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ENTREVISTA

PSB tem que 'estender tapete vermelho' para Alckmin, diz Tadeu Alencar

Publicado em: 01/12/2021 18:43

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação
O programa Manhã na Clube, conduzido pelo jornalista Rhaldney Santos, contou nesta quarta-feira (1º), com a presença do deputado federal Tadeu Alencar (PSB-PE). Durante a entrevista que girou em torno de temas políticos de abrangência estadual e também nacional, Tadeu comentou os impactos políticos da recente filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, marcando oficialmente seu retorno ao grupo popularmente nomeado de “centrão” no Congresso. 

Tadeu apontou a contradição do presidente da República, que fez parte de partidos como o PP, por exemplo, que faz parte do centrão, mas se elegeu e iniciou o governo com um discurso contra as práticas e grupos políticos tradicionais, além de anticorrupção, mas agora retorna ao seu “berço” partidário não porque quis, mas por isolamento político. 

O parlamentar teceu críticas ainda ao desempenho do governo Bolsonaro na condução do país durante seu mandato, especialmente no período marcado pela Covid-19, destacando as falhas do governo tanto na área econômica e na gestão da saúde coletiva, quanto em setores como cultura e meio-ambiente. O presidente, segundo Tadeu Alencar, “falhou em tudo ao ter tentado e atentado diuturnamente contra a democracia só pensando no seu projeto de reeleição” e, na sua visão, o povo está sentindo na pele, com inflação elevada, desemprego, miséria”. 

Politicamente falando, a tarefa mais urgente falando tanto para o PSB quanto para todas as outras legendas que têm o estado democrático de direito como valor primordial e se opõem ao atual governo, segundo Tadeu, é escolher um candidato que tenha condições de enfrentar e derrotar Bolsonaro. Na visão do deputado, “esse candidato parece ser o Lula”. Contudo, ele destaca que seu partido só definirá de fato a consolidação ou não de uma aliança com o PT no nível nacional em março de 2021, quando será realizado o congresso do PSB. 

“Tapete vermelho” para Alckmin

Destacando que opinava de forma pessoal, e não falando em nome do PSB, ao ser questionado sobre a possibilidade de filiação do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) ao seu partido, Tadeu Alencar declarou que “se o Geraldo Alckmin quiser vir para o partido, tem que ser estendido um tapete vermelho para ele”.

“Tenho a melhor das impressões do ex-governador Geraldo Alckmin. Quando você olha para Bolsonaro e olha para Alckmin, ele é um príncipe, um cara que tem ponderação”, declarou o parlamentar. Tadeu afirmou ainda que, na hipótese da aliança com o PT se concretizar com Lula como candidato, seria “muito bom” ter alguém com as características de Alckmin na chapa que teria como objetivo derrotar Jair Bolsonaro nas urnas “e depois governar bem o Brasil depois desse período de terra arrasada”.

Tadeu também ponderou que “naturalmente pode ser que as pessoas não entendam bem como é que agora ele estaria se aproximando de seus históricos adversários”, mas afirma que o PSB tem conseguido “atrair bons quadros políticos”, citando como exemplos Flávio Dino, governador do Maranhão, a deputada federal Tabata Amaral e o também deputado Marcelo Freixo, que migraram para o PSB em 2021. 

Pernambuco e a Frente Popular

No que diz respeito às (in)definições do PSB e da Frente Popular, de modo geral, a respeito do nome que será escolhido para concorrer ao comando do Palácio do Campo das Princesas em 2022, Tadeu afirma que também quer ver essa decisão tomada, mas precisa ser tudo no momento certo e que para além do pleito, ainda há a preocupação com o andamento do governo na atual gestão durante todo o ano que vem. 

Contudo, uma garantia oferecida pelo parlamentar é que o PSB terá um nome na urna para a disputa eleitoral. “O PSB tem um legado em Pernambuco e vamos defendê-lo. Vamos ter um candidato”, disse o deputado. No que diz respeito a quem seria essa pessoa, Tadeu diz categoricamente que segue apoiando o ex-prefeito do Recife e atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Júlio, mesmo que ele já tenha dito e repetido inúmeras vezes que não deseja concorrer. 

“Eu defendo que o candidato seja o ex-prefeito do Recife, Geraldo Júlio de Melo Filho, porque foi a primeira pessoa entre nós, os assessores de Eduardo e seus secretários, que ele escolheu para uma tarefa como a de disputar as eleições no Recife, ganhando, naquele momento, das duas maiores lideranças do PT no estado”, afirmou Tadeu. 

O parlamentar informou ainda que manterá esse posicionamento até que se esgotem as possibilidades de tratativas do governador Paulo Câmara, que deve conduzir o processo eleitoral, com o ex-prefeito, para então o partido buscar outra pessoa.

Oposição em PE e a proximidade com Bolsonaro

Questionado sobre como enxerga a movimentação das forças de oposição que de mobilizam para formar mais de uma chapa, ao que tudo indica, para concorrer ao governo de Pernambuco, Tadeu Alencar afirmou que vê, no horizonte, dificuldades para políticos que têm, em sua trajetória política, alguma proximidade com o governo Bolsonaro. O motivo: a situação da vida das pessoas, especialmente em estados mais pobres, como é o caso de Pernambuco, torna o presidente um péssimo cabo eleitoral na região. 

“A candidatura de Lula vem amalgamando muito apoio justamente porque quando se compara a vida que era no governo Lula e a vida em Bolsonaro, Lula esta muito presente no imaginário da população. Alguns nomes na oposição têm uma ligação próxima com Bolsonaro”, disse o deputado.

Na visão do parlamentar, alguns nomes de destaque na oposição podem sofrer com esse problema como, por exemplo, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), cujo pai, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), é líder do governo no Senado Federal, e o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, que é o presidente estadual do PL, partido que Bolsonaro escolheu e ao qual se filiou na última terça-feira (30). 

“O prefeito Miguel Coelho, quadro político de uma cidade importante como Petrolina, tem feito uma boa gestão, (mas) ele tem uma proximidade com o governo Bolsonaro que vai tirar muito do discurso que teria de proximidade com a população. O Senador Fernando Bezerra Coelho é um parlamentar que eu respeito, mas a política exige posicionamento, ele está no governo Bolsonaro, é líder do governo, vai ficar difícil chegar em Pernambuco e dizer que não tem muito a ver com esse desastre que é o governo Bolsonaro”, disse o deputado.
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