalfinhando nas proximidades do colégio em que estudam, as garotas viraram assunto nacional em 17 de novembro, depois que o vídeo da briga caiu no whatsapp e, posteriormente, no Youtube. As imagens, que chegaram a ocupar o primeiro lugar dos trending topics mundiais do Twitter, mostram Jéssica em vantagem sobre Lara – que cai no chão, mas não perde o topete. Atrevida, levanta-se rapidamente, ajeita os cabelos e, com ares de diva, diz a frase que, sem saber, se transformaria no bordão atualmente mais repetido no país até por artistas: “Já acabou, Jéssica”?

A rixa, conforme revelou o Estado de Minas em 17 de novembro, já acabou mesmo. Um dia antes, na segunda-feira em que a confusão viralizou, as meninas que trocaram tapas, socos e pontapés motivadas por ciúme (Jéssica se enfureceu com Lara por achar que esta flertou com seu namorado), fizeram as pazes. O burburinho, contudo, está longe de terminar.

Já no primeiro giro pela cidade, o EM pôde constatar o impacto local do episódio. Em uma das seis farmácias do vilarejo, clientes e funcionários praticamente pouparam parte do trabalho da apuração jornalística. Bastou que vissem a câmera dependurada no pescoço do repórter fotográfico para perguntar: “Vocês vieram por causa do vídeo?” E foram logo contando seus casos.

O do fim do sossego das Jéssicas jequitibaenses é dos mais pitorescos. No sábado, uma moça homônima à jovem famosa se casou na Igreja Nossa Senhora da Conceição, que fica próxima à entrada do município. Entre aproveitar o momento propício para fazer a piada e calar-se para sempre, ninguém titubeou: “Já casou, Jéssica?”, repetiram os convidados durante toda a cerimônia.

Na escola de idiomas da cidade, o professor de Inglês Josch Amprose, que é britânico e está no Brasil desde janeiro, aproveitou o caso para tornar as aulas mais divertidas. Apesar de não compreender bem o português, assistiu ao vídeo e confessou ter achado graça, mas desaprovado a violência. Traduziu o meme para sua língua – “Are you done, Jéssica?” – e o usa principalmente quando percebe que os estudantes estão absortos em conversas paralelas.

A comerciante Sônia Grippi, dona de uma loja de vestidos de noiva, desaprova a maneira como a cidade ficou famosa. “Nós temos tanta coisa interessante. Estamos pertinho do Pico da Bandeira, o terceiro maior do Brasil. Somos hospitaleiras, temos a Serra do Caparaó colada na região, toda muito bonita. É isso que eu queria ver saindo na mídia, não uma briga banal de adolescentes”, afirma.

Sem nome
No Cartório de Registro Civil, todos se lembram com detalhes da briga. Foi às portas dele que as garotas trocaram sopapos. “Uma menina fez o vídeo do quebra-pau dessa escada aqui”, aponta Juarez Antônio Barbosa, o responsável pelo estabelecimento. O caso, porém, não afetou os registros locais. “Olha, nasceram quatro bebês aqui desde então. Três meninos e uma menina. E o nome dela não é Jéssica. Quem sabe a próxima que nascer?”, brinca.

Ainda sob o impacto da repercussão
Faltavam pouco mais de 30 minutos para que batesse o sinal que indica o fim das aulas do turno da tarde no colégio – que conta cerca de 900 alunos da 7º ano do Ensino Fundamental, ao 3º ano do Ensino Médio. A equipe do EM pediu autorização para entrar na instituição de ensino. Sem sucesso: a diretora Elizabeth Sathler diz ter recebido ordens da Secretaria de Estado de Educação para não comentar o caso ou deixar que ele fosse muito exposto para a imprensa, de quem diz receber muito assédio. 

A secretaria, contudo, informou o contrário: caberia à direção permitir ou não o acesso. A decisão de fechar as portas aos jornalistas, assim, foi da escola. Terminadas as atividades das crianças, um enxame delas se formou em torno carro de reportagem do Estado de Minas. Jéssica, uma das estrelas jequitibaenses, contudo, fez menção de se esconder. Cobriu a cabeça com um agasalho vermelho, envergonhada. Não adiantou. Implacáveis, os colegas a denunciaram. Não foram necessários mais que uns poucos minutos de conversas Em poucos minutos, ficou à vontade e contando casos. 

Versão tem de ciúme a provocação
Na saída da Escola Estadual Reverendo Cícero Siqueira, com cerca de 900 alunos, Jéssica tenta se misturar à multidão, mas logo sua presença é revelada pelos colegas. Ela reluta e aos poucos vai se soltando. “Não foi só por causa de namorado que eu dei na Lara!” diz, ao falar da briga. “Ela fica me irritando, me xingando, falando coisas até a respeito da minha família, que ela não conhece”. Acaba assumindo, porém, o ciúme do agora ex-namorado. “A gente nem namora mais, mas ela deu em cima dele, sim. Na hora do recreio, ela chegou e subiu o short. Desci o short dela. Daí, ela disse que eu tinha de confiar no meu namorado, que, se ele gostasse de mim, não ia olhar. E continuou me provocando”.

O resultado da suposta provocação foi uma explosão de fúria. Jéssica voltou para a sala, mas prometeu acertar as contas com Lara na saída, como o fez. Descrita por algumas amigas como de espírito pacífico, há controvérsias sobre o ar zen da mocinha de cabelos lisos, longos, e olhos claros. Alguns funcionários da escola a tacham “encrenquinha”. “Ela é bem espevitada. Já deu uns tapas em outros meninos”, conta uma professora, que preferiu não se identificar.

Ao lado da mãe, a comerciante Selma Nogueira, de 39 anos, ela assumiu o gênio difícil. “Em Manhumirim, onde eu morava, me chamavam de ‘Menininha UFC’, porque eu brigava com os colegas. Já derrubei uns”, revela. Quando a mãe toma a palavra, o ar valente vai embora. Selma, mulher de voz firme que acorda ainda de madrugada para preparar as refeições do restaurante que comanda na entrada de Alto Jequitibá, conta que só na reunião convocada pelo colégio ficou sabendo do episódio, da repercussão e do namoro da filha com o pivô da discussão: Gustavo Amorim, de 17 anos, por quem a menina se encantou.

“No dia seguinte, ela foi proibida de entrar na escola sem a minha presença. Mas pôs a mochilinha nas costas, caladinha, e ficou na pracinha até dar a hora de voltar para casa. Só fiquei por dentro de tudo quando me ligaram e me chamaram lá. Fiquei bem brava ao saber da briga, do namoro. Criança lá namora? Tratei de chamar o rapaz, a família e acabar com isso já”, diz. Punida, Jéssica foi privada de usar a internet, as redes sociais e teve o telefone confiscado.


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