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DIABETES

Dia Mundial do Diabetes e o papel da alimentação na prevenção e controle da doença

Recente pesquisa do Vigitel Basil revelou que, em 2023, 10,2% dos brasileiros adultos tem diabetes

Publicado em: 14/11/2024 10:56 | Atualizado em: 14/11/2024 11:08

 (Foto: Freepik)
Foto: Freepik
Hoje é o Dia Mundial do Diabetes e a alimentação desempenha um papel muito importante no controle e sua prevenção. A doença crônica, que se caracteriza pela alta dos níveis de glicose no sangue, é uma condição na maioria das vezes silenciosa e que afeta milhões de pessoas no mundo. A data visa conscientizar a população sobre a prevenção, diagnóstico e controle. Uma recente pesquisa do Vigitel Basil revelou que, em 2023, 10,2% dos brasileiros adultos tem diabetes, um amento em relação a 2021, quando índice era de 9,1%. Atualmente, o país ocupa a quinta posição no ranking global de adultos com diabete.
 
Apesar da doença não ter cura pode ser controlada e o controle alimentar é essencial tanto para pessoas que já têm o diagnóstico quanto para aquelas em risco. A nutricionista clínica Carolina Queiroga afirma que a escolha dos alimentos influencia diretamente a taxa de glicose e a resistência a insulina, fatores de risco para o desenvolvimento da doença e consequentemente para o bom funcionamento do organismo. “O diabete pode trazer diversas condições graves, sobretudo se não for controlado e a alimentação tem um papel central. Manter uma dieta equilibrada e saudável é uma das principais estratégias para regular os níveis de glicose e evitar complicações”, diz a especialista.
 
Há dois tipos principais e mais incidentes do diabete: O tipo 1, que é causado pela destruição das células produtoras de insulina, quando o sistema imunológico é afetado por anticorpos que atacam as células que produzem a insulina e atinge cerca de 5 a 10% dos diabéticos, sobretudo crianças e adolescentes. E o Tipo 2, que surge quando o corpo não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia. Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o Tipo 2 e é mais frequente em adultos. Além disso, esta associada ao sobrepeso e ainda à ingestão em excesso de carboidratos refinados, doces, gorduras saturadas além de carnes vermelhas e processadas, de acordo com pesquisas e estudos publicados na The Lancet Diabetes & Endocrinology e no Nature Medicine.
 
Recentemente o ator Antônio Fagundes também divulgou que foi diagnosticado com diabetes tipo 2, o que fez adotar novos hábitos como atividade física regular e mudanças na dieta. O tipo 2 obriga o corpo a lidar com uma situação limitante, mas com o avanço da idade, a situação piora, pois a resistência a insulina é maior e o quadro evolutivo. A incidência aumenta a partir dos 40 anos, em pessoas com sobrepeso, sedentárias, com histórico familiar e, principalmente que tiveram uma má alimentação ao longo da vida. Segundo a especialista, a dieta é uma grande aliada na prevenção e controle da doença. “A alimentação equilibrada, seguindo a risca cuidados necessários com a ingestão de carboidratos, açúcares, carne vermelha e ultraprocessados, resulta no controle do peso corporal, o que repercute inclusive na sua prevenção”, reforça.
 
A nutricionista ainda esclarece uma dúvida comum, que é o consumo de frutas, que contém frutose, mas não está relacionado diretamente ao surgimento da doença. A especialista orienta que consumido com moderação, o açúcar natural das frutas não representa um perigo para a saúde. No entanto, destaca que se houver predisposição a doença e apresentar outros fatores, como sedentarismo, idade avançada e metabolismo lento, pode acarretar em elevações no nível do açúcar. “É possível fazer a ingestão das frutas, mas sem exageros. A prioridade devem ser frutas com baixo índice glicêmico e descartar por completo sucos industrializados. Além do mais, a hidratação diária ganha mais importância, além de trocas inteligentes na dieta”, aponta. 
 
Para pessoas com diabetes, adotar uma dieta equilibrada colabora para evitar picos de glicemia, que podem levar a complicações como problemas cardiovasculares, renais e neuropatias. Alimentos ricos em fibras, como legumes, verduras, frutas com baixo índice glicêmico e grãos integrais são importantes, uma vez que promovem uma absorção mais lenta dos açúcares, ajudando a manter a glicemia estável. As fibras retardam a absorção da glicose e aumentam a saciedade, contribuindo para o controle do peso, outro fator crucial no manejo da doença.
 
Além disso, o consumo de proteínas magras e gorduras saudáveis, presentes em alimentos como peixes, azeite de oliva, abacate e oleaginosas, auxilia no controle da glicemia e reduz os níveis de inflamação no corpo. Essas opções também ajudam a diminuir o risco de doenças cardiovasculares, que são comuns entre diabéticos. Por outro lado, é fundamental evitar o consumo excessivo de carboidratos simples, como pão branco, doces e refrigerantes, que causam elevações aceleradas da glicose e prejudicam o seu controle.
 
No contexto da prevenção, estudos mostram que uma alimentação balanceada, junto a um estilo de vida saudável, pode retardar ou até evitar o aparecimento do diabetes tipo 2, especialmente em pessoas com predisposição genética ou em situações de pré-diabetes. “Manter o peso adequado, reduzir o consumo de açúcar e gordura saturada e praticar exercícios regularmente, dormir bem e diminuir o estresse são medidas que reduzem significativamente as chances de desenvolver a doença”, assegura a nutricionista.
 
A educação alimentar é uma ferramenta indispensável para que pessoas com diabetes ou em risco aprendam a priorizar o que beneficia a saúde. Programas de orientação e acompanhamento nutricional, assim como o conhecimento sobre como cada tipo de alimento que afeta o organismo, são essenciais para promover hábitos mais saudáveis e contribuir para uma melhor qualidade de vida.
 
Vamos falar sobre frutose? 
 
Chamado de açúcar natural, a frutose pode ser encontrada em frutas e vegetais. Não afeta a saúde, pois é feita a ingestão concomitante com fibras, vitaminas e minerais, permitindo a digestão lenta e progressiva da absorção do açúcar. É um alimento nutritivo, que fornece energia e promove a saciedade. A frutose é rica em alimentos como maçã, pêra, manga, uva, mamão, beterraba, cebola, alcachofra, entre outros. Já a sacarose, como em outros tipos de açúcar, o processo de absorção é mais ágil, podendo levar a recorrentes elevações da glicemia. “A frutose e a glicose são monossacarídeos, considerados açúcares simples. Como a frutose é metabolizada pelo fígado, ao ser convertida em glicose, é utilizada pelas células como fonte de energia ou armazenada como gordura. O consumo nas frutas e vegetais, com acompanhamento de alimentos integrais e naturais, a frutose além de fornecer energia para o corpo, atua na absorção de minerais e potencializa o sistema imunológico”, destaca a nutricionista. 

Entretanto, o consumo em alimentos e bebidas ultraprocessados, ricos em frutose, porém sem fibras e outros componentes nutritivos, como refrigerantes, sucos industrializados e biscoitos recheados, pode provocar além do risco de diabetes tipo 2, acúmulo de gordura no fígado, aumento dos triglicerídeos e ácido úrico, probabilidade de doenças cardiovasculares e obesidade. “Devido ao processo de fabricação, os ultraprocessados perdem nutrientes, se tornando produtos com alto teor de frutose. E não pense que o mel pode ser consumido sem moderação. A frutose faz parte do alimento em grande quantidade. E cuidado com os adoçantes, a base de stevia, xilitol e sorbitol”, afirma a nutricionista.
   
A boa orientação é fazer substituições por frutas em menor quantidade de calorias. As porções de frutas ao dia devem integrar um planejamento nutricional. É essencial que os alimentos variados devem ser combinados, para garantir o aporte nutricional. Assim, a elevação de glicemia e a liberação de insulina estarão sobre controle. “A preferência pode ser por mamão, melão, melancia e morango. Já as mais calóricas vale o bom senso, ou seja, o consumo em quantidade menor. Como a laranja contém mais frutose, o consumo diário deve ser com moderação, dependendo do quadro clínico e hábitos pessoais. Por isso, combinar fibras, sementes ou farelos com as frutas, sem deixar de associar fontes saudáveis de gorduras e proteínas vai contribuir para a redução dos índices glicêmicos”, ressalta a especialista. 

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