![Para 56% dos eleitores, o governo Luiz Inácio Lula da Silva está levando o Brasil na direção errada (Crédito: Evaristo Sa/AFP) Para 56% dos eleitores, o governo Luiz Inácio Lula da Silva está levando o Brasil na direção errada (Crédito: Evaristo Sa/AFP)]() |
Para 56% dos eleitores, o governo Luiz Inácio Lula da Silva está levando o Brasil na direção errada (Crédito: Evaristo Sa/AFP) |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aposta em um evento de balanço do governo, nesta quinta-feira, para ajudar a reverter a queda acentuada em sua aprovação. A solenidade, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães — aberta ao público —, dará destaque a resultados positivos na economia e a programas considerados vitrines da gestão, como a gratuidade do Farmácia Popular e o Pé-de-Meia, que paga benefício a alunos do ensino médio que permanecem na escola. A ação já estava programada, mas ocorrerá um dia depois de a Pesquisa Genial/Quaest mostrar novos números negativos sobre a popularidade do chefe do Executivo. Segundo o levantamento, 56% da população reprova a atuação do governo do petista — primeira vez que o índice supera a marca de 50%.
Apenas 41% dos entrevistados aprovaram o presidente. No estudo anterior, divulgado em janeiro, a reprovação estava em 49%, enquanto a aprovação, em 47%. O derretimento ocorre, inclusive, em grupos que historicamente apoiam Lula. No Nordeste, a avaliação positiva caiu de 59% para 52%, e a rejeição foi de 37% para 46%. Entre as mulheres, a desaprovação foi a 53%. Já entre os mais pobres, que ganham até dois salários mínimos, a queda no apoio foi de 56% para 52%, com reprovação subindo de 39% para 45%.
"Parte da explicação para a alta desaprovação do governo está na quebra de confiança do eleitorado com o presidente Lula. Além de não conseguir cumprir as promessas de campanha, cada vez menos gente vê o presidente como bem-intencionado", escreveu nas redes sociais o CEO da Quaest, Felipe Nunes. Entre os eleitores que votaram no presidente no segundo turno, a rejeição é de 26%, ou um quarto do eleitorado de Lula, contra 17% em janeiro.
Outro dado preocupante para o petista é que, também pela primeira vez, a comparação com a gestão Bolsonaro ficou desfavorável: 43% acreditam que o atual governo está pior, contra 39% que avaliam a gestão Lula como melhor. O estudo também dá pistas sobre os motivos da queda. Houve uma grande piora na avaliação econômica desde o início do ano, com 56% dos entrevistados acreditando que o cenário deteriorou nos 12 meses anteriores, contra 39% que tinham essa avaliação em janeiro. Foi o maior salto registrado pela Quaest desde o início do mandato.
Governistas atribuem o impacto na popularidade ao aumento no preço dos alimentos e dos combustíveis. De fato, segundo a pesquisa, 81% dos brasileiros admitem ter menor poder de compra do que um ano atrás, contra 68% que tinham a mesma avaliação em dezembro.
Na opinião de Nunes, melhorar a percepção econômica é fundamental para que o governo reverta o cenário. "Lula terá de fazer um governo diferente do que vem fazendo nos últimos dois anos, se quiser mudar esse quadro tão negativo. Não dá pra continuar com as mesmas soluções se quiser alcançar resultados distintos", enfatizou. O levantamento ouviu 2.004 brasileiros com mais de 16 anos de idade entre 27 e 31 de março, e tem margem de erro de dois pontos percentuais. O nível de confiança é de 95%.
Medidas
A divulgação da pesquisa pegou de surpresa o governo, pelo amplo aumento na reprovação, de sete pontos percentuais, mas apenas confirmou a avaliação de que é preciso reagir e mudar os rumos da gestão.
O evento no Ulysses Guimarães é visto como um marco nesse sentido, usando o mote "O Brasil Dando a Volta por Cima", cunhado pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira.
Lula vai bater em pontos como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 3,4% no ano passado; a taxa de desemprego de 6,6%; e os programas mais populares, como a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e o Bolsa Família.
Segundo o Planalto, o presidente também vai apresentar as medidas programadas para os próximos dois anos. A expectativa é de que parte dos anúncios seja voltada à segurança pública, maior preocupação dos brasileiros atualmente.
Um exemplo é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança, que aumenta a participação do governo federal no setor e dá mais poderes para a Polícia Federal (PF) e para a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O texto ainda sofre entraves na negociação com os governadores e precisa ser enviado ao Congresso.
Outra aposta foca nos celulares. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, enviou a Lula um projeto de lei com o objetivo de aumentar a pena para roubo e receptação de telefones, que está sendo avaliado pelo presidente.