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Notícia de TECNOLOGIA
Mercado de trabalho Setor de tecnologia estima redução de 10% em 2015, mas empresas apostam em inovação Mesmo com a crise, algumas empresas mantêm o otimismo e esperam crescer e contratar neste ano

Por: Mariana Fabrício - Diario de Pernambuco

Publicado em: 12/08/2015 14:30 Atualizado em: 12/08/2015 14:42

A consultoria de gestão Accenture mantém a previsão de mil postos de trabalho até 2017, apesar de o momento exigir maior cautela. Foto: Mariana Fabrício/DP/D.A Press
A consultoria de gestão Accenture mantém a previsão de mil postos de trabalho até 2017, apesar de o momento exigir maior cautela. Foto: Mariana Fabrício/DP/D.A Press

Tradicionalmente resistente às crises econômicas, o setor de tecnologia deve dar uma freada nos investimentos em 2015. A previsão da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro/PE) é de que o país feche o ano com 750 mil novos postos de trabalho, quando a previsão inicial era de 900 mil vagas. Em Pernambuco a estimativa é de uma redução de 10% dos postos de trabalho na área.

Apesar do pessimismo, algumas empresas mantêm as expectativas iniciais. É o caso da consultoria de gestão Accenture, que anunciou a expansão dos negócios no Recife no início do ano com a previsão de criar cerca de mil vagas de emprego até 2017. Apesar de o momento exigir maior cautela, a diretora executiva da empresa, Flávia Picolo, afirma que a meta será mantida. "O capital humano do Nordeste é qualificado e, além das capacidades técnicas, existe um grau de motivação que permite que os profissionais locais tragam para a Accenture um potencial de desenvolvimento excepcional, refletindo inclusive na qualidade do produto entregue ao nosso cliente final", explica a diretora.

Há também quem veja na crise uma oportunidade de crescimento, principalmente para as novas empresas. "O momento de startups no Brasil é único. A impressão que dá que toda grande empresa passou a acreditar que a solução para o baixo índice de inovação interna é apostar na inovação externa, através do fomento a criação de novas empresas", afirma o executivo chefe de negócios do CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife), Eduardo Peixoto.

Para inovar, as empresas devem procurar fazer mais com menos, aliando a tecnologia nessa equação. "De uma forma geral, todos os setores hoje são mais competitivos e dinâmicos do que eram há 20 anos. Volte um pouco no tempo e você vai lembrar de gigantes que desapareceram ou se tornaram irrelevantes, como Kodak e Nokia, por exemplo. Olhe pra frente e você vai ver gigantes que tem menos de 20 anos, a exemplo do Facebook e Google. O ciclo de vida das empresas é muito menor agora. Por outro lado, na crise, todos estão procurando soluções inteligentes para sair na frente. Então para quem tem algo novo, diferenciado, com bom modelo de negócio, talvez esta seja realmente a grande chance de se colocar no mercado", considera Peixoto.

O empresário Alyson Tabosa é um dos que estão tentando fazer “mais com menos”. O negócio dele é impulsionado justamente pelo desejo de economizar. Ele é diretor do CoteAqui, serviço oferecido pela empresa DUIT que facilita a cotação de materiais de construção, reduzindo custos e prazos de compras. Em pouco mais de um ano a estratégia conquistou um mercado sólido que está entre os mais afetados no momento, a construção civil. Atualmente o site tem 300 construtoras cadastradas em todo o Brasil e mais de 700 fornecedores somente em Pernambuco, entre fábricas, distribuidoras e armazéns.

Diretor do CoteAqui, Alyson Tabosa vê a crise como uma oportunidade de crescimento para sua ferramenta de cotação de material de construção. Foto: Mariana Fabrício/DP/D.A Press.
Diretor do CoteAqui, Alyson Tabosa vê a crise como uma oportunidade de crescimento para sua ferramenta de cotação de material de construção. Foto: Mariana Fabrício/DP/D.A Press.

"A crise do mercado é uma oportunidade, já que economizamos tempo e dinheiro das construtoras e damos acesso a novos clientes para os fornecedores que estão no Coteaqui. O resultado tem sido ótimo, registramos em julho um aumento de 100% no número de orçamentos em relação à média dos meses anteriores", comemora Tabosa. Além do aumento das respostas dos fornecedores, através de orçamentos, em julho o site contabilizou mais de 50 cotações iniciadas pelas construtoras parceiras, enquanto que a média dos meses anteriores era de apenas 16 cotações.

Para o coordenador de inovação do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), Geraldo Magela, da área de Incubação de Empreendimentos (INCUBATEP), o momento é de investir em inovação para conseguir o impulso necessário e passar pela crise se maiores riscos. "Não vejo outra alternativa para as empresas do que enxugar seus custos e melhorar a produtividade. A opção mais adequada é a introdução de ferramentas de tecnologia (softwares; processos inovadores de produção, gestão e vendas, etc) oriundos das empresas de tecnologia", argumenta.

Desaceleração e adaptação
Na visão do diretor da BISA Tecnologia da Informação, Gerino Xavier, não há crise nas empresas, mas uma desaceleração: o mercado já estava superaquecido e agora está se readequando, o que pode diminuir as contratações. "Mesmo sem indicadores que as empresas estejam em crise, estamos vivendo uma no país e não podemos ignorar isso. Há uma frase que diz 'passado o risco, a oportunidade' e por isso a inovação é a mola do desenvolvimento. Se houver uma crise, a inovação deve servir para conviver melhor com ela. Então alguns setores enxergam esse momento como uma oportunidade. Um novo produto que pretende mudar o mercado em curto prazo não é suficiente, mas um serviço que ajude as pessoas a economizarem, sim", aposta.

As empresas que prestam serviço para governos e municípios são as que já estão sentindo maior efeito da crise. "O setor de TI vinha numa crescente de contratação, mas com a desoneração existe previsão de queda. Fizemos um levantamento e algumas empresas estão em recuperação judicial. Além disso, muitos profissionais começam a enviar currículo para o banco de talentos. Então já começamos a sentir os efeitos da crise", diz Ítalo Nogueira, presidente da Assespro/PE e diretor da empresa de tecnologia, CMTec.

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