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ARBOVIROSES

Pernambuco registra aumento nas notificações de arboviroses

Publicado em: 31/05/2021 10:00 | Atualizado em: 01/06/2021 12:23

Infectologista Paulo Sérgio Ramos, chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do Hospital das Clínicas da FPE/Ebserh. (Foto: Divulgação)
Infectologista Paulo Sérgio Ramos, chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do Hospital das Clínicas da FPE/Ebserh. (Foto: Divulgação)
Além das medidas sanitárias e o distanciamento social para ser evitado o contágio da Covid-19 que está em alta no estado, a população de Pernambuco também deve ficar atenta ao crescimento das confirmações de casos das arboviroses. A chikungunya se destaca com o aumento dos casos notificados, em 2021 o aumento foi de 135,8% quando comparado ao mesmo período de 2020.

A dengue, zika e chikungunya além de compartilharem do mesmo vetor da doença, o mosquito Aedes Aegypti, também lembram alguns sintomas que são relacionados ao contágio com o coronavírus. Segundo o chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitária do Hospital das Clínicas, Paulo Sérgio Ramos, o que diferencia o diagnóstico de uma arbovirose para a Covid-19, são os sintomas respiratórios que na última doença se apresentam mais fortes.

"Tosse, coriza, falta de ar, obstrução nasal e dor de garganta são sintomas da Covid-19. Também é possível ter uma arbovirose e o coronavírus simultaneamente, pode haver um desequilíbrio do sistema imunológico", disse o médico.

Os dados divulgados pela Secretaria de Saúde de Pernambuco (Ses-PE), demonstram que a semana 19 - contabilizada de 3 de janeiro de 2021 a 15 de maio do mesmo ano, notificaram 13.316 possíveis casos das três doenças que são transmitidas pelo mosquito. Entre o número total, 1.774 casos foram confirmados de pessoas que contraíram a dengue, zika ou a chikungunya.

Nesse intervalo de tempo, a arbovirose que apresentou mais apresentou aumento nos casos notificados foi a chikungunya, com a soma de 135,8% nas notificações de casos suspeitos. Esse número foi obtido através do comparativo entre os meses de janeiro a maio de 2021 com os dados que foram extraídos no mesmo intervalo de tempo de 2020.
A segunda arbovirose, que mais apresentou aumento nas notificações de casos suspeitos foi a dengue, que teve um aumento de 61,8%. Entre janeiro e maio de 2020, 727 pessoas ficaram sob suspeita de estarem com dengue. Entre os mesmos meses do ano de 2021, o número das notificações ultrapassou a casa dos mil casos notificados chegando a 1.176 casos notificados.

A única das três principais doenças causadas pelo mosquito em Pernambuco que apresentou uma redução foi a dengue. No ano passado, 12.113 casos foram notificados e em 2021, 8.723 notificações foram feitas a redução de casos notificados foi de 28% no comparativo.

Os sintomas também se apresentam de formas e intensidades diferentes, nas três principais arboviroses. Na dengue, a pessoa pode ter febre, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares e vômitos. Nesse caso, os sintomas podem durar de 7 a 10 dias.
Na zika, os sintomas se apresentam de forma mais leve como febre baixa, manchas vermelhas na pele e cansaço. A duração também é mais curta, de 2 a 3 dias. "A doença pode até passar despercebida, tanto que as mulheres que tiveram os bebês com microcefalia não se recordaram de ter tido a zika", disse Paulo Sergio.

Já na chikungunya, os sintomas são quase os mesmos da dengue, febre em temperatura mais alta e dor nas articulações. A duração pode ser de 10 a 14 dias. Existe um teste imunológico para detectar o vírus de uma das três arboviroses e podem ser feitos de 7 a 10 dias após o início dos sintomas.

"Para todas as três não existe um tratamento específico, mas os casos graves de dengue têm um manejo específico, pois têm uma mortalidade muito alta. Alguns pacientes com chikungunya podem ter complicações neurológicas e posteriormente podem apresentar Acidente Vascular Cerebral (AVC), isquemia cerebral, infarto e embolia pulmonar", afirmou o médico.

Como se proteger?


Umas das armas contra o mosquito transmissor é o uso de roupas compridas e repelentes. As soluções mais eficientes contra o mosquito são a icaridina e o N,N-dietil-meta-toluamida, popularmente conhecido como DEET. Esses ativos são encontrados nas fórmulas dos repelentes que mais são eficientes contra os mosquitos.

Há também uma vacina contra a dengue, disponível na rede privada de saúde, a Dengvaxia. Alguns outros estudos estão em fase de teste para dengue, um dos centros de estudos é a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Recife.

"É importante que a população fique em alerta, a gente pode ter uma concomitância nos serviços de saúde. No consultório percebemos um aumento de pacientes com chikungunya", finalizou Paulo Sergio.
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