BAIXA

Silvério Pessoa deixa Secretaria de Cultura de Pernambuco

Publicado em: 21/07/2023 08:00 | Atualizado em: 21/07/2023 20:12

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação
Nas últimas horas da tarde de ontem (20), em uma decisão que surpreendeu a boa parte do meio político e da população como um todo, o músico Silvério Pessoa anunciou a saída do cargo de secretário de Cultura de Pernambuco. O artista foi conduzido para o comando da pasta no dia 1º de janeiro, data da posse da governadora Raquel Lyra (PSDB). No documento divulgado à chefe do Executivo estadual, Silvério ressalta que sai com a sensação de “dever cumprido”.

“Hoje, as minhas primeiras palavras são de despedida e gratidão. Agradeço a confiança pelo convite para o honrado cargo de secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, posição que, com dedicação, ocupei nos últimos meses. Como em todos os ciclos da vida, no entanto, chegou o momento de encerrar essa jornada: sem dúvidas, tempo de aprender, tempo de semear as bases de uma política cultural mais múltipla e democrática no nosso estado. Despeço-me do cargo com o sentimento de dever cumprido e a certeza de ter dado voz a quem muitas vezes está à margem do processo, valorizando nossos artistas e suas mais variadas expressões e linguagens inseridas também nas culturas das periferias”, relata Silvério na carta.

O artista também fez um breve balanço de sua atuação nos pouco mais de seis meses na condição de gestor, citando como exemplos a execução da Lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura e o projeto intitulado “Secult de Andada”, que promove a alfabetização dos mestres do artesanato.

“Decidi dedicar meu tempo agora para minha carreira e, também, para a docência, pois como artista e professor sinto falta dos palcos e da sala de aula. Agradeço ao time da secretaria, que esteve junto comigo nesta jornada, desejando muito sucesso e novas conquistas para os que seguem na missão de mudar Pernambuco. Por fim, agora como artista e pernambucano, seguirei na torcida e sempre à disposição, em outros palcos, em defesa da nossa cultura”, conclui Silvério Pessoa.

A governadora Raquel Lyra fez uma fala em agradecimento ao agora ex-secretário. “Agradeço a Silvério pela dedicação à frente da Secretaria de Cultura e por todo o trabalho de escuta e execução de ações estruturadoras para o setor, incentivando diversas linguagens e expressões culturais e valorizando os nossos artistas”, afirmou.

Com isso, o atual Governo de Pernambuco registra a sua primeira baixa no secretariado, no sétimo mês de gestão.

Especulações
 
Mal foi anunciada a saída de Silvério e, apesar do tom adotado na despedida ser de respeito e comum acordo entre as partes, foram levantadas especulações de que a saída teria sido “forçada”, em virtude de uma possível insatisfação com a organização da 31ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) e as polêmicas em torno do evento. No período de divulgação da festa, houve desgastes entre a gestão do estado e do município sede da festividade. À época, o prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), afirmou que “ficou sabendo da programação do evento pelas redes sociais”, apontando a falta de diálogo entre governo e prefeitura.
 
À reportagem do Diario de Pernambuco, um integrante do governo, que possui fortes ligações com Silvério, desmentiu o boato, ao alegar que o músico deixou o cargo pela recente exoneração de José Edson de Lucena Cisneiros - secretário executivo de Gestão-  membro do alto escalão de sua confiança. “Não houve e não há qualquer crise em nenhuma das secretarias. O que motivou a decisão foram outras questões. A saída foi em comum acordo”, garantiu a fonte, em reserva.

“Essa pessoa era centralizadora, tomava tudo para si e começou a sabotar a Secult e a Fundarpe e tentou, por diversas vezes, obter favorecimento pessoal. Raquel se viu forçada a exonerá-lo na última sexta-feira (14), e toda a equipe ligada a ele pediu para sair na sequência. Silvério ficou bastante abatido com a decisão e no mesmo dia começou a dar indícios de que não iria permanecer”, continuou.

“Ele [Silvério] tinha um apreço enorme por Raquel, fazia questão de elogiá-la e depositava muita confiança na atual gestão, mas deixou claro desde o início que não era gestor, que era artista. Leo Salazar [secretário-executivo de Cultura] tomava a frente das questões burocráticas, sempre em diálogo com o secretário”, pontuou.

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