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Cientistas descobrem como se forma e desenvolve o câncer de pele mais comum

Mecanismos de iniciação e progressão do carcinoma basocelular foram descobertos por uma equipe liderada pela Fundação Champalimaud

Publicado em: 27/01/2025 14:44 | Atualizado em: 27/01/2025 14:47

 (Foto: Freepik)
Foto: Freepik
Nesta segunda-feia (27), a Fundação Champalimaud, que liderou uma equipe internacional de cientistas, revelou que foram descobertos os mecanismos de iniciação e progressão do câncer de pele mais comum nos seres humanos, o carcinoma basocelular.
 
“O estudo, cujos resultados foram publicados na revista científica Cell Discovery, aponta potenciais terapias para prevenir o desenvolvimento do carcinoma basocelular", diz o comunicado da fundação. 
 
"O carcinoma basocelular é, de longe, o câncer de pele mais frequente nos seres humanos", afirmou Adriana Sánchez-Danés, investigadora principal do Laboratório de Biologia do Cancro e das Células Estaminais da Fundação Champalimaud.
 
Sánchez-Danés acrescentou que apesar de ser raro o desenvolvimento de metástases e seja normalmente tratado com uma cirurgia, este tumor pode, em alguns casos, se tornar metastático ou localmente muito agressivo. “Por isso, é tão importante compreender as diferentes fases e etapas que levam à formação, bem como à progressão desta doença", completa.
 
Os cientistas conseguiram identificar na investigação diversos genes cuja expressão estava aumentada, entre os quais o da Survivina, também conhecido por BIRC5, o que mais lhes chamou a atenção. O gene da Survivina se encontra em muitos dos cânceres humanos, tais como o do pulmão, do pâncreas e da mama, mostrando o estudo sobre o carcinoma basocelular que é necessário não só para a iniciação e a formação de lesões pré-neoplásicas, mas também para a sua conversão em cancro invasivo.
 
De acordo com a investigadora da Fundação Champalimaud, esta é a primeira vez que é descrito o seu papel na iniciação do tumor. "Além disso, a descoberta de que a Survivina é necessária para a conversão de lesões pré-neoplásicas em tumores invasivos é relevante, uma vez que pode ser explorada terapeuticamente", disse.
 
Os dados obtidos pelos cientistas ainda mostram que a administração a curto prazo de um inibidor da Survivina leva à diminuição e eliminação de lesões pré-neoplásicas e previne a progressão do carcinoma basocelular. Vários inibidores da Survivina têm sido desenvolvidos e estão atualmente sendo testados em ensaios clínicos.
 
No entanto, o inibidor da Survivina neste estudo era algo tóxico para os animais usados nas pesquisas, o que levou os investigadores a usar como alternativa um inibidor de uma proteína chamada SGK1 ("serum and glucocorticoid-regulated kinase 1), que também impediu que as lesões pré-neoplásicas evoluíssem para um tumor. Os pesquisadores apontam que ambas as estratégias podem ser utilizadas em seres humanos, utilizando-se os inibidores da Survivina como creme a ser aplicado na pele, o que reduz os efeitos secundários.
 
"O nosso principal resultado é que a Survivina pode nos ajudar, no futuro, a evitar a geração de carcinomas basocelulares invasivos. A parte mais interessante do estudo foi descobrir que a Survivina também pode induzir células que são resistentes à formação de câncer a se tornarem competentes nesse sentido. Foi uma descoberta entusiasmante", declarou Sánchez-Danés.
Tags: câncer | pele | saúde | ciência |

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