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Política

Entrevista: João Campos diz que terá idade e ''componente de experiência'' nas eleições de 2026

O prefeito recebeu o Diario em seu gabinete, no Palácio Antônio Farias, para fazer balanço do primeiro mandato e projetar próximos anos à frente do Recife

Publicado em: 26/12/2024 17:34 | Atualizado em: 27/12/2024 08:16

 (Foto: Foto: Sandy James/DP

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Prestes a concluir o primeiro mandato e já planejando a segunda gestão, que se inicia em 2025, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), concedeu entrevista para fazer o balanço de 2024 e projetar as expectativas para os próximos anos.

Em entrevista ao Diario de Pernambuco e ao Blog Dantas Barreto, concedida nesta quinta-feira (26), no gabinete da Prefeitura do Recife, João Campos também tratou da reforma administrativa, com a criação de novas secretarias, aprovada na Câmara, e alfinetou o governo estadual.

Apesar de resistir a falar diretamente sobre o assunto, o prefeito também se colocou, pela primeira vez, como uma possibilidade para o governo estadual na eleição de 2026. “Eu vou estar numa posição com um componente de experiência, de mostrar que sei trabalhar, e também tendo idade para isso”, disse.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Balanço
 
Tenho extrema gratidão pela confiança depositada pelo povo do Recife tanto na primeira eleição, em 2020, quanto na renovação, agora, em 24. Quando a gente olha o tamanho da vitória obtida, que foi a maior votação da história da cidade, isso traz um símbolo de confiança no trabalho. E eu só tenho uma forma de retribuir: trabalhando. Acredito que a grande marca desse governo é entregar, em todas as áreas, sem apontar culpados ou buscar justificativa para não fazer.

Na educação, prometi dobrar o número de vagas de creche. Eram 6,5 mil vagas, por 40 anos, e abrimos mais de 6,5 mil novas vagas em três e seis meses. Hoje, há mais de 15 mil crianças matriculadas: é mais do que o dobro. Também são mais de 200 unidades de educação requalificadas e 50% [dos estudantes] do ensino fundamental 2 em tempo integral, outro compromisso nosso. Na alfabetização, saltamos da 21ª, entre as capitais do Brasil, para a 6ª posição.

Vamos fechar o ano com um número próximo a R$ 1 bilhão em investimento em infraestrutura, com 70% das obras na periferia. É um recorde histórico na cidade. São 10 mil famílias protegidas em áreas de risco e mais de 130 grandes obras coletivas. Na saúde, houve uma expansão histórica na atenção básica e a contratação de mais de 3 mil profissionais. Também requalificamos praças, parques e vamos começar a segunda etapa do Parque da Tamarineira no ano que vem. 

Eleições 2026
 
Eu desejo ser o melhor prefeito da história do Recife, trabalhar todo dia pela cidade e fazer o melhor que eu posso fazer. Lá em 2026 [na eleição para o governo estadual], eu vou estar numa posição para tomar uma decisão. A Frente Popular vai ter um projeto, não tenho nenhuma dúvida, para discutir quais são os nomes. Eu vou estar com um componente de experiência, de mostrar que sei trabalhar, e também tendo idade para isso [concorrer]. Mas nenhuma decisão pode ser antecipada para o dia de hoje. Há um tempo grande pela frente. Não tenho dúvida de que cada dia vencido faz diferença. Vai chegar o momento de discutir com o povo do Recife, com a Frente Popular e poder pensar qual é o melhor caminho, não para mim, mas para as pessoas.

Papel do vice-prefeito
 
Não tenho nenhuma dúvida de que ele terá protagonismo. Victor [Marques] é uma pessoa que reúne todas as condições de assumir posições estratégicas dentro da Prefeitura. Na gestão pública, existem duas grandes divisões: a área “meio” – como Planejamento, Administração ou Finanças – e a área “finalística”, como Educação, Saúde e Infraestrutura. Enquanto vice-prefeito, a presença dele já vai estar muito imbuída desse desafio da área meio e também vai assumir a Secretaria de Infraestrutura, que cuida de grandes obras na cidade inteira. Ele é engenheiro e vai poder fazer um grande trabalho. O Recife também vai poder conhecê-lo mais no dia a dia e as pessoas vão ver que ele é um grande quadro. Com talento que tem, é natural que construa uma caminhada cada vez mais forte e sólida.

Reforma administrativa
 
A reforma administrativa foi situada em algumas premissas. Não temos um desejo de modificação do arranjo político, o que estamos construindo são ajustes pontuais de algumas áreas em que era importante ter uma otimização. Lançamos, por exemplo, a Secretaria de Ordem Pública e Segurança porque, após o nascimento da Central de Operações (COPE), identificamos que a gestão do território teria uma nova dimensão. 

Nessa secretaria, estamos juntando a Guarda Municipal, a CTTU e as áreas de controle urbano para ter capacidade de cuidar do território, como um todo. O ajuste administrativo teve esse caráter de priorizar áreas que precisavam de um foco maior ou que podiam ter uma dinâmica mais integrada.

Câmara Municipal
 
Tivemos uma grande vitória nas eleições proporcionais, com uma bancada muito qualificada e preparada. São 15 parlamentares eleitos do PSB, inclusive com votação histórica para Romerinho Jatobá [atual presidente da Câmara], além dos partidos aliados, que somam um quantitativo importante. Se você for olhar no Brasil, as duas câmaras com a maior proporção de único partido são Recife e Maceió, com 40%. É um resultado muito expressivo. Mas o mais importante é ter uma relação harmônica com a Câmara. Sempre existiram vereadores de oposição, inclusive na atual legislatura, com mandatos atuantes e em campos políticos distintos. Da minha parte, o que vai haver é a capacidade de respeito. E espero que também haja uma oposição responsável e respeitosa.

Grande Recife Consórcio de Transporte
 
Não tenho nenhuma oposição a discutir o tema [do modelo de financiamento de transporte público], se ele for pautado. O sistema metropolitano [que atualmente é financiado pelo governo estadual] existe desde 1979, inclusive 14 anos antes de eu nascer, então há uma composição histórica de como ele funciona. São 14 cidades beneficiadas pelo serviço. Naturalmente, se for feita uma rediscussão, que seja justa. Não tem como um município contribuir e o outro não. Não seria certo.

Críticas ao governo estadual
 
Eu espero que aquilo que interfere na vida do Recife seja bem feito. O sistema de câmeras do estado já está sem funcionar há mais de um ano. Não há nenhuma câmera da polícia na cidade. As nossas estão à disposição da polícia, se quiser usar, mas elas existem para atender às nossas necessidades estratégicas, como ver o trânsito, o comércio, a iluminação, a circulação de pessoas. Também existem muitas críticas ao funcionamento dos grandes hospitais [geridos pelo Estado], que terminam sobrecarregando outras redes. Recife tem uma rede própria, inclusive com hospitais, mas a grande maioria dos municípios não tem. Então há uma sobrecarga.

Concessões públicas
 
Logo que assumi a gestão, criamos a Secretaria de Parcerias Estratégicas e fomos buscar os melhores quadros à disposição do serviço público em outros estados. A primeira concessão foi a de 108 relógios, pela qual a cidade recebeu R$ 108 milhões de outorga, com pagamento de 20% à vista. Agora, finalizamos a de placas de rua e fizemos o contrato de concessão de quatro parques, com a operação privada iniciando entre fevereiro e março do ano que vem. O edital do Geraldão também está na rua. O princípio é buscar sempre economicidade. Na prática, é tudo aquilo que desonera o município e a gente pode fiscalizar o serviço. Fica mais barato e nos permite investir esse recurso em outras áreas.

Metas para 2025
 
Vamos continuar a acelerar para fazer com que a decisão tomada no gabinete chegue rapidamente na cidade, como um todo. Ao mesmo tempo, [queremos] um governo de precisão, para focalizar cada vez mais naqueles que precisam. Isto é, investir em barreiras que representam maior risco para um maior número de pessoas, priorizar matrículas para crianças em vulnerabilidade e continuar batendo recorde de investimento.

A gente tem pressa, vamos inaugurar grandes obras, como a ladeira da Cohab, no Ibura, e também começar outras, como a Ponte Cordeiro-Casa Forte, no primeiro semestre do ano que vem. Temos diversas intervenções sendo feitas no Ibura e o acesso, que vai ser duplicado, era a mais requerida por todos. Fiz o compromisso na campanha e já lancei o edital da obra. É uma área de 35 mil m² e o decreto de desapropriação [de imóveis na região] está publicado. Já na Ponte Giratória [que está interditada desde 2023], o prazo de conclusão é março de 2026, mas a nossa expectativa é acelerar para terminar até dezembro do próximo ano.



Tags: João Campos |

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