Sem privacidade: Samsung admite que Smart TVs podem gravar e transmitir conversas de usuários

A praticidade é tentadora: nada de apertar botões no controle remoto, basta apenas dizer em voz alta o comando desejado que o televisor executa a ação. No entanto, essa facilidade pode ter um alto custo para os usuários. Uma denúncia feita pelo site Daily Beast revelou que as Smart TVs da Samsung podem gravar o que está sendo falado e transmitir o áudio para outro local.

O processo é simples: quando o usuário ativa o comando de voz do aparelho, automaticamente dá permissão para que tudo o que for falado perto da televisão seja gravado sem que sequer se saiba disso. “O reconhecimento de voz do usuário, que permite controlar a TV sem utilizar o controle remoto, é uma característica de nossas Smart TVs que pode ser ativada ou desativada pelo usuário. O proprietário da TV também pode desligar o aparelho da internet a qualquer momento”, afirmou a empresa em resposta ao Daily Beast.

O problema está no fato da política de privacidade da Samsung ser bastante explícita quanto a essa situação. A companhia deixa claro no seu site que “palavras utilizadas nos comandos, mesmo que sejam informações pessoais ou confidenciais, serão gravadas e transmitidas a terceiros”, ou seja, as conversas são armazenadas e se não forem criptografadas podem estar ao alcance de qualquer um capaz de acessar essas informações. Por outro lado, a Samsung garante que os dados são criptografados, impedindo a utilização do conteúdo.

Outras Empresas
Embora de forma não tão declarada quanto a Samsung, a política de privacidade de outras companhias também deixa margem para dúvidas. A Apple fala que quando o usuário utiliza o Siri (aplicativo que usa o reconhecimento de voz para executar comandos), “as coisas que você diz serão gravadas e enviadas para a Apple, a fim de converter o que você diz em texto e para processar seus pedidos.

O dispositivo também irá enviar (…) outras informações, como o seu nome e apelido; os nomes, apelidos, e relacionamentos com você (por exemplo, “meu pai”) dos seus contatos…”. Assim como na Samsung, ao fazer uso do serviço, o utilizador concorda que essas informações sejam coletadas e transmitidas.

Da mesma forma, a Microsoft afirma na sua política de privacidade para o Windows Phone 8 que “quando você usa o serviço de reconhecimento de voz no telefone para recursos ou aplicativos habilitados para controle por voz, sejam fornecidos pela Microsoft ou por terceiros,os dados de desempenho e entrada de voz associados à funcionalidade de controle por voz… serão automaticamente enviados à Microsoft para processar e responder à solicitação e aprimorar o serviço de controle por voz. (…) Seus nomes de contato recentes (mas não os números de telefone ou outras informações de contato) também serão enviados à Microsoft…”.

Já a Google tem uma política de privacidade geral para todos os seus serviços, onde explica que não compartilha informações pessoais com empresas, organizações e indivíduos externos à empresa, exceto em uma das seguintes circunstâncias: “Para processamento externo: Fornecemos informações pessoais a nossas afiliadas ou outras empresas ou pessoas confiáveis para processá-las para nós, com base em nossas instruções e em conformidade com nossa Política de Privacidade e quaisquer outras medidas de segurança e de confidencialidade adequadas. (…)Podemos compartilhar informações que não sejam pessoalmente identificáveis agregadas, publicamente e com nossos parceiros…”.

A Motorola, por outro lado, é enfática ao dizer que os seus equipamentos não enviam tudo que você fala para outro lugar. A tecnologia de reconhecimento de voz, baseada no aplicativo Moto Voz, explica que “não é um gravador, portanto, ele não armazena o que ouve. Todo o reconhecimento dos comandos é feito diretamente no aparelho e não fica salvo em outro local ou na nuvem (rede)”.